Com menos de uma década de experiência, Alexandre se tornou um dos líderes da Carol City Elementary School, uma escola de educação fundamental que recebe alunos com distúrbios como o autismo, em uma região carente do condado de Miami-dade, na Grande Miami. No colégio, Alexandre dá aulas para crianças entre3e5anos, do chamado maternal.
;Para cada aluno com autismo, há dois sem.Meu método é o da inclusão total, no qual ensino a mesma coisa, da mesmama neira, para os meus alunos com e sem deficiência intelectual;, explica. ;Uso muita música e procuro atingir as crianças por meio de todos os sentidos. Busco também trabalhar para trazer a cultura da criança para o contexto da escola.;
O trajeto percorrido até concorrer ao título de melhor professor do ano nos Estados Unidos começou em 2011, na Carol City. ;Primeiro, virei o professor doano da minha escola. Depois, já no ano passado, fui escolhido o educador do ano da região de Miami onde trabalho, a Miamidade. Então, no fim de 2012, fui selecionado professor do ano da Flórida;, pontua. Em 23 de abril, além de Alexandre, estarão os professores do ano dos demais estados norte-americanos, mais um educador das escolas militares dos EUA pelo mundo. Aluno de doutorado em uma universidade norte-americana, Alexandre concorre com três professores do ensino médio.
Para o educador, além do orgulho de ser prestigiado com o título de melhor professor da Flórida, esta é uma oportunidade de mostrar a realidade dos estudantes. ;Meus alunos têm deficiências, são carentes e grande parte é imigrante, aprendendo a falar inglês. Representam uma classe minoritária da sociedade americana, é uma chance de mostrar a vida desses meninos e meninas, dar voz a eles;, explica. Como título de professor do ano, o educador começou a apresentar palestras por vários condados da Flórida e do país. Desde que começou a lecionar, Alexandre já teve dois alunos brasileiros.
Tragetória
Enquanto morava no Brasil, Alexandre não imaginava que se tornaria professor. Aqui, conciliava os estudos com o trabalho em companhias aéreas. Aos 26 anos, um grande amor o levou a morar nos Estados Unidos. Lá, empregou-se como comissário de bordo na United Airlines. O relacionamento amoroso terminou, mas Alexandre não voltou ao Brasil.
Só em 2002, a vida de Alexandre começou a tomar a forma que é hoje. Após o ataque terrorista de 11 setembro, a companhia área onde trabalhava entrou em concordata e ofereceu aos exfuncionários uma licença, com alguns benefícios, sem salário. ;Aquela foi a oportunidade que me faltava. Depois de um tempo voando, eu me sentia muito desancorado socialmente e queria voltar a estudar, fazer algo que me atrelasse socialmente, mas me sentia um pouco inseguro, porque já tinha mais de 30 anos;, conta. Ele decidiu conversar com uma conselheira acadêmica e fazer os trâmites de validação de diploma estrangeiro. ;Quando fui falar com ela, imediatamente pensei que queria dar aulas. Só que eu considerava dar aulas de português e inglês.;
A especialista consultada pelo brasileiro, então, perguntou se ele já havia considerado atuar com educação especial. Ela disse que era uma área carente de professores. ;Fiz uma aula de introdução e acabei gostando muito do curso de capacitação. Logo que terminei, consegui uma bolsa de mestrado para estudar educação especial com foco em intervenção na primeira infância;. Logo após receber o título de mestre, Alexandre recebeu uma proposta para lecionar no colégio que trabalha hoje.
Meus alunos têm deficiências, são carentes e grande parte é imigrante, aprendendo a falar inglês. Essa é uma chance de dar voz a eles;
Alexandre Lopes, professor