O conselho máximo da Universidade de Brasília (UnB) referendou ontem a decisão da comunidade acadêmica nas urnas. Ivan Camargo é o primeiro colocado da lista tríplice a ser encaminhada ao Ministério da Educação (MEC) até a próxima segunda- feira. O órgão é o responsável por enviar o documento à presidente da República, Dilma Rousseff,
que vai escolher, entre os três docentes mais votados, o nome para o cargo de reitor. Historicamente, a Presidência respeita a vontade dos professores, alunos e servidores manifestada no processo eleitoral interno.
Professor da Faculdade de Tecnologia, Camargo venceu a consulta da instituição no segundo turno, com 51,4% dos votos. No Conselho Universitário (Consuni), ele foi o escolhido por 68 pessoas, entre os 73 conselheiros presentes. A segunda colocada, Márcia Abrahão, professora do Instituto de Geociências, manteve- se no posto, com três aprovações. Volnei Garrafa, professor da Faculdade de Ciências da Saúde, é o terceiro do documento, com um voto. Houve ainda uma abstenção durante a sessão especial para formação do colégio eleitoral, realizada ontem, no auditório da teitoria.
A reunião, marcada para as 14h30, começou com 15 minutos de atraso com a maioria dos integrantes do Consuni. Logo no início, o presidente da sessão, reitor José Geraldo de Sousa Júnior, apresentou um requerimento da professora AnaValente, também candidata no primeiro turno, para incluir os 10 postulantes da ocasião na lista dos que poderiam receber votos o conselho. José Geraldo informou que todos estavam previamente inscritos e deveriam passar por avaliação dos conselheiros.
Mesmo assim, a maioria optou por chancelar o resultado das urnas. ;Essa decisão completa um procedimento complexo, porque envolve uma consulta informal. Tentarei uma audiência com o ministro para entregar a lista;, disse José Geraldo. Nesse tipo de pleito, a consulta é paritária, com peso igual entre professores, alunos e servidores, e o órgão máximo da instituição é o responsável por definir a lista tríplice. Não há obrigatoriedade de o resultado eleitoral ser acolhido pelo Consuni. No processo formal, definido pelo regimento daUnB, a lista vai diretamente para o MEC,vinculada necessariamente ao pleito. Além disso, o peso do voto dos professores é de 70% e o das outras categorias de 15%.
Compromisso
Entre os três nomes, somente Ivan Camargo estava no Consuni no momento da decisão.Oatual reitoro convidou para subir no palco. Antes de começar o discurso, ele foi aplaudido de pé por todos os presentes. Emocionado, relatou que as pernas tremiam devido ao nervosismo. ;Este éumdos momentos mais importantes da minha carreira e, talvez, da minha vida. É uma honra estar aqui. Pretendo trabalhar com determinação, confiança,comtodo o respeito que a comunidade merece;, prometeu. Agradeceu ainda os apoios que recebeu durante a campanha e lembrou que estabelecer a união dentro da UnB será um dos primeiros desafios.
O primeiro ex-aluno da universidade a ser eleito reitor lembrou ainda que, se for o escolhido pela presidente Dilma, fará uma transição natural, sem atropelar a atual gestão. O vice-reitor João Batista é o responsável por iniciar o processo. Ele deve repassar as informações de como está cada decanato, o que foi feito, o que ainda está pendente, entre outras
questões. ;O mais importante nesse momento são os números;, analisou Camargo.
Em reunião realizada com a atual gestão, ainda no momento da campanha, houve uma conversa sobre o deficit de R$ 72 milhões no orçamento da UnB. ;O reitor disse que consegue fechar as contas até o fim do mandato. Teremos que analisar os principais pontos e arrumar o que for necessário;, lembrou o professor. A vice-reitora eleita pela Chapa 86, Sônia Báo, afirmou que ainda não existem nomes definidos para ocupar os decanatos. ;Todas nossas alianças foram fechadas em cima de ideias, propostas, e não de pessoas.;
A nomeação do novo reitor até deverá sair até 13 de novembro. A posse ocorrerá até o dia 18 do mesmo mês. José Geraldo pretende, até lá, cumprir todos os compromissos.
Passagem no governo Dilma
O provável futuro reitor da Universidade de Brasília nasceu em Resende, no Rio de Janeiro,e 1960.Vitorioso na eleição dest ano, Ivan Camargo prometeu,durante a campanha,trabalhar pela recuperação da excelência da instituição e buscar a unidade entre os diferentes grupos. A sua formação começou na UnB, onde ingressou em 1978, no curso de engenharia elétrica.
Onze anos depois, voltou à instituição como professor, com mestrado e doutorado obtidos no Institut National Politechnique de Grenoble, na França. Foi chefe do Departamento de Engenharia Elétrica, entre 1991 e 1993.
Comandou o ProgramadePós- Graduação do departamento, de 1996 a 1998.
Participou da direção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).De1999 a 2002, coube à equipe da qual fazia parte encontrar soluções para a crise energética deflagrada no Brasil, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1994/2002).
Em 2003, de volta ao câmpus, foi nomeado decano de Graduação da gestão de Lauro Mohry como reitor. Nesse período, Ivan Camargo instituiu o sistema de matrícula e avaliação dos professores on-line e ainda a reserva de vagas para negros. Em 2011, retornou à Aneel, convidado pelo governo de Dilma Rousseff (PT), para assumir a Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição.Mesmo ocupando cargos no governo, Camargo não pausou a produção acadêmica.
Este é um dos momentos mais importantes da minha carreira e, talvez, da minha vida. Éumahonra estar aqui.Pretendo trabalhar com determinação, confiança,comtodo o respeito que a comunidade merece;
Ivan Camargo, eleito reitor, ao discursar no Consuni