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Contra a segunda fratura

A fragilidade óssea faz com que idosos se machuquem com frequência, uma condição que alavanca a taxa de mortalidade na velhice

Lilian Monteiro
postado em 17/06/2014 14:00
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, ;em questão de anos;, haverá no planeta mais pessoas que passaram dos 60 anos do que crianças com menos de 5. Consequentemente, a osteoporose, doença que enfraquece os ossos e pode provocar fraturas na terceira idade, passará a ser cada vez mais frequente. E o pior: recorrente. Especialistas preocupam-se com a fato de as pessoas quebrarem ossos mais de uma vez quando envelhecem, uma condição com influência altíssima nos índices de mortalidade.

;O paciente que teve a quebra pela fragilidade óssea, com certeza, vai ter outra e, muito provavelmente, será no fêmur, a mais grave delas. O percentual é macabro. Em torno de 30% dos idosos com fratura morrem até o primeiro ano, não da fratura, mas das complicações que ela geralmente oferece, como embolia e pneumonia;, alerta Jurandir Antunes Filho, ortopedista, cirurgião de quadril e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Segundo Jurandir Filho, 85% das pessoas com fratura de punho ou de vértebra vão ter a de fêmur. E, dentro da população de osteoporose, 16% dos pacientes já sofreram a primeira fratura. ;Ou seja, o percentual de refratura é muito alto. Ela ocorre em 65% dos casos nos dois anos seguintes à primeira;, complementa. O fenômeno de repetição do incidente é chamado pelos médicos de cascata fraturária.

Soma-se a esse cenário de fragilidade a falta de abordagens que evite o problema e a repetição dele. O ortopedista da UFJF conta que estudos canadenses indicam que, quando têm um ataque cardíaco, 80% das pessoas saem do hospital medicadas, com a prescrição de algum remédio para o coração. ;No caso dos pacientes que dão entrada com fratura por fragilidade óssea, menos de 15% recebem medicação para osteoporose após a alta;, compara.

A prevenção e o tratamento contra a cascata fraturária exigem reposição de cálcio e de vitamina D. Variam conforme a condição do paciente a dosagem prescrita e a forma como a ingestão das substâncias será feita: por suplementação, por meio de remédios ou por mudanças alimentares. ;Para quem tem intolerância à lactose, a recomendação é de dois comprimidos de cálcio ou até três dependendo do perfil;, exemplifica Jurandir Antunes Filho.

Novo centro
O Departamento de Ortopedia da UFJF ganhou recentemente um centro de referência da versão brasileira da campanha global Capture a Fratura, da Fundação Internacional de Osteoporose (IOF). O objetivo é diminuir a incidência das fraturas causadas pela osteoporose por meio de uma abordagem sistemática. Há iniciativas iguais em outras cidades do mundo. No Brasil, há seis centros, sendo o mais antigo deles no Hospital Ipanema, no Rio de Janeiro.

De acordo com a IOF, uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima de 50 anos sofre fratura osteoporótica durante a vida. Mundialmente, estima-se que, a cada três segundos, ocorra uma fratura por fragilidade.

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