postado em 03/07/2012 12:00
[FOTO1]O vestibular da Universidade de Brasília (UnB) não sofrerá mudanças até o segundo semestre de 2013. Uma discussão iniciada em 17 de maio previa a alteração da versão tradicional pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu), que utiliza o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como base de avaliação. Porém, não há mais tempo hábil para deliberar sobre as mudanças. O prazo combinado entre o Ministério da Educação (MEC) e a instituição de ensino superior expirou e as inscrições para o Enem deste ano acabaram. Além disso, não houve debate no meio acadêmico para se chegar a uma decisão.
Nenhum desses fatores significa uma desistência da universidade em adotar o método universal de seleção. Haverá somente um tempo maior para discutir todos os pontos positivos, negativos e decidir qual será a postura para os próximos exames. A Comissão de Análise e Emissão de Parecer, criada para analisar a questão, faz reuniões periódicas e, em 20 dias, deve emitir um parecer com uma opinião. O documento elaborado por eles será encaminhado ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), que ainda deverá votar a questão para decidir se o Enem será adotado pela UnB.
O decano de Ensino e Graduação, José Américo Garcia, idealizador da proposta, não vê a mudança de prazo como negativa. ;Se formos seguir o cronograma certinho e se tudo for aprovado, só entramos no Sisu em 2014. O nosso compromisso é com a qualidade do ensino. Estamos utilizando esse tempo para recolher dados, enriquecer os argumentos para a adoção do sistema;, afirmou. Nos quase dois meses após o início das discussões, o decano procurou informações com outras integrantes do sistema.
Em todo o país, 95 instituições públicas de ensino superior fazem parte do Sisu. ;Ouvi o depoimento de diversas instituições. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);uma das primeiras entidades públicas a adotar o Enem;afirmou que a adesão dos estudantes foi espetacular. Estamos colhendo dados, não precisamos fazer nada com pressa;, completou.
Os três pilares previstos no documento apresentado são a democratização ao acesso à universidade, a mobilidade acadêmica e o acesso à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC;s);um conjunto de recursos tecnológicos integrados que facilitam a comunicação de processos pedagógicos, de pesquisa científica e de aprendizagem. ;A integralização passa a trazer alunos de outras regiões do país. A diversidade cultural cria um enriquecimento dos alunos;, ressaltou José Américo.
Como funciona
O Sisu é um sistema gerenciado pelo Ministério da Educação. Os que participaram do Enem podem se inscrever e concorrer a todas as vagas de instituições públicas conveniadas. As notas da prova são avaliadas e os melhores concorrentes selecionados.
Por ser nacional, a prova facilita o acesso de pessoas de outros estados à UnB. Para comportar tal demanda, a estrutura da instituição precisa aumentar. A expectativa é que, em caso de aprovação da proposta nos próximos meses, os recursos do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) dobrem, ou seja, passem dos atuais R$ 13 milhões para R$ 26 milhões.
O Enem ocorre uma vez por ano, geralmente em novembro. O Sisu seleciona os que participaram do exame no 1; e no 2; semestres. Uma das possibilidades de a UnB admitir qualquer calouro ainda em 2013 é se o governo aprovar a realização do Enem * duas vezes por ano. Enquanto isso não acontece, os que se inscreverem para a avaliação de novembro de 2013 só poderão fazer parte do sistema em 2014. Isso só ocorrerá, no entanto, se a proposta for a aceita por maioria absoluta dos 70 membros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade.
O documento a ser analisado pelo conselho ressalta que o Programa de Avaliação Seriada (PAS) e os 20% para as cotas raciais serão completamente mantidos. Hoje, os estudantes que fazem o Enem só entram na UnB por meio de vagas remanescentes do vestibular tradicional e do PAS.
Se a proposta for aprovada, estudantes de todo o país poderão concorrer a uma vaga na Universidade de Brasília por meio do sistema unificado, que os classificará a partir da nota e do número de vagas disponíveis.
* Acesso
O governo federal estuda a possibilidade de realizar o Enem duas vezes por ano, como acontece com o vestibular tradicional, mas em datas diferentes. A justificativa é que esse tipo de seleção é a forma mais democrática de acesso do jovem brasileiro ao ensino universitário.