As cinco maiores notas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para ingresso na Universidade de Brasília (UnB) não são de alunos do Distrito Federal. O que confirma que, com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ficou mais difícil ingressar na instituição que, agora, desperta mais interesse de alunos de outras unidades da Federação. Os brasilienses figuram na 6;, na 9; e na 10; posições no ranking. Os 10 primeiros colocados foram aprovados para o curso de medicina. Na primeira vez em que a UnB adotou o Sisu, 1.986 estudantes passaram para 88 cursos. O número de inscritos chegou a quase 60 mil. A concorrência média de todas as graduações foi de 30 candidatos por vaga. A nota de corte de medicina ficou em 818,31.
Para o decano de Ensino de Graduação da UnB, Mauro Luiz Rabelo, a demanda elevada demonstra que a Universidade de Brasília é bem vista no cenário nacional e que mais estudantes de outras cidades devem se instalar por aqui. ;Tivemos vários estudantes de fora de Brasília classificados nas primeiras posições. O Sisu cumpre o papel de facilitar a mobilidade. Ao manter o Sisu, o PAS (Programa de Avaliação Seriada) e o vestibular do meio do ano, a UnB garante uma grande diversidade de alunos, o que é bom para a instituição;, afirma.
O professor de língua portuguesa do Centro Educacional Sigma Eli Guimarães destaca o aumento na concorrência decorrente da adesão ao Sisu. ;O resultado indica que Brasília poderá ser um polo de atração de bons alunos. Isso fatalmente vai tornar o ingresso mais difícil, especialmente em cursos de alta demanda, como medicina, direito, relações internacionais e engenharias;, prevê.
O movimento inverso também é uma tendência. ;Percebo que a disposição dos alunos de sair de Brasília é maior do que foi nos últimos cinco anos. O Sisu facilita isso ao dar ao candidato a chance de usar uma única prova para concorrer a várias seleções;, afirma Guimarães. No Sigma, os alunos têm dado mais foco ao Enem. ;Não é uma prova absurda, mas tem exigido maior domínio dos conteúdos e conhecimento de atualidades, em vez de simples interpretação, como antigamente. O Enem vem para ficar, e os alunos estão mais atentos a isso;, garante.
Adaptação
Fátima de Mello Franco, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe/DF), acredita que o fato de os brasilienses não estarem entre os cinco primeiros colocados na seleção da UnB por meio do Enem se deve à falta de familiaridade com a prova. ;Os alunos do DF têm a mesma capacidade intelectual que os de fora, porém, só agora, com a possibilidade de passar na UnB, eles vão se interessar pelo Enem. Alunos dos estados já tinham o hábito de fazer o Enem porque outras universidades federais adotaram o Sisu antes.;
Segundo a presidente, o método de avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio não é o ideal. ;O Enem deveria ser regionalizado e seriado, como o PAS. Assim, serviria como feedback para alunos e professores a cada série. Uma prova única para um país com essa dimensão territorial e com tantas diferenças regionais não reflete a realidade nacional e dificulta o acesso;, critica. Fátima cobra mais transparência sobre as regras e os objetivos da prova por parte do Ministério da Educação. ;Falta clareza para os alunos e para os professores saberem o que é esperado deles.;
Pedro Caiafa Marques, 18 anos, não precisou de estudos extras para ser aprovado em engenharia elétrica na UnB pelo Sisu. ;Minha preparação foi só a escola. Tenho facilidade em exatas, mas me dedico nas outras matérias também. Estou muito feliz com a aprovação;, conta. Natural de Teresina (PI), Rodrigo Sousa Oliveira, 17 anos, também não teve dificuldades com o exame e escolheu a UnB pela qualificação dos professores. Ele foi aprovado para engenharias no câmpus do Gama. ;Sempre ouvi que a UnB é muito boa, então, estou procurando casa e preparando as malas para morar em Brasília. Estudei no Educandário Santa Maria Goretti, uma escola tradicional com direcionamento para o Enem. Eu já me sentia tranquilo mesmo antes do resultado, não precisei estudar tanto.;
; João Lucas Fernandes dos Santos
; 17 anos
; Recife (PE)
; Média: 848,77
; Concluiu o ensino médio em 2013 no Colégio GGE
;Passei em vários vestibulares, mas meu objetivo é cursar engenharia aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Estou feliz com o resultado na UnB, mas vou continuar tentando passar no ITA. Eu participava de olimpíadas de matemática, de física e de química
e isso me ajudou. A maior dica que eu posso dar para quem quer se sair bem no Enem é estudar mais do que o professor cobra;
; 2; lugar
; Anderson Carlos Pinto Silva
; 17 anos
; De São Luis (MA)
; Média: 842,18
; Concluiu o ensino médio no Colégio Educallis
;Minha família está muito contente com o resultado e tem muita gente me parabenizando. Ainda estou me organizando e não sei se vou cursar medicina na UnB porque estou esperando o resultado de outros vestibulares. Meus pais sempre me apoiaram e me deram liberdade para eu escolher minha carreira. Não estudei com foco no Enem especificamente,
mas, ao estudar para vestibulares, fiquei preparado;
3; lugar
Pedro Henrique Farias Figueiroa
De Sergipe
Média: 835,78
; 4; lugar
; Wesley Flávio de Lima Júnior
; 19 anos
; De Anápolis (GO)
; Média: 827,42
; Conclui o ensino médio em 2011 no Colégio Delta
;Nos dois últimos anos, fiz cursinho na escola, que tem um trabalho voltado para o Enem. Fiz provas passadas, além de simulados. A dificuldade do Enem e de outros vestibulares é a mesma, mas o conteúdo do Enem é menos técnico e mais interdisciplinar. Sempre fui sério com relação aos estudos porque quem quer medicina tem que ser assim. Abri mão de feriados, com uma rotina de 8h de estudo por dia;
; 5; lugar
; André Marcello Soto Riva Figueira
; 21 anos
; De Taubaté (SP)
; Média: 826,65
; Concluiu o ensino médio em 2009 no Colégio Objetivo Júnior
;Depois de terminar a escola, eu fiz cursinho para o ITA. Eu estudava só exatas, fazia tempo que não focava em outros conteúdos. Por isso, não esperava a aprovação na UnB. Meus pais são empresários e sempre apoiaram muito minhas escolhas. Eu estou muito feliz, mas meu pai não gostou tanto da distância. Ainda estou avaliando se vou estudar em Brasília ou não;
; 6; lugar
; Danillo Leal Marinho
; 19 anos
; Do Park Way (DF)
; Média: 824,40
; Concluiu o ensino médio em 2011 no Colégio Olimpo
;Fiz um ano de engenharia mecânica na UnB e, então, decidi que queria medicina. A concorrência é alta e tive que estudar bastante. O Enem não é uma prova fácil, mas uma prova em que você não pode errar muito e que abre portas para instituições de todo o país. Família, amigos e namorada me deram o suporte para fazer a prova tranquilo. Eles foram os grandes responsáveis pela minha aprovação;
; 7; lugar
; Matheus Bellome Torsani
; 19 anos
; De Osasco (SP)
; Média:824,11
; Conclui o ensino médio em 2012 no Colégio Ângulo
;Eu achei o Enem de 2013 mais difícil que o de outros anos, mas meu resultado foi melhor porque eu estava preparado. Achei que eu tinha ido mal na redação e foi uma surpresa passar em 7; lugar. O importante é se dedicar e conhecer o estilo da prova. Ainda não sei se vou estudar na UnB porque aguardo o resultado de outros vestibulares;
; 8; lugar
; Murilo Pereira Alves
; 17 anos
; De Recife (PE)
; Média: 819,45
; Conclui o ensino médio em 2013 no Colégio Equipe
;O Enem é muito diferente de outras provas porque exige uma visão mais ampla, então, tive que estudar mais profundamente. Meus pais sempre me apoiaram e agora comemoram comigo. Talvez eu não estude na UnB porque tente outros vestibulares. De acordo com os resultados, vou decidir o que fazer;
; 9; lugar
; Brenda Alves de Oliveira Lima
; 19 anos
; De Águas Claras (DF)
; Média: 818,63
; Conclui o ensino médio em 2011 no Colégio Sigma
;Eu estava me preparando para o vestibular da UnB e fiquei desesperada quando soube que a seleção seria por meio do Sisu.
Aí, passei a estudar de segunda a segunda, de manhã e de tarde. Foi muito esforço, mas compensou. Minha família nem acreditou quando viu meu nome na lista de aprovados, todos choraram. O apoio da família conta muito. A principal dica é ter perseverança;
; 10; lugar
; Teresa Cristina Alves Duarte
; 19 anos
; Do Jardim Botânico (DF)
; Média: 818,31
; Conclui o ensino médio em 2011 no Colégio Maristão
;Não tive uma preparação específica para o Enem, só continuei os estudos normais para o vestibular de medicina. Minha família me apoiou muito e isso faz diferença. Tenho amigos que são pressionados e se deixam controlar pelo nervosismo. Eu também fiz o vestibular da ESCS (Escola Superior de Ciências da Saúde) no último fim de semana, mas, mesmo se eu passar lá, vou fazer a UnB, que é ótima;