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Depois dos alimentos, o 4X4

Município se desenvolveu com o processamento da produção agrícola e agora integra o setor automotivo

postado em 19/08/2013 08:00
A Suzuki investiu R$ 150 milhões para iniciar a produção do Jimmy (Breno Fortes/CB/D.A Press)
A Suzuki investiu R$ 150 milhões para iniciar a produção do Jimmy

Avenidas e outros sinais dos novos tempos convivem com cenas bucólicas (Breno Fortes/CB/D.A Press)
Avenidas e outros sinais dos novos tempos convivem com cenas bucólicas


Itumbiara (GO) ;
Quem chega ao próspero município de 100 mil habitantes, no sul de Goiás, não tem dúvidas da importância do campo e da agroindústria para a economia local. Os gigantescos armazéns de grãos e as imponentes usinas de açúcar e álcool abraçam toda a cidade. No comércio local, as empresas dedicadas ao agronegócio parecem inspiradas na pujança do interior paulista e no Triângulo Mineiro, mas ainda convivem com nomes nostálgicos, como Açougue do Careca e Alfaiataria do Bigode.

É nesse cenário, em Itumbiara (GO), que o setor automotivo fincou recentemente uma bandeira, impulsionando a tendência de diversificação da indústria no interior do país. A montadora japonesa Suzuki constrói, a toque de caixa, uma ampla unidade na cidade que representa o terceiro vértice do triângulo metal-mecânico de Goiás, com Anápolis e Catalão. Foram investidos R$ 150 milhões na unidade, e a expectativa é de que a mudança das instalações provisórias da fábrica para a definitiva, vizinha de grandes indústrias de alimentos, ocorra até janeiro.

Nesse meio tempo, a empresa acena com a possibilidade de compartilhar a produção do veículo compacto 4x4 Jimny com a fábrica da Mitsubishi em Catalão. As duas marcas são representadas no Brasil pelo grupo MMC, do empresário Eduardo Souza Ramos e do BTG Pactual. O primeiro lote de produção do modelo será de 250 unidades e a capacidade inicial, de 7 mil carros por ano, volume que poderá subir gradualmente. Procurada, a Suzuki não permitiu visita às suas instalações na cidade nem ofereceu porta-vozes, alegando compromissos operacionais.

De olho na crescente procura por mão de obra qualificada e pelas oportunidades geradas pelos investimentos em ampliação e novas fábricas, os jovens do município procuram definir seus alvos profissionais desde cedo. São cursos práticos e objetivos, de seis meses em média, de segunda-feira a sábado, com cinco horas. ;Escolhi o curso de redes porque é uma das opções para indústrias de ramos diferentes. Além disso, a formação técnica me garante inserção rápida no mercado profissional;, conta Eduardo Antônio de Souza Filho, de 17 anos.

Aline Fonseca e os colegas no curso técnico de açúcar e álcool: emprego garantido mesmo antes do diploma (Breno Fortes/CB/D.A Press)
Aline Fonseca e os colegas no curso técnico de açúcar e álcool: emprego garantido mesmo antes do diploma


Aline Alves Fonseca, 21, e Gislaine Cantologo, 23, colegas da turma de produção industrial de açúcar e álcool, vinculada a uma grande empresa do setor, estão interessadas em ingressar em uma atividade já consolidada na região. ;Não era bem o que queria, mas o emprego garantido me atraiu;, diz Aline. ;Como tenho curso técnico na área pelo Instituto Federal de Goiás (IFG), queria continuar investindo nela. Pretendo ainda fazer engenharia química;, revela Gislaine.

Mais salas de aula

Diante da grande procura de empregadores e de candidatos a empregos garantidos nas grandes empresas do município, boa parte multinacionais, a sede do Serviço Nacional de Aprendizagem da Indústria (Senai) contabiliza 6 mil matrículas, o dobro do último ano, enquanto amplia o número de salas e convênios com empresas.

;Praticamente todos os alunos saem daqui com emprego. Muitos começam admitidos pela indústria e vêm para cá se habilitar para a função;, conta Claiton Cândido Vieira, diretor da escola.

As áreas de açúcar e álcool e manutenção de máquinas agrícolas, além da educação de adultos, continuam sendo o carro-chefe da unidade, mas a indústria automotiva já recebeu novas salas e laboratórios. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), do governo federal, também abriu novas frentes de treinamento e qualificação, com auxílio de alimentação e transporte.

Para dar conta da procura, o Senai goiano investiu em três unidades móveis de solda, manutenção industrial e reparos em máquinas agrícolas. ;Aqui, só não trabalha quem não quer; é a frase mais ouvida em Itumbiara.


7 mil
carros por ano é a capacidade inicial da Suzuki em Itumbiara

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