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A pipoqueira do Santo Antônio

Empreendedora conseguiu comprar carro, casa e sustenta os filhos apenascomo faturamento das vendas de pipoca

postado em 02/09/2013 11:57
Carla trabalha há 11 anos em frente a dois colégios na Asa Sul e conquistou clientela cativa no localQuando começou a vender pipoca na porta do Colégio Santo Antônio, na Asa Sul, Ana Carla Borges, 37 anos, tirava apenas o dinheiro da passagem. Seguiu o exemplo do tio, que trabalhava no mesmo local, à noite. Apenas seis meses depois, Carla conseguiu a confiança da clientela e finalmente comprou o próprio carrinho. Antes, usava um emprestado. Hoje, vende cerca de 70 saquinhos por dia,compreços que variam de R$ 2 a R$ 3. Também tem pipoca vendida a preço simbólico e servida nasmãos das crianças mais novas. ;Aqui pode faltar de tudo, só não falta pipoca na mão;, conta. Na saída das aulas, por volta do meio-dia, a criançada começa a chegar. ;Eu nem imaginava que ia dar certo;, relata.

Carla também vende balinhas de todos os tipos, além de água e refrigerante, e renova o estoque todas as sextas-feiras. Ela conta que as próprias crianças começaram a pedir os doces e, a cada dia, ela comprava uma nova variedade, até completar uma extensa mesa de opções para os pequenos.

veio do Piauí para Brasília há 20 anos. O primogênito ficou por lá, pois não se adaptou à capital federal. Mas os outros três moram com ela em Santo Antôniodo Descoberto (GO), na casa que sustenta sozinha, apenas com o dinheiro do negócio próprio. Há três anos, a pipoqueira conseguiu comprar um carro. Agora, não precisa mais andar de ônibus carregando as caixas pesadas com os produtos da venda.

Mãe coruja

A dedicação aos meninos foi o que a fez deixar o emprego de empregada doméstica para vender pipoca pela primeira vez, há 11 anos. O trabalho anterior não dava condições de ela levar e buscar as crianças na escola todos os dias. Desde que começou a vender pipoca, ela sai de casa às 6h, deixa os meninos na escola em Samambaia e segue para a Asa Sul. De segunda a sexta-feira, das 10h às 15h, o carrinho cheio de pipoca e a mesa de doces ficam próximos a dois colégios, o Santo Antônio e o Sigma. Mas não foi sempre assim. No início, Carla precisava ficar longe dos colégios, porque não tinha permissão para estacionar perto da entrada. Com o tempo, conquistou a confiança de pais, alunos e funcionários e conseguiu parar mais próximo, quase na saída de um dos estabelecimentos.

Além da confiança, ela conquistou a amizade de muitos pais. ;Foi isso o que me fez continuar. Não penso em arrumar outro emprego;, afirma. Quatro anos atrás, recebeu a prova desse carinho. Carla sofreu um acidente grave: o botijão de gás do carrinho de pipoca explodiu e ela teve queimaduras de segundo grau no rosto, no peito e nas mãos. Passou quatro meses em tratamentono Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) e, consequentemente, sem poder trabalhar. Chegavam a sua casa sacolas cheias de filtro solar doadas pelos pais das crianças. O produto com o fator de proteção ideal era caríssimo e, sem trabalhar, Carla não teria condições de arcar com os custos. Graças ao apoio de todos, ela não teve nenhuma sequela do acidente. Hoje, não esconde a felicidade e a satisfação com o sucesso do negócio. ;Sorrir é comigo mesmo. Se eu pudesse, sorria o tempo todo!”, brinca.

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