Jaci Toffano inseriu arranjos de samba e bossa nova na obra do russo Serguei Prokofiev |
A protagonista troca o castelo por comunidade do Rio de Janeiro |
A música entrou na vida de Jaci Toffano cedo. Mestre em piano pela conceituada Juiliard School de Nova York e membro da Academia de Letras e Música do Brasil, a professora do Departamento de Música do UnB está envolvida em mais um novo projeto: levar um pouco da cultura brasileira para a França por meio da música. Acostumada a realizar atividades em prol da divulgação da música erudita, a professora foi, recentemente, premiada pela Société Académique ed;Encouragement ; Arts, Sciences et Lettres como pianista e compositora estrangeira. Jaci Toffano foi escolhida pelo trabalho como diretora musical do espetáculo Cendrillon au Brésil (Cinderela do Brasil), que será apresentado na sede da Unesco em Paris.
O projeto faz parte de uma iniciativa da associação francesa La Clef Enchantée e tem como meta educar e divulgar a música clássica para crianças e jovens franceses. Todo ano, o grupo lança um tema baseado numa ópera ou balé, cujo produto final é o lançamento de um livro e CD com a releitura da obra. No ano passado, Ila Herbert, diretora da associação, lançou a Cinderela no Brasil. O espetáculo, que se passa num contexto brasileiro e contemporâneo, foi baseado no balé, inspirado na história da Cinderela escrita pelo francês Charles Perrault em 1697, apresentado pela primeira vez em 1945 pelo russo Serguei Prokofiev.
Adaptações brasileiras
O grande diferencial da releitura está na história: o príncipe é na verdade um jogador de futebol de destaque, uma celebridade no país, e Cinderela é a rainha de bateria de uma escola de samba de uma comunidade do Rio de Janeiro. Não foram só o enredo e os cenários que ganharam a cara do país. A trilha sonora também incorporou traços do Brasil contemporâneo. ;Fiz a adaptação da obra de Prokofiev para o CD e criei algumas faixas com o gosto do samba dentro do Maracanã, da bossa nova, quando o príncipe, um astro do futebol, encontra sua Cinderela na praia de Ipanema, entre outras;, explica Jaci Toffano.
A escolha da pianista brasileira para o cargo de diretora musical do espetáculo foi graças à sua carreira como musicista, que se encaixava perfeitamente no perfil que a La Clef Enchantée procurava. ;Eu passava uma temporada em Paris em 2012, soube da oportunidade, me candidatei ao cargo e fui escolhida;, explica. O projeto, que era para durar o ano letivo francês entre 2012 e 2013, acabou se prolongando. ;Devido à repercussão do trabalho de Cinderela no Brasil, fui convidada a retornar a Paris para desdobramentos do mesmo projeto, desta vez transformado em espetáculo;.
História de sucesso
O projeto ganhou tamanha visibilidade que o espetáculo saiu das periferias de Paris e chegou à conceituada Sala da Unesco, na capital francesa. "Para a confecção do livro Cendrillon au Brésil, a Unesco se tornou parceira colaborando na divulgação do concurso para escolher o ilustrador. Foi nessa ocasião que surgiu a ideia de se fazer uma apresentação dessa releitura, uma ópera com balé, na Sala da Unesco", explica a diretora.
Além de músicos e bailarinos profissionais, o espetáculo estreia ainda este mês e conta com a participação de um coro infantil com crianças de várias escolas de Paris. Por isso é esperada uma plateia eclética na apresentação. Além de representantes governamentais do mundo todo, personalidades do universo do balé e da música estarão presentes. A pianista lembra que o público em geral é bem -vindo. ;A entrada é gratuita, bastando confirmar seu lugar via internet e imprimir o convite;.
O futuro do espetáculo ainda não está decidido. ;Há vários contatos em andamento, mas nada programado ainda;, afirma a pianista. Ainda este ano, Jaci Toffano espera ter a oportunidade de compartilhar com os brasileiros a história da Cinderela passista. ;O nosso sonho é levar esse espetáculo para o Brasil neste ano de Copa do Mundo;, finaliza.
100
Número de integrantes no elenco do espetáculo