Se você é um daqueles homens que acreditam que roupa deve ser uma preocupação exclusivamente feminina, está na hora de rever esse conceito. No mundo corporativo, o vestuário adequado pode garantir a próxima alavancada na carreira. É o que mostra pesquisa feita este ano pela empresa de recrutamento executivo Robert Half. O levantamento, que incluiu 1.175 diretores em 19 países, revela que 50% dos executivos consideram que essas escolhas podem afetar as chances de o funcionário conseguir uma promoção. No Brasil, 22% dos diretores entrevistados dizem que as roupas influenciam bastante nas chances de um profissional galgar a próxima etapa na carreira.
No caso dos homens, a preocupação com a aparência ainda é um tema sensível. ;O machismo está muito presente dentro do mercado de trabalho e afeta tanto os homens quanto as mulheres. Os homens até erram menos no vestuário porque contam com menos opções, mas também não demonstram se importar com isso, pois têm medo de serem alvo de brincadeiras;, avalia a gerente sênior da Robert Half Daniela Ribeiro.
O advogado Gustavo Mendes, 32 anos, confessa que alimentava um certo preconceito com os homens que se preocupavam com o guarda-roupa. Entretanto, como a profissão exigia looks mais formais, ele se convenceu a procurar uma consultoria. ;O preconceito só diminui depois, quando a gente vê a dificuldade de aprender a se vestir para o trabalho. Na minha profissão, tenho que aparentar seriedade e confiança, e foi aí que percebi que precisava de ajuda. Hoje, sei que todo mundo deve se preocupar com o vestir, pois a primeira coisa que as pessoas consideram ao conhecer alguém é a aparência;, afirma.
Menos é mais
Por mais que as mulheres tenham opções de vestuário, o guarda-roupa masculino também provoca muitas dúvidas. Fica difícil decidir entre os diversos tipos de terno, gravatas, combinações de meias e sapatos, qual o look ideal para o escritório. Para a consultora de moda masculina Clarice Dewes, passar uma imagem profissional no ambiente de trabalho é simples: basta apostar em roupas formais, como sapatos sociais, blazers e peças de alfaiataria. Devem ser abolidas do escritório camisas com botões abertos, calças muito folgadas ; que deixam peças íntimas à mostra; ou muito apertadas. Tênis esportivos, então, nem pensar.
Muitos homens também parecem não se importar com detalhes que podem comprometer a elegância, como calças amassadas ou com a marca do ferro de passar, meias furadas e cintos e sapatos gastos. De acordo com Clarice, esses detalhes podem passar a ideia de um profissional preguiçoso e desleixado. ;A roupa não deve chamar mais atenção do que o intelecto e o trabalho que a pessoa desenvolve dentro da empresa. O funcionário também tem que ter a cara da companhia. Então, se a instituição ou o cargo é mais formal, é preciso ser sóbrio e escolher peças que passem seriedade;, aconselha a especialista.
Sem cair na mesmice
Arrumar-se para ir ao trabalho não significa abdicar do próprio estilo ou cair na mesmice. No caso dos homens, as queixas, em geral, recaem sobre a clássica combinação de terno e gravata. Eles justificam o descontentamento dizendo que se sentem sufocados, ou que sofrem com o calor do verão.
Para a consultora de imagem Karol Stahr, se não há uma determinação específica para uso de costume ; calça e paletó ; no ambiente de trabalho, os homens podem seguir caminhos alternativos. ;Muitos clientes chegam reclamando da alfaiataria. Mas trocando o blazer pela parca, alternando a camisaria tradicional pelas camisas mais finas ou pólos, fica fácil diversificar. O jeans também não precisa ser abolido do armário, desde que tenha lavagem escura;, considera a especialista. A camisa social, nesse caso, é indispensável.
De acordo com Karol, os homens devem estar sempre atentos, também, à paleta de cores. Portanto, nada de laranja ou verde-limão no ambiente de trabalho. ;Ao se escolher cores mais claras e estampas clássicas, como listras, fica mais fácil fazer combinações depois. Quando o homem quiser colocar a gravata, é só usar um tom mais escuro que o da camisa;, sugere.
O arquiteto Arnaldo Pinho, 29 anos, tinha dúvidas em como manter a sobriedade exigida pelo ambiente de trabalho sem abdicar do estilo. ;A arquitetura é uma profissão mais artística, e isso nos dá mais liberdade para compor o look. Mesmo assim, eu queria ter um guarda-roupa mais formal, que demonstrasse seriedade para meu cliente, mas tinha medo de parecer muito engomadinho;, comenta. Ele decidiu optar por calças sociais em vez dos jeans no trabalho. ;Como o jeans é mais despojado, preferi deixá-lo para os fins de semana. Acho que vale a pena apostar nessas peças mais formais para demonstrar profissionalismo;, comenta.
Para aqueles que temem cair na mesmice, a dica é optar por acessórios, como relógios e cintos. Sapatênis e sapatos sociais devem estar sempre limpos e engraxados. As meias estão mais democráticas: podem ser estampadas, desde que não destoem muito do look geral. No caso do terno completo, a meia deve ser da cor da calça ou do sapato. E, por mais que o homem não viva sem um toque de diversão no conjunto, não é recomendado usar gravatas berrantes ou com estampas de desenhos.
Renovar, sempre
José Eduardo Teixeira, 38 anos, é servidor público há um ano. Ele se preocupava em ter que investir muito em um guarda-roupa inteiro com peças de alfaiataria. ;Por incrível que pareça, ela (a consultora) me indicou coisas básicas que davam para combinar com coisas mais baratas. Deu para aproveitar muito do que eu tinha em casa;, conta.
A consultora de moda Karla Beatriz explica que o investimento nas peças deve levar em consideração quantas vezes elas serão usadas. ;Não adianta investir em um terno muito barato e com material ruim, por exemplo. A gente tem que pensar na relação custo-benefício. Quantas vezes você pode desmembrar esse terno e combiná-lo com outras peças? A ideia é que você faça combinações e crie diversos looks;, detalha.