Rodrigo Craveiro
postado em 10/04/2014 11:11
Ambulâncias diante da Franklin Regional High School, na pacata cidade de Murrysville: autoridades ainda tentam entender as motivações do ataque |
O suspeito Alex Hribal, 16 anos, é considerado tímido e discreto |
Faltavam apenas sete minutos para o início das aulas, quando o estudante Alex Hribal, 16 anos, irrompeu no corredor lotado da Franklin Regional High School, em Murrysville (Pensilvânia), às 7h15 (8h15 em Brasília). Nas mãos, levava duas facas de açougueiro, que foram cravadas contra os corpos de 23 colegas, entre 14 e 17 anos, e de um segurança do colégio. O agressor entrou em algumas salas de aula e só parou com o ataque após ser imobilizado pelo diretor Sam King e algemado pelo guarda, ferido no estômago. Até o fechamento desta edição, três alunos estavam em condição ;extremamente crítica; ; dois deles foram submetidos a cirurgia de emergência. A lâmina, de 2,5cm de largura, atingiu o fígado, o diafragma e importantes vasos sanguíneos de um garoto de 17 anos e, por pouco, não acertou-lhe o coração e a aorta.
Em meio à tragédia, foram relatados dois atos de heroísmo, além da intervenção de King: um rapaz colocou-se entre Alex e os colegas (foto), e uma jovem pressionou o ferimento de outro estudante até a chegada dos paramédicos. Detido, o acusado foi apresentado a um juiz e indiciado como adulto por tentativa de homicídio. As autoridades ainda desconhecem o motivo do atentado.
Richard Satira, 17 anos, estava dentro da escola no momento em que Alex começou o ataque. ;Todos fomos para fora do prédio e eu escutei que pessoas tinham sido esfaqueadas;, contou o aluno ao Correio, por meio da internet. ;Em um primeiro momento, foi difícil de acreditar. Mas, quando você começa a escutar o nome de seus amigos e das pessoas que você conhece, isso soa como um golpe;, acrescentou. Satira relata não ter visto nenhum dos feridos e disse ter ficado em choque. ;Eu conheço todos os feridos e o agressor. Ele era um garoto quieto, mas legal. Jamais poderia imaginá-lo fazendo algo assim;, disse.
Lauryn Nania, 14 anos, tinha acabado de descer do carro da mãe, quando foi interpelada por um dos professores. ;Ele me avisou que todos os alunos estavam no campo de futebol. Imaginei ser uma simulação contra incêndio, mas, logo, cinco viaturas da polícia passaram por mim, e um colega contou-me que uma pessoa tinha sido esfaqueada;, afirmou à reportagem, pelo Twitter. Cerca de 20 minutos depois, Lauryn tinha sido informada sobre cinco feridos. ;Fomos escoltados à escola para crianças. Lá, descobri que vários estudantes e um guarda foram atingidos.;
A estudante comentou que jamais conversou com Alex Hribal. ;Ele me parecia tímido e discreto. Esse garoto feriu tanta gente inocente. Qualquer pessoa que passasse por ele era esfaqueada. Todos de minha escola gostariam de saber por que isso aconteceu;, disse Lauryn. Com 20 mil habitantes e distante apenas meia hora de carro a leste de Pittsburgh, Murrysville era considerada uma comunidade pacata e segura. ;Isso prova que esse tipo de coisa pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer um;, desabafou a estudante.
Horas depois do incidente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, visitou a base militar de Fort Hood, no Texas, e participou de uma missa em memória dos quatro soldados mortos durante um tiroteio, em 2 de abril.
Canadá
Em Toronto, quatro pessoas ficaram feridas depois que um homem de 45 anos, armado com uma tesoura ou uma faca, invadiu o quinto andar de um prédio. A imprensa local afirmou que ele trabalhava no setor de pagamentos de uma consultoria de recursos humanos. As vítimas foram uma mulher e três homens, todos entre 30 e 40 anos.
A selfie de um herói
O estudante Nate Scimio evitou uma tragédia ainda maior na Franklin Regional High School. O jovem pulou na frente do agressor e usou o braço direito para bloquear-lhe a passagem, impedindo que ferisse mais colegas. Nate também conseguiu acionar o alarme de incêndio da escola, o que levou à retirada dos alunos, logo no começo do ataque. Ele recebeu
várias facadas no braço. Após ser medicado no UPMC Children;s Hospital, o garoto fez uma selfie e postou a fotografia no Instagram.
Ele estava lá
;Não havia muito pânico próximo ao local de onde saí do prédio. O alarme contra incêndio soou e todos pensávamos tratar-se de uma simulação regular. Quando descobri o que tinha ocorrido, pude ver o pânico e a tristeza no rosto dos estudantes. As pessoas choravam. Foi algo horrível.;
Richard Satira, 17 anos, estudante da Franklin Regional High School