postado em 30/03/2014 12:43
Vera Brant, pioneira: "A gente sentia que algo aconteceria" |
Pioneira e amiga íntima do presidente JK, Vera Brant, 78 anos, chegou a Brasília em 1960. Mineira de Diamantina, era chefe do Serviço de Orientação e Assistência do Ministério da Educação e, a convite de Darcy Ribeiro, participou ativamente da criação da Universidade de Brasília (UnB), onde também foi professora. Em 1964, morava na casa do irmão, o deputado federal Celso Brant, e acompanhava de perto à ameaça que pairava sobre a democracia.
Dois dias antes do comício de 13 de março ; que levou 150 mil pessoas à Central do Brasil, no Rio de Janeiro, para ouvirem do presidente Jango medidas duras contra setores conservadores do país ;, Vera soube que um evento sem precedentes tomaria o país. ;O Miguel Arraes, então governador de Pernambuco, estava em Brasília e disse ao filho José Almino, meu amigo, que gostaria de uma reunião no nosso apartamento com um grupo de políticos para decidir sobre o comparecimento no evento;, conta. O encontro reuniu nomes como Waldir Pires, Almino Afonso e Fernando S;antana.
;A partir da noite do comício, o ambiente foi esquentando e a gente sentia que algo estava para acontecer. Mas não tinha ideia do que seria, nem do grau de violência de brasileiros contra brasileiros, ódio que eu não sonhava existir.; Vera acabou demitida da UnB. Celso teve o mandato cassado. Sobre 31 de março, ela afirma ter poucas lembranças. ;Algum bloqueio na mente deve ter sido acionado, para evitar novos sofrimentos;, acredita.
Limite
Celso Brant foi o autor do projeto, aprovado pela Câmara, que disciplinou a remessa de lucros para o exterior. A lei, regulamentada pelo presidente João Goulart em janeiro de 1964, limitava as transferências de divisas para o exterior, o que contrariou os interesses dos investidores estrangeiros.