postado em 26/01/2012 12:00
O Cespe/UnB vai sugerir ao Ministério da Educação ajustes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Será apresentada uma proposta de reforma no sistema de correção das redações, de forma a contemplar pontos polêmicos do atual debate sobre o assunto, tais como minimização de erros, mais tempo para o avaliador e acesso ao texto por parte de candidato que questione a nota. A ideia vai ao encontro do compromisso assumido pela presidente Dilma Rousseff. ;Meu governo fará tudo, o possivel e o impossível para melhorar o Enem;, disse Dilma na posse do novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Segundo o professor Luiz Mario Couto, coordenador de provas do Cespe, ;pode-se melhorar o sistema atual, onde o erro é muito pequeno, para torná-lo desprezível;. Lembra, no entanto, que é da natureza de um sistema apresentar algum erro, por mínimo que seja. Ele exemplifica com uma analogia: para transferir 60 litros de água de depósito para outro, é possível recorrer a três caminhos: fazer retiradas com um recipiente de 20 litros, com pequenas perdas de líquido, em virtude do tamanho do ;balde;; usar uma cuba graduada, que minimizará o prejuízo; e recorrer a uma cuba mais precisa, que tornará quase imperceptível a quantidade de água desperdiçada. ;Custará mais caro, mas será mais eficiente, obviamente;, argumenta Luiz Mario.
Ele lembrou que, embora as críticas ao modelo de correção tenham ganhado grande repercussão, seu nível de confiabilidade é de 99,9%. Ou seja, os problemas chegam a 0,01% dos estudantes. Em 8 milhões de correções, houve seis questionamentos. ;Estamos olhando para estes, e não para os 99,9% de acerto;, afirma Luiz Mario.
Competências - Sobre recente reportagem de TV, que questionou o modelo de correção e mostrou um aluno reclamando da nota de sua redação, o Cespe informa que o texto tem que apresentar cinco competências, segundo a cartilha do Inep e o edital do Enem: 1) demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita; 2) compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estrturais do texto dissertativo-argumentativo; 3) selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; 4) demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; e 5) elaborar proposta de solução para o problema abordado, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
;Uma redação pode ser boa, mas não atender a esses critérios exigidos pelo concurso;, observou um técnico do Cespe/UnB. ;Bom conteúdo e regras estabelecidas por quem organiza a prova são coisas diferentes, embora as pessoas não atentem para isso;, completou ele. Entre formuladores de políticas educacionais, surgem dois tipos de indagações. A primeira é se há a intenção de criar um mercado de recursos. Como quem faz a prova geralmente não domina a técnica, terá que recorrer a um consultor ou a um especialista, que cobrará por isso. A outra é se a mudança para um sistema mais caro, que dá acesso às redações do Enem e torna o processo mais lento, tem o apoio da sociedade.
O Cespe já sabe o que vai recomendar ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e trocou ideias em nível técnico com o governo, mas aguarda o ministro estruturar sua equipe para que o trabalho tenha desdobramentos.
UnB Agência