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Vigilância robótica

Utilizando tecnologias já disponíveis no mercado, como sensores de movimento kinect, pesquisador da USP desenvolve equipamento capaz de identificar intrusos, persegui-los e emitir sinais de alerta

postado em 19/08/2013 16:00

Correa realiza testes no robô vigilante: custo de produção estimado em R$ 15 mil (Fernanda Vilela/Divulgação)
Correa realiza testes no robô vigilante: custo de produção estimado em R$ 15 mil


Imagine um vigia que não pode ser ferido, não tem medo de perseguir um ladrão, avisa imediatamente o dono da casa ou do estabelecimento de qualquer tentativa de roubo e ainda filma toda a ação. Pois o estudante da Universidade de São Paulo (USP) Diogo Correa não só imaginou como está construindo um. O aluno de computação desenvolve um projeto de robô-vigilante que, munido de câmeras e sensores de movimento e de calor, poderá realizar todas essas funções.

Correa resolveu estudar o tema durante o mestrado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) em São Carlos após notar que projetos parecidos com o que ele tinha em mente precisavam de adaptações para ter um desempenho melhor. ;Existem neste meio robôs vigilantes que possuem só sensores no ambiente, o que é algo caro; e outros que são operados pela internet, mas não são um produto autônomo. Quis realizar um projeto que resolvesse esses problemas;, destaca o criador.

O equipamento desenvolvido por ele utiliza sensores kinect (popularizados em videogames) que possuem três lentes: uma câmera RGB, um emissor e um sensor infravermelho, que são usados para calcular a distância e a profundidade. Dessa forma, o robô visualiza o espaço em que está inserido e consegue se movimentar dentro do ambiente sem se chocar com outros objetos. A máquina também conta com uma câmera térmica, que ajuda a identificar pessoas pelo calor. ;Unindo as duas tecnologias, conseguimos fazer uma identificação mais certeira. Por exemplo, se o intruso estiver fora do ângulo de visão da câmera térmica, o kinect pode fazer essa identificação, pois ele traça um mapa do local onde o robô está;, detalha.

O pesquisador explica que juntar as duas tecnologias foi uma maneira de tornar a visão do robô ;sem brechas;. ;A lente da câmera térmica tem um ângulo de abertura menor, reduzindo o campo de visão. Busquei fazer com que isso não prejudicasse o monitoramento. Por isso, usamos também a câmera infravermelha, pois, mesmo no escuro, ela pode localizar invasores.;

Outra tecnologia utilizada é chamada de follow me, expressão em inglês que significa siga-me. Ela permite que o robô persiga um objeto ou uma pessoa que esteja se movendo, recurso conquistado também com a ajuda dos sensores kinect. ;Isso pode ser bastante importante quando algo ou alguém precise ser seguido, de um espaço a outro, para monitorar os movimentos constantes do invasor;, destaca o inventor. Uma preocupação adicional é com relação à mobilidade do equipamento, que pode girar completamente. ;A estrutura nós compramos de uma empresa. Ela é feita de ferro mesmo, tem quatro rodas e consegue girar no próprio eixo, o que facilita a visualização dos softwares;, destaca Correa.

Mais segurança
Além dos recursos que o robô já possui, o cientista pretende, futuramente, aperfeiçoar o projeto, fazendo com que as imagens captadas sejas visualizadas em um computador. ;A ideia é que ele possa processar ou enviar as informações para um PC. Funcionando de forma autônoma, ele trará mais segurança, permitindo que uma pessoa fique protegida em uma cabine enquanto o ambiente é monitorado. Outro recurso que pretendo acrescentar no futuro é uma espécie de alerta, que acione quando o sensor identificar alguém ou algum objeto suspeito;, completa.

Correa adianta que o custo do robô será baixo, em comparação a produtos semelhantes. ;O projeto do jeito que está atualmente custaria em torno de R$ 15 mil. Mas acredito que a tendência seria torná-lo mais barato;, declara. ;Caso, futuramente, ele seja industrializado, com certeza esse valor pode cair, até porque não utilizamos sistemas muito complexos;, completa.

Para Alcy Rodolfo Carrara, professor do curso de engenharia mecânica na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o projeto se destaca justamente por usar recursos que possam ser mais baratos. ;A utilização de sensores como os de videogames mostra que a estrutura não é tão complicada e não exige equipamentos de grande valor;, analisa. ;Outro destaque é que não vemos tantos projetos assim no país. Com certeza, os Estados Unidos são os maiores produtores de robôs na área de segurança;, acrescenta.

O professor ressalta ainda a junção de recursos no projeto. ;Usar tecnologias que se completam, como o kinect e as câmeras, fazem com que o projeto seja mais eficiente, fora que trabalhos como esse podem facilitar a vida de quem trabalha em ambientes hostis, propensos a roubo, e que podem correr riscos de vida durante um assalto. Esse robô pode poupar problemas desse tipo;, acrescenta.

O autor da ideia reforça que uma de suas maiores preocupações é trazer mais segurança às pessoas. ;O ato de identificar intrusos, desviar de obstáculos e perseguir um alvo, ainda mais no escuro, poder ser feito com o auxílio dos sistemas de visão computacional. Seria de grande valia para garantir a segurança das pessoas mantê-las longe do perigo;, declara.

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