postado em 14/05/2014 13:30
A mente humana começa a declinar mais cedo do que o imaginado. É o que indicado um estudo publicado na revista científica Plos One. Segundo pesquisadores da Universidade Simon Fraser, no Canadá, a partir dos 24 anos, é perceptível o declínio das capacidades cognitiva e motora. A partir dessa idade, o ritmo cognitivo cai cerca de 15% a cada 15 anos. Ainda assim, há uma luz no fim do túnel: também de acordo com a pesquisa, quem está na descida da montanha utiliza outros meios que podem compensar ou até superar a eficiência juvenil.Para chegar a essas conclusões, os estudiosos analisaram 3,3 mil voluntários com idade entre 16 e 44 anos enquanto jogavam Star craft 2, um jogo de estratégia e raciocínio rápido que simula uma guerra intergalática. A conclusão foi de que, independentemente do nível de habilidade, jogadores com 24 anos ou mais demonstraram menor rapidez nas respostas cognitivas.
Nessa faixa etária, porém, a experiência se mostra. Enquanto os mais novos investem nas facilidades físicas, os mais velhos compensam a lentidão explorando as interfaces do jogo, impedindo, por exemplo, que o outro competidor use a capacidade máxima da partida. ;Ao contrário de outros estudos sobre o mesmo assunto, muitas vezes baseados em tarefas de tempo de reação que tornam impossível avaliar o impacto dessas experiências para compensar um declínio em tarefas do mundo real, o nosso investiga as mudanças relacionadas à idade na performance motora cognitiva da adolescência à idade adulta em uma tarefa complexa e em tempo real;, compara Joe Thompson, coordenador da pesquisa.
O neurocirurgião Maurício Avelino Barros pondera que essa perda é relativa. Pessoas mais velhas podem ter maior rapidez mental. ;Não há relação direta entre envelhecer e perder as capacidades cerebrais. Você diminui a quantidade de neurônios, mas eles são muitos e você pode preservá-los se agir da maneira correta.; Segundo Barros, após os 21 anos, os neurônios vão decrescendo em volume porque morrem mais do que são produzidos. ;Os fatores de perda são individuais, mas existem comportamentos que podem acelerar o processo, como estresse, sono ruim ou escasso e uso contínuo ou abusivo de álcool e cigarro;, alerta.
Compensações
O especialista ressalta que existem meios de preservar a mente. O primeiro conselho é ;cuidar do cérebro como se cuida do coração;. Atividade física regular, boa alimentação e controle do estresse e das horas do sono estão entre as principais recomendações nesse sentido. A segunda dica é fazer exercícios para a cabeça, como os de memória, as palavras cruzadas e o xadrez. ;Mas não adianta ficar no mesmo exercício e achar que está trabalhando o cérebro inteiro. Na verdade, a pessoa usa uma parte dele, enquanto outras são deixadas de lado;, adverte.
Quem não gosta de joguinhos pode exercitar os neurônios com atitudes do dia a dia, evitando, por exemplo, algumas comodidades tecnológicas. ;Quando alguém fala um número de telefone, já se anota no celular. Por que não associar esse número a algo que facilite a memorização e anotar apenas algum tempo depois?;, sugere Barros, ressaltado, em seguida, que é possível recuperar os neurônios em qualquer idade. ;Mas não é bom protelar a atividade mental. Quanto mais jovem for a pessoa, mais fácil será.;