postado em 05/11/2013 16:00
O Kepler 22b, um dos planetas descobertos na zona habitável de uma estrela diferente do Sol: corpos assim parecem ser mais comuns do que se imaginava |
A sonda Kepler, usada para caçar exoplanetas, antes de ser lançada: desativada este ano |
Planetas semelhantes à Terra podem ser muito mais comuns do que se imaginava, aponta uma nova análise feita por astrônomos da Universidade da Califórnia e da Universidade do Havaí. Segundo o estudo, uma em cada cinco estrelas parecidas com o Sol na Via Láctea (e há dezenas de bilhões delas) tem em sua órbita um mundo potencialmente habitável. A descoberta dá novo impulso à busca por formas de vida extreaterrestre.
O levantamento é baseado em dados colhidos pela sonda Kepler, enviada ao espaço em março de 2009 para procurar os chamados exoplanetas, aqueles que orbitam estrelas diferentes do Sol. Recentemente, devido a problemas técnicos, o equipamento teve sua missão encerrada, mas deixou à disposição inúmeras informações que permitiram a realização da nova pesquisa, publicada na edição de hoje da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
Para chegar a essa animadora conclusão, os especialistas criaram um modelo estatístico de quantos objetos têm as dimensões e a temperatura ideais entre as 100 bilhões de estrelas da galáxia. Eles estudaram 42 mil estrelas da Via Láctea um pouco menores e mais frias que o Sol, e encontraram 603 planetas orbitando em torno delas. Desses, 10 tinham dimensões similares às da Terra e circulavam seus astros a uma distância ideal ; nem muito perto nem muito longe ; para ter temperatura superficial agradável.
;Isso significa que a estrela mais próxima com um planeta do tamanho da Terra girando em sua zona habitável está, provavelmente, a apenas 12 anos-luz de distância. Ele pode ser visto a olho nu, e isso é incrível;, afirma, em um comunicado à imprensa, Erick Petigura, coautor do trabalho e pesquisador da Universidade da Califórnia em Berkeley.
Missões futuras
Os números obtidos a partir das observações do Kepler poderão servir de referência para o planejamento de novas missões e para a construção de telescópios mais potentes. As próximas pesquisas devem fornecer os dados necessários para confirmar se esses planetas são mesmo semelhantes à Terra. Pois, além da distância que os planetas têm em relação às suas estrelas e do tamanho dos objetos, o surgimento da vida depende de vários outros fatores como a espessura da atmosfera, a radioatividade, a existência de água e a composição do planeta.
;A grande diferença é que não sabemos a massa desses planetas. Nós só sabemos que eles têm o tamanho da Terra. Mas não sabemos se outros planetas detectados pelo Kepler têm a mesma densidade e, portanto, a mesma composição;, lamenta Andrew Howard, terceiro autor do levantamento e astrônomo da Universidade do Havaí em Manoa.
Com a tecnologia atual, é difícil estimar essas características a anos-luz de distância. Na semana passada, um estudo do qual Howard participou conseguiu, pela primeira vez, calcular a densidade de um planeta de potencial habitável. As observações indicaram que o Kepler 78-b pode ter uma composição similar à da Terra, com um núcleo metálico e rochoso. No entanto, o objeto orbita tão próximo ao seu sol que tem temperatura superficial estimada em 2 mil graus, e provavelmente está coberto de lava.
;Para essa descoberta, realmente levamos o telescópio ao seu limite;, ressalta Howard. Nesse estudo anterior, a equipe contou com a ajuda dos telescópios Keck, no Havaí, os mesmo que têm servido de ferramenta para obtenção de dados mais detalhados sobre os planetas Kepler, e do novo buscador de planetas de alta precisão HARPS-N, do Telescópio Nacional Galileo, no Observatório Roque de los Muchachos, na Espanha.