Carolina Mansur
postado em 27/08/2013 16:00
Mesmo com a economia fraca, o comércio varejista deve gerar 123 mil vagas temporárias, no fim deste ano, visando as vendas de Natal, segundo estimativa divulgada ontem pela Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar de positivo, esse número, de acordo com a entidade, vai representar um crescimento de apenas 1,8% nas contratações provisórias , praticamente a metade dos 3,1% de aumento registrados no mesmo período do ano passado, em relação a 2011. Cerca de 10 mil dos postos de trabalho devem ser criados no Distrito Federal, conforme avaliação da Câmara de Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF). De acordo com o economista responsável pela pesquisa da CNC, Fábio Bentes, a desaceleração do mercado de mão de obra temporária será uma consequência natural do enfraquecimento do movimento nas lojas. O volume de vendas, segundo o estudo, deve crescer ao redor de 4,5%, ante os 8,1% registrados em 2012. Na avaliação de Bentes, o ritmo mais lento reflete a recomposição das alíquotas do IPI de produtos como móveis e eletrodomésticos, e a inflação generalizada, que reduz poder de compra dos consumidores. ;Só no primeiro semestre, os preços no varejo aumentaram, em média, 8%. Em 2012, a alta foi de 3,5%;, observou.
O presidente da CDL-DF, Álvaro Silveira Junior, acredita que o comércio brasiliense deve crescer entre 3,5% e 6% em 2013, depois de amargar resultados ruins na primeira metade do ano. ;Pelo cenário atual, será extremamente satisfatório. Se no primeiro semestre ficou em zero, foi bom;, disse ele.
Para Bentes, da CNC, outro fator que deve influir nos resultados é a acomodação do mercado de trabalho. ;Desde maio, não observamos uma melhora na taxa de desemprego;, disse. O economista lembrou que o encarecimento do crédito, em função da alta de juros, acaba afastando os consumidores.
A alta do dólar também surge como problema para as contratações, já que os importados, que respondem por boa parte das vendas, devem subir de preço e ser menos procurados neste segundo semestre. ;Este não será mais o Natal do eletrônico, mas, sim, o do vestuário, que é menos afetado pelo câmbio;, resumiu Fabio Bentes.
De acordo com o estudo da CNC, os setores mais sujeitos à variação cambial já diminuíram a expectativa de contratação de funcionários. Os ramos de informática e comunicação e de artigos de uso pessoal devem ter quedas de 0,1% e 1,1%, respectivamente, na geração de vagas temporárias este ano.
Segundo a pesquisa, o setor de vestuário desponta como o maior contratante e deve responder por 56,5% das 123 mil vagas, seguido por hiper e supermercados, com 22,5%. Conforme Bentes, as contratações devem acontecer entre setembro e novembro, e um em cada oito funcionários deve ser efetivado. ;Antes, o índice de absorção dessa mão de obra era de 15%; este ano será de 12%. Como contratar é caro, o empresário está mais cauteloso;, disse ele.