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Exercite também a musculatura pélvica

O tecido ajuda no trabalho de parto e é essencial para garantir a integridade das funções urinárias e sexuais de homens e mulheres. Apesar disso, é esquecido pela maioria das pessoas na hora de malhar

Paula Takahashi
postado em 07/07/2014 14:00

As fisioterapeutas Sabrina e Renata auxiliam a paciente Karen a fazer exercícios e posições que podem fortalecer os músculos do períneo (Jair Amaral/EM/D.A Press)
As fisioterapeutas Sabrina e Renata auxiliam a paciente Karen a fazer exercícios e posições que podem fortalecer os músculos do períneo




Belo Horizonte ; Ignorada e não raramente desconhecida de boa parte das mulheres, a musculatura do assoalho pélvico deve receber tanta atenção quanto os músculos de outras áreas do corpo, como braços e pernas. E não vale lembrar dela apenas na fase da gravidez, quando costuma receber atenção especial por conta do papel importante que exerce durante o parto. Fazer exercícios que fortalecem e garantem tônus, controle, coordenação, força e resistência a esse grupo de músculos é fundamental para prevenir problemas que podem atingir a região, como disfunção sexual, liberação involuntária de gases e até fezes, incontinência urinária, queda de bexiga e do útero e constipação intestinal.

;Esse grupo de músculos composto tanto pelos superficiais, conhecidos popularmente como períneo, quanto pelos profundos é responsável pela sustentação dos órgãos pélvicos, como bexiga e útero, e ainda por controlar os orifícios de uretra, vagina e ânus. Atua também na passagem do bebê durante o parto;, detalha a fisioterapeuta Renata Cangussu, que, com a coordenadora da equipe de fisioterapia do Instituto Nascer em Belo Horizonte, Sabrina Baracho, conscientiza as pacientes sobre a importância de cuidados específicos para essa região do corpo.

Fatores de risco, como a própria gravidez, o número de gestações, a obesidade, a menopausa e até questões genéticas, podem explicar a perda de resistência e força desses músculos. ;O aumento da pressão abdominal causada pelo bebê, o sobrepeso e as alterações hormonais da menopausa são algumas das situações que explicam esse enfraquecimento;, reconhece Baracho. A disfunção pode ser notada a partir da liberação involuntária de urina, gases e fezes. ;Há também a ocorrência dos chamados prolapsos genitais, quando se dá a queda, por exemplo, da bexiga e do útero;, afirma a ginecologista e cirurgiã Alessandra Cerávolo de Oliveira.

A prevenção deve começar o quanto antes, de preferência no início da vida sexual e antes do primeiro filho. ;As pessoas deveriam cuidar dessa musculatura a vida toda, como precisa ser feito com qualquer músculo do corpo. Isso é importante para manter a contenção e o funcionamento adequado dos órgãos pélvicos;, alerta Alessandra. A dona de casa Karen Oliveira Aun, 32 anos, reconhece que só se deu conta da relevância dessa musculatura meses antes de parir o segundo filho. ;Busquei um acompanhamento para o parto humanizado no Instituto Nascer e fui alertada pelas especialistas sobre a necessidade de fazer exercícios específicos para evitar complicações futuras;, afirma.

Caso a caso
Com disciplina e dedicação, Karen incorporou o treinamento ao dia e dia e já faz as atividades de forma inconsciente. ;Virou um hábito;, garante. Segundo Renata Cangussu, a mulher não terá que dedicar mais do que 10 minutos do dia aos exercícios, que variam de acordo com a necessidade de cada uma, mas que, na maioria das vezes, envolve contração e relaxamento desse grupo de músculos. ;Via palpação, fazemos uma avaliação de força, resistência, coordenação, controle e tônus dessa musculatura. Nem sempre o objeto inicial será o ganho de força. Algumas pessoas apresentam músculos tensos e necessitam primeiramente reduzir a tensão muscular. A partir daí, são feitas as recomendações de acordo com cada caso;, explica a fisioterapeuta.

Recorrer à cirurgia só é uma alternativa indicada nos casos de quedas relevantes de órgãos. ;Depois que já foram esgotados os demais tratamentos e ainda se mantém um quadro sintomático, é indicada a cirurgia;, explica Alessandra. O ginecologista pode ser o primeiro profissional procurado, mas poderá fazer apenas uma avaliação anatômica da região. ;Diante de uma suspeita de problemas musculares, direcionamos para o fisioterapeuta;, acrescenta.

O tratamento pode incluir até mesmo sessões de Reeducação Postural Global (RPG). ;Há casos em que essa disfunção do assoalho pélvico é causa ou consequência de algum desequilíbrio em outra parte do corpo;, observa a fisioterapeuta do ITC Vertebral Rochelle Martins. A especialista explica que uma disfunção na região da bacia ou da coluna, por exemplo, pode obrigar a musculatura do assoalho pélvico a trabalhar mais, gerando sobrecarga e fadiga e levando à perda de funcionalidade. ;Por isso, o fisioterapeuta uroginecológico faz o trabalho na musculatura específica, mas, se não for rearmonizado, pode acabar voltando porque a causa vem de outra área;, esclarece.


Palavra de
especialista

Performances
melhoradas


;Os músculos do assoalho pélvico têm papel importante na vida sexual tanto de homens quanto de mulheres. No caso delas, uma musculatura forte garante a vagina mais inchada e permite sentir melhor a penetração e, consequentemente, o prazer durante o ato sexual. No caso dos homens, a contração desse grupo de músculos aumenta a irrigação sanguínea na região peniana, o que é um fator importante para a ereção. Também permite um controle maior sobre a ejaculação.;

Juliana Lerche Rocha Pires,
fisioterapeuta especialista
na área de fisioterapia pélvica

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