postado em 10/07/2014 18:01
Como introdução aos quesitos propostos no tema ;Da UnB para o Mundo;, Nóvoa compartilhou com os presentes algumas de suas leituras referentes à história da Universidade de Brasília para se preparar para seu quinto Café com Nóvoa, realizado na última segunda-feira (7) no Beijódromo.O reitor honorário da Universidade de Lisboa diz ter observado, nessa literatura visitada, a preocupação institucional da UnB para pensar os problemas da sociedade brasileira, no entanto, percebeu a falta de palavras relacionadas ao tema internacional. Ele citou ter encontrado a expressão ;América Latina; no discurso de Darcy Ribeiro e outros dois trechos que fazem menção para fora do país no discurso de dois reitores da universidade. ;Na gestão de Cristovam Buarque (1985 e 89), percebi referências ao terceiro mundo e, na de Antônio Ibanez (1989 a 93), achei a proposta de pensar o Brasil e igualmente o mundo como um problema;, pontuou.
Após essa breve introdução, o convidado internacional diz que hoje não se pode pensar em uma universidade sem vocações internacionais. E utilizou como base de sua palestra um grande inquérito feito com 1.300 universidades. Nesse trabalho, foi realizada uma compilação de ideias centrais sobre internacionalização, que devem contemplar três preocupações básicas: mobilidade dos estudantes, produção científica e cooperação no plano internacional.
Sobre o primeiro tópico, Nóvoa comentou da tendência excessiva para a universidade servir o público regional, mas que hoje é difícil imaginar uma instituição sem estudantes estrangeiros.
Para falar da produção científica e a cooperação internacional, o reitor citou a fala de Anísio Teixeira em 1935: ;aqueles países sem universidade são apenas reflexos dos demais países;. Ou seja, para Nóvoa, além de cultura, deve se produzir ciência. E novamente houve menção ao ambiente de cooperação internacional ao afirmar que ;os laboratórios de referência têm 35% de pesquisadores estrangeiros;. Assim a missão universitária seria a diplomacia da cultural universal. Sobre esse tema, Nóvoa destacou a posição estratégica e privilegiada da UnB, que tem ao seu lado todas as embaixadas e, dessa forma, diversas possibilidades de articulações diplomáticas e culturais.
Ressaltou o reitor que há lados cinzentos que devem ser evitados. O primeiro seria o da homogeneização das universidades ou falta de diversidade. O segundo seria o da comercialização, no sentido de as faculdades dependerem da captação de financiamento de alunos estrangeiros. Esses cuidados não podem desviar dos elementos essenciais que devem reger uma universidade na sua localização e massa crítica. ;Deve haver flexibilização e uma tendência à desburocratização de imbróglios, os quais o estudante passa apenas por não ter nacionalidade brasileira;.
Nóvoa defendeu ainda que só se entra bem na internacionalização quando se está bem enraizado, e este objetivo deve promover traços característicos de Brasília e da própria instituição. ;Soma-se a esse esforço uma estrutura de acolhimento do patrimônio imaterial que são os alunos egressos;, concluiu.
Ao fim da palestra, o mediador deste Café com Nóvoa, o reitor Ivan Camargo, disse da satisfação de receber o colega em casa para esse ciclo de palestras e falou da importância desses debates para discutir o futuro da instituição.
Disse concordar com a visão de que a UnB tem localização estratégica e com a importância da conexão internacional. E citou o exemplo do embaixador da Polônia no Brasil, que chegou a morar na Casa do Estudante da UnB. ;É muito importante esses pontos colocados neste último Café com Nóvoa sobre diversidade. Faz bem para a vida acadêmica que essas ideias bem articuladas se disseminem. Temos tudo aqui em Brasília, corpo discente e docente fantástico, para ser universidade mais atrativa do mundo;, encerrou o reitor.