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Medidas atendem pressão de prefeitos

postado em 09/07/2013 11:23

Padilha (acima) e integrantes da base aliada (abaixo) participaram da cerimônia no Planalto:

Ciente da polêmica em torno das principais medidas do programa Mais Médicos, lançado ontem, a presidente Dilma Rousseff decidiu comprar a briga em torno da contratação de profissionais estrangeiros e do ciclo obrigatório de dois anos que será introduzido nos cursos de medicina públicos e privados em todo o país, levando os estudantes a atuar na atenção básica de saúde no interior do país.

Lançado sob a forma de medida provisória, o programa já sofre pressões das entidades representantes da classe médica. ;Não se pode obrigar um médico que prefere viver na capital a ir para o interior, não se pode fazer isso, mesmo que possamos oferecer toda a estrutura necessária e uma boa remuneração;, disse Dilma, ontem, durante o lançamento do programa. ;Mas nós precisamos admitir, honestamente, que algo deve ser feito para que todos os brasileiros tenham direito a um médico e é disso que se trata, se trata de garantir que todos os brasileiros tenham acesso a um médico;, defendeu a presidente. De acordo com Dilma, até que a leva de estudantes que preencherão as prometidas 11,4 mil novas vagas em cursos de medicina em todo o país se forme, o governo precisará dar uma resposta mais rápida para aumentar a oferta desses profissionais nas regiões mais carentes. Daí a necessidade de contratar médicos fora do país.

As medidas foram, em grande parte, elaboradas em virtude da forte pressão dos prefeitos em relação ao financiamento da assistência médica nos municípios e às dificuldades de atrair profissionais para regiões distantes das capitais. Para os gestores municipais, mesmo quando oferecidos grandes salários, os médicos não aceitam o trabalho em cidades do interior. ;O Conselho Federal de Medicina diz que não faltam médicos, mas que o problema é na distribuição deles. O problema é que buscamos médicos, mas não conseguimos. Daí a importância do programa para solucionar esse impasse;, disse o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati.

Exterior
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou que será dada prioridade para os médicos que forem atraídos pelo chamamento público do governo para suprir a necessidade de profissionais no interior do país e na periferia das grandes cidades. Só depois, garantiu o ministro, serão aceitos médicos do exterior.

;Não vamos nos furtar a fazer exatamente o que outros países do mundo fazem, que é buscar estrangeiros quando não temos médicos brasileiros em número suficiente para preencher essas vagas. Esse tema não pode ser um tabu no Brasil;, argumentou Padilha.

Com a medida, a presidente busca uma resposta mais rápida a uma reivindicação comum nas manifestações que tomaram conta do país pela melhoria na qualidade dos serviços públicos de saúde. ;Nós sabemos que o povo pobre que vive nas áreas mais carentes e remotas deste imenso Brasil quer um médico próximo e acessível, quer um médico para aqueles momentos difíceis em que eles precisam ter alguém a quem recorrer. O povo pobre quer que lhe seja garantido um dos direitos humanos mais primordiais: o direito à saúde, o direito à saúde pública, o direito de ser recebido, atendido, examinado por um profissional;, afirmou Dilma.

Ao lado do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, Padilha se dedicou a rebater as críticas contra o segundo ciclo obrigatório que será implementado nos cursos de medicina a partir das turmas iniciadas em 2015. O ministro nega, por exemplo, a possibilidade da procura pelo curso diminuir com o tempo de formação maior. ;Em nenhum país o segundo ciclo reduziu a demanda por medicina;, disse Padilha, ao argumentar que o contato dos formandos com a realidade do interior do país deve contribuir para uma maior humanização na medicina no Brasil. ;Daremos a prioridade para os brasileiros, mas o nosso objetivo é garantir assistência à população. Antes de tudo, o médico deve ser especialista em gente;, disse o ministro. Para Mercadante, a proposta foi bem recebida no meio acadêmico. ;Vamos permitir um bom debate no Congresso;, afirmou.

Padilha ainda negou a possibilidade de a contratação de profissionais estrangeiros reduzir a qualidade do atendimento médico no país. ;Não temos preconceito. Se tiver médicos bem formados que queriam atender nossa população onde não conseguimos preencher vagas com brasileiros, vamos buscar atrair médicos formados em outros locais do mundo;, completou o ministro.

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