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Ajuda dos céus para melhorar o trânsito

Pesquisadores da USP e da Unicamp adaptam pequeno modelo de helicóptero não tripulado para auxiliar no monitoramento do tráfego urbano. O equipamento pode ser útil também no socorro às pessoas afetadas por enchentes

postado em 11/12/2013 14:00
O microcóptero usado nos testes: capaz de coletar e enviar imagens por meio de rede sem fio (Fernanda Vilela/Divulgação)
O microcóptero usado nos testes: capaz de coletar e enviar imagens por meio de rede sem fio

Ficar preso em engarrafamento por conta de uma batida é algo que tira do sério muitos motoristas todos os dias. Um projeto feito em parceria por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) busca minimizar esse problema, ao fornecer uma forma de os responsáveis pela gestão do tráfego nas cidades acompanharem melhor o que acontece nas ruas. Os especialistas desenvolveram um microcóptero ; pequeno veículo aéreo não tripulado ; munido de câmeras e sistemas de comunicação que colhe imagens das rodovias e as envia para as equipes de terra por meio de rede sem fio. O projeto ainda precisa ser aprimorado, mas pretende auxiliar a vida não só de quem fica com o carro parado nas vias. Os envolvidos no trabalho acreditam que a aeronave pode ser útil no atendimento de vítimas de catástrofes, como alagamentos e enchentes.
Professor do Departamento de Sistemas de Computação da USP e um dos autores do projeto, Jó Ueyama explica que a ideia surgiu após ele e sua equipe observarem o funcionamento de aparelhos semelhantes. ;Vimos, em outras pesquisas, um avião utilizado por agricultores para pulverizar áreas de plantação. Tudo feito de forma automática;, conta. ;Pensamos que poderíamos utilizar o mesmo tipo de tecnologia para trabalhar com essa estratégia no trânsito, algum aparelho que avisasse sobre acidentes e problemas gerais nas vias, mas que não precisasse de um piloto;, complementa.
Para dar início ao projeto, os pesquisadores adaptaram um pequeno modelo de helicóptero, importado da Alemanha, que se encaixava nos objetivos do projeto. O microcóptero é movido à bateria e equipado com sensores, câmeras de alta resolução leves e tecnologias de rede wi-fi, o que permite voos autônomos ou pré-programados. ;Com esse sistema, conseguimos fazer com que ele se mova por controle remoto, com uma placa bem pequena de um computador , que tem um cabo que, conectado ao PC, repassa as imagens captadas e também ajuda a definir o trajeto a ser feito;, destaca.
O professor esclarece ainda que, para se comunicar com o microcóptero, os carros das equipes só precisam ser munidos de tecnologias simples. ;Achamos que uma rede wi-fi seria a melhor saída, já que hoje em dia temos muitos carros que possuem essa tecnologia, fora redes de telefonia, que seriam de grande ajuda para que a comunicação e a troca de informações coletadas fossem eficientes.;
A tecnologia que permite a comunicação entre automóveis e a pequena aeronave é chamada de veicular ad hoc networks (Vanets). ;O microcóptero serviria como uma ;mula de dados; ou como uma ponte de comunicação entre os veículos;, resume Ueyama. E motoristas comuns, com o equipamento de recepção adequado, também podem ser beneficiados. ;Caso aconteça um acidente, ele transmite as coordenadas, não só para os agentes de trânsito ou o Corpo de Bombeiros, mas também para o seu carro;, ressalta.
O equipamento já passou por uma série de testes bem-sucedidos em altitudes mais baixas. Agora, ele será aprimorado para que voe mais alto. ;Precisamos conseguir autorização da Aeronáutica para essa fase. Outro problema que precisa ser resolvido é fazer com que ele trafegue com segurança mesmo em tempos ruins. Hoje, ele possui um controle remoto, mas futuramente será autônomo;, destaca.

Outros usos

Ueyama acrescenta que outra aplicação que o microcóptero terá é auxiliar problemas como enchentes e alagamentos. ;Esse projeto dá continuidade a um sistema que detecta enchentes e níveis de poluição em rios e córregos urbanos por meio de uma rede de sensores sem fio, instalados perto de rios e lagos, permitindo que a população seja avisada sobre eventuais riscos;, descreve. ;Agregados a esse sistema, os microcópteros podem ajudar comunicando-se com esses sensores, disseminando dados e desviando o trânsito, para que os veículos evitem áreas alagadas;, exemplifica.
Para Leonardo Sanches, professor do curso de engenharia aeronáutica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o microcóptero é um dos produtos que devem virar tendência em sistemas de monitoramento aéreo. ;A aplicação do uso de veículos aéreos não tripulados tem sido muito incentivada no Brasil. É um recurso que já observamos com sucesso em outros países, como os Estados Unidos;, lembra. Sanches acredita que o recurso pode trazer mais economia e eficiência. ;Quando você faz essa vigilância pelo ar, consegue acessar lugares ao quais um carro não iria.;
Na opinião do professor da UFU, com aprimoramentos, o equipamento poderia auxiliar também na fiscalização ambiental, realizando, por exemplo, monitoramento marítimo, controlando melhor catástrofes naturais. No entanto, um bom sistema de navegação é fundamental para tudo isso. ;Caso haja realmente a melhoria do sistema de localização, ele seria um bom recurso, pois poderia sobreviver a problemas de tempo ruim, algo que precisamos bastante;, completa.
Jó Ueyama explica que o projeto ainda não possui um custo definido para que o microcóptero possa ser vendido, mas que um dos objetivos é torná-lo viável também do ponto de vista econômico. ;Comprar a base custa cerca de R$ 5 mil. Infelizmente, temos as tarifas de importação e as adaptações que custam um pouco também, mas temos fé de que poderemos tornar esse valores mais baixos, pedindo a isenção dessas taxas.;

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