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Lição de amor

Creche de Samambaia atendida pelo programa Correio Braziliense Solidário recebe visita da presidente do projeto para inauguração de novas instalações que garantem mais conforto e espaço à meninada

postado em 05/06/2014 11:18
A instituição atende 155 crianças de 2 a 5 anos (Antonio Cunha/CB/D.A Press)
A instituição atende 155 crianças de 2 a 5 anos

Ensinar a crianças pequenas o valor da solidariedade. Essa é a principal luta dos professores e educadores da Associação Nossa Senhora Mãe dos Homens, uma creche que atende 155 crianças, de 2 a 5 anos, em Samambaia. A instituição é uma das beneficiadas pelo programa Correio Braziliense Solidário, que dá assistência a instituições comunitárias em todo o Distrito Federal. Ontem, voluntários e organizadores do projeto se uniram a professores, pais e crianças para comemorar a recente inauguração de três salas de aula, de uma brinquedoteca e de dois banheiros, construídos com recursos angariados pela ação.

A presidente do programa do DF, Nazareth Teixeira, acredita que, enquanto cidadã, se vê no papel de auxiliar quem não tem as necessidades atendidas pelo Estado. ;É irresponsabilidade do governo construir um país tão pobre quanto o nosso, e eu não posso deixar isso acontecer sem fazer nada. Não podemos desistir, é preciso lutar. O que fazemos é pequeno perto do que tem no resto do Brasil, mas sei que estamos trabalhando pelo país;, afirmou. Ela recebeu ontem, de crianças tímidas, presentes confeccionados nas salas de aula, em agradecimento à ajuda dada à creche.

Ao abrir a cerimônia, a diretora da escola, Patrícia Almeida dos Santos, ressaltou que, embora o espaço não seja luxuoso, é confortável e seguro para os pequenos atendidos ali. ;Isso tudo que fazemos é para as crianças. Ter um banheiro bom, um piso de azulejo nas salas. É tão difícil conseguir o básico, imagina coisas assim. Essa é a realização de um sonho nosso;, comentou.

Patrícia ainda brincou com os pais: depois de um teatrinho em que meninas e meninos explicaram a importância de manter boa higiene bucal, ela apontou que os pequenos não estavam ali só para preencher o tempo livre. ;Eles vêm para a creche não apenas para dormir, brincar e comer. As crianças também aprendem valores importantes por aqui;, lembrou.

Vulnerabilidade social
A associação teve início em 1996, após a morte de um garoto de 16 anos que morava na região. Ele estava envolvido com tráfico de drogas, quando uma professora o convenceu a mudar de caminho. Ela conseguiu tirá-lo do crime, mas, inconformados, antigos colegas do tráfico o assassinaram. Diante dessa realidade, a educadora e outros profissionais, além de pais e moradores, reuniram-se para dar assistência a meninos e meninas.

Boa parte das 155 crianças está em situação de vulnerabilidade social. São famílias que não têm condições de cuidar delas no tempo livre da escola. ;Nós recebemos visitas de ex-alunos. Alguns conseguiram entrar para a faculdade. E também temos casos de duas mães que foram atendidas aqui e preferem percorrer distâncias maiores para terem os filhos educados conosco;, contou Patrícia.

Mesmo atendendo pessoas tão jovens, o princípio dos professores é ensinar a elas o afeto e o respeito ao próximo. ;Acho que isso influencia no aspecto da construção do coletivo. Eles passam a valorizar o outro. São educados para ter percepção do próximo;, afirmou. ;E também contribui para o lado afetivo: um aluno os procurou para contar que a lembrança dele aqui era de ser amado. Ele tinha uma mãe cansada, que trabalhava e cuidava de cinco filhos, e não tinha tempo para as crianças. O amor era refletido nas pequenas coisas: nas professoras atenciosas com detalhes, na comida bem preparada, no ambiente amigável;, completou.

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