postado em 07/08/2013 17:32
Na ocasião, representantes de direito penal, administrativo, empresarial, do trabalho e constitucional protestaram em frente ao conselho solicitando a anulação de questões e a distribuição entre todos os candidatos das notas referentes aos itens suprimidos. As primeiras reclamações dos examinandos surgiram após a OAB anular duas questões da prova de direito civil e ceder dois pontos a todos os que prestaram exame para área. De acordo com os estudantes das demais áreas, a anulação feriu o princípio de isonomia entre os candidatos, estabelecido no edital do exame.
Antônio Gilberto prestou exame para direito trabalhista. Ele reclama da falta de informações no enunciado da peça prático-profissional, comprometendo a resposta da questão, que vale cinco pontos. ;Não faço isso (a greve de fome) só por mim, mas por todos os jovens que eu vi chorando aqui na segunda-feira, que foram reprovados por causa de erros na correção das provas. Ou a OAB reconhece que errou, ou eu morro aqui", diz o candidato, que está desde as 6h da manhã de terça-feira (6/8) se alimentando apenas à base de água mineral e água de coco.
;Até os recursos que nós protocolamos são respondidos com respostas eletrônicas da Fundação Getulio Vargas (FGV). Parece que não houve avaliação, e, sim, uma fraude nesse exame. O interesse da ordem é de que tanta gente seja reprovada só para poder arrecadar dinheiro com as nossas provas;, acusa. Esta não é a primeira greve de fome de Antônio Gilberto. Sindicalista, ele já acampou em frente a Assembleia Legislativa de São Paulo durante 22 dias e outros 27 em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na época, ele era presidente do sindicato da Fundação Casa de São Paulo (antiga Febem) e reivindicava a reitegração de 1751 trabalhadores demitidos sem justa causa.
A todo momento chegam doações de colchonetes, água e refrescos de outros candidatos que se solidarizam com a greve de fome de Antônio. ;Ele é um exemplo de que, se estivesse tudo bem com o exame da ordem, não haveria tanta gente reivindicando;, comenta a candidata Eliane Lucero, 53 anos, que fez prova para direito empresarial.
A Fundação Getulio Vargas é a responsável pela elaboração e aplicação do exame em todo o território nacional. Em 23 de julho, a OAB divulgou uma nota com base no parecer da fundação rebatendo as críticas às questões dos exame.
[SAIBAMAIS]O coordenador nacional do exame, Leonardo Avelino, reitera que os únicos erros cometidos pela banca foram as provas de direito civil e tributário. De acordo com Avelino, os candidatos que se sentirem injustiçados, mesmo após a avaliação da instituição aos recursos administrativos apresentados, devem entrar com pedido de revisão na Ouvidoria da FGV apresentando o exame, o gabarito e a resposta do recurso.
;Os únicos erros aconteceram na correção, o que é justificável porque temos um volume muito grande de provas para examinar. Isso ocorre porque ninguém é perfeito, mas é uma preocupação da ordem evitar isso;, afirmou o coordenador. Segundo Avelino, 1,4 mil reclamações já foram protocoladas na Ouvidoria desde segunda-feira.
Sobre a greve de fome, o coordenador aconselhou o candidato a estudar. ;Se eu tivesse que conversar com ele, o aconselharia a estudar. Ele tem todas as chances do mundo de passar, é só tentar outra vez;, comentou.