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A força da delicadeza na rede

Aos 25 anos, Clarice Freire arrebata mais de 600 mil seguidores no facebook e mantém leitores fiéis ao blog Pó de Lua

postado em 22/01/2014 10:10

Publicação: 22/01/2014 04:00





O blog apresenta uma mixagem de poesia e desenhos: a fórmula  simples e despretensiosa atrai muitos navegantes da internet
O blog apresenta uma mixagem de poesia e desenhos: a fórmula simples e despretensiosa atrai muitos navegantes da internet


O traço das ilustrações de Clarice Freire é suave, assim como os versos e as frases que compõem o blog que mantém: Pó de Lua. Mas a escrita da jovem de 25 anos se mostrou forte o suficiente para prender diversos leitores pelas redes sociais. O site, assim como a página no Facebook, alcançou sucesso entre os leitores. São mais de 600 mil seguidores na página da rede social ; algumas postagens rendem mais de 3 mil compartilhamentos.

Clarice diz ter se rendido à insistência de alguns amigos que achavam um desperdício que ela jogasse os papéis fora. ;O blog foi criado com o intuito de guardar as coisas, o que foi um desafio para mim, que não gostava de mostrar nada para ninguém. Aos poucos, fui me acostumando e o motivo de escrever foi ganhando mais espaço. Acho que o objetivo é colocar para fora o que não cabe dentro, acredito que cada um sabe qual é a sua. A minha é essa. Escrever no Pó de Lua começou a ser uma hora para respirar durante o dia.;

Filha do escritor e compositor pernambucano Wilson Freire e prima de Marcelino Freire, também escritor, Clarice buscou referências na própria família quando começou a escrever. ;Desde pequena era levada para recitais e peças de teatro com os textos dos dois. Quando adolescente, procurava muito as escritoras, as poetisas;, diz. E o pulso delicado e firme que dá vida aos textos é influência delas: Clarice Lispector, Cecília Meireles e Cora Coralina. ;Identifico-me com a delicadeza, mesmo falando sobre assuntos muito duros. Gosto disso.;

Clarice Freire conta que começou a escrever ainda pequena, quando ganhava cadernos de presente e se sentia na obrigação de preenchê-los. ;Sempre gostei mais dos cadernos sem linhas, apesar de nunca ter conseguido escrever nada em linha reta. Minhas letras dançam, mas eu gosto. Um dia desses, encontrei um poema que fiz com uns 12 anos num formato bem parecido com o Pó de Lua, achei interessante.;

Sobre publicações, Clarice diz que, por enquanto, o livro é só uma vontade ; embora já existam editoras interessadas na moça ; mas consegue imaginar formatos bem versáteis, por se tratar de poesia virtual. A relação com os leitores ainda garante, segundo ela, um contato mais direto com os leitores. ;A plataforma internet, ainda mais o Facebook, me dá um contato muito rápido e direto com quem lê, e isso é maravilhoso. Ao publicar um texto, no mesmo segundo, sei a reação, o sentimento deles. Sei porque expressam mesmo. Ou publicamente na página, no blog, ou por e-mail, inbox, diretamente pra mim. É muito bonito ler o que leio. Recebo mensagens muito carinhosas, cheias de agradecimento, de partilha de vida, desenhos, poesias, obras de arte com o tema do blog, verdadeiros presentes.


674 mil
Número de seguidores de Clarice Freire nas redes sociais


Clarice Freire criou o blog com o intuito de guardar os escritos
Clarice Freire criou o blog com o intuito de guardar os escritos




Poemas
;Aprendi com o mar que faltar o doce não é mal/ Só quem já boiou virado pro céu/Que sabe a beleza do sal;

;Leveza é quando o amor inverte sua ideia de beleza/ Quando o normal é trivial e enjoa/ Leveza tá na cabeça e aí você voa;

;Percebi que era dia da poesia/ Quando olhei, ele olhou/ e rimou;

Reclamam da existência da saudade. Eu entendo. É uma moça de difícil convivência. Mas se não fosse ela, quem tomaria o lugar da ausência? / Que coisa engraçada é a saudade/ Não tem alma nem corpo textura ou odor/ Mas preenche coisas de carne, cheiro e cor. A saudade é vizinha vazia, cheia e pobre de amor./ A saudade é tudo/ só não é indolor"

Música

Vermelho
(Clarice Freire/Sofia Freire)


Te escrevi um bilhete, menina,
Num pedaço roto de papel.
Versei torto a nossa sina,
Por te confundir com o céu.
Estranha pareia de insensatez,
Se emparelhou um dia de vez.
Você era vermelho,
E eu era xadrez.
Minha casa, comigo,
Amigo de casa, comigo. (repete)
E o tempo é nada.
Te respondi o bilhete sem linha,
Entregando o que era eu.
Sem saber se era morno ainda,
O Sertão que você me deu.
Nosso amor é fruta cortada,
Uma banda sem outra não vale nada,
Tem menina que é nossa,
Junta e misturada.

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