Enem

Segredos da redação do Enem

Ela pode representar até 50% da nota final do exame que será realizado em 26 e 27 de outubro. Confira tudo o que o candidato deve fazer para se dar bem na hora do texto dissertativo, segundo professores entrevistados pelo Correio

postado em 23/10/2013 14:45
Ao longo do ano, Vítor Miranda produziu textos e os deu para um professor avaliar: A prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma das principais responsáveis por uma boa colocação do candidato. Ela é a única capaz de somar mil pontos e pode representar até 50% da nota final do teste que dá acesso a 3,7 mil cursos de universidades federais em todo o país. Estar bem preparado para enfrentar essa fase consiste em saber o modelo exigido no certame e conhecer os problemas sociais do país. Escrever um texto coerente e sem gírias também faz parte de um conjunto para atingir o sucesso. Na reta final para a prova, ainda vale utilizar alguns artifícios que ajudem no bom desempenho.

Os conhecimentos na parte dissertativa serão cobrados no segundo dia do Enem, em 27 de outubro. Os candidatos terão 5 horas e 30 minutos para resolver o exame de linguagens, códigos e suas tecnologias, redação e matemática e suas tecnologias. Serão 30 linhas, no máximo, a partir de uma situação problema. Uma das dicas é focar a leitura em sites, jornais e revistas com reportagens de cunho social e político para criar uma boa argumentação. Livros literários não são o foco neste momento.

Algumas dicas de como será avaliada a redação estão no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O Guia do Participante é um documento de leitura obrigatória para os candidatos. Um dos primeiros alertas feitos é quanto ao estilo do texto, que deve ser dissertativo-argumentativo (Veja Fique atento).

Habilidades
A correção vai considerar cinco competências: domínio da norma padrão; compreensão e articulação da proposta, dentro dos limites do texto dissertativo-argumentativo; coerência; coesão; e proposta de intervenção. ;Com as mudanças do ano passado para este, mesmo uma redação que tenha alguns erros ortográficos pode alcançar a nota máxima se mantiver a coerência com o tema. Se não houver reincidências em alguns desvios gramaticais, eles serão considerados como excepcionalidade;, explica o coordenador de língua portuguesa do colégio Galois, Rafael Riemma.

A competência número dois trata do entendimento da proposta. O candidato precisa saber interpretar a situação problema. Se ele tangenciar o tema, pode perder ponto. ;É muito difícil alguém que se prepara fugir do assunto, mas ele pode dissertar somente sobre uma vertente do assunto;, alerta Riemma. O tema do ano passado foi O Movimento Migratório para o Brasil no Século 21. Se o concorrente falou somente sobre os movimentos migratórios, por exemplo, e esqueceu de contextualizar com o período previsto, ele tangenciou e perdeu pontos. Assim como ocorreu em 2012, a temática deste ano deve repetir o cunho de ordem política e social.

De acordo com o coordenador da área Códigos e linguagens do Colégio Marista, Anderson Matias, é exigido do estudante um posicionamento crítico, com capacidade de relacionar o tema com a realidade do povo brasileiro. ;A prova do Enem, como um todo, avalia competências e habilidades adquiridas e desenvolvidas durante a formação escolar do estudante. Agora, vale a pena revisar as técnicas relacionadas à prova;, diz. Conhecer a estrutura do teste é essencial. Para isso, usar o tema de outras provas para escrever e selecionar situações do dia a dia como exemplo para criar uma argumentação são boas táticas.

O estudante do Sigma Vítor Miranda, 18 anos, fez isso durante todo o ano. Produziu textos e os repassou para que um professor avaliasse os pontos positivos e negativos. ;Amadureci muito com isso;, conta. Ele produzia duas redação por semana, em uma rotina de estudos focada na aprovação no curso de direito da Universidade de Brasília (UnB). A três dias do Enem, ele pretende dar mais flexibilidade aos estudos. ;Não vou me preocupar tanto. Já vi o que tinha de ver. Agora, vou fazer alguns programas de relaxamento. Ver uma coisa ou outra sobre atualidades;, conclui.

Depois de fazer uma dissertação bem argumentada, sem usar elementos do texto-base, o candidato chegará à conclusão. No Enem, a competência número cinco da prova exige do estudante uma proposta de intervenção social. De acordo com o coordenador de Redação do Galois, Rafael Riemma, uma proposta ruim em um tema hipotético sobre Gestão dos Recursos Hídricos seria, por exemplo: a população deve se conscientizar de que a água é um bem escasso. ;Isso não se configura uma proposta de intervenção. Uma das dicas é incluir a palavra governo. Exemplo: O governo deve criar um programa de conscientização para adultos, crianças;;, analisa.

Fique atento

Possíveis temas

Alguns assuntos estão em voga e podem ser cobrados na redação do Enem. Confira algumas sugestões do professor Rafael Riemma:

; O problema do crack na sociedade atual pode ser uma das reflexões. Uma dica de site para pesquisar sobre o tema é o do Programa do Governo Federal: Crack, é possível vencer (www.brasil.gov.br/crackepossivelvencer);

; A gestão de recursos hídricos pode ser algo interessante de argumento, pois 2013 é o ano da água;

; As questões que geraram as manifestações, em junho deste ano. Podem ser abordados a mobilidade urbana, o sistema de transporte público;

; A Copa do Mundo pode aparecer com algumas variações. Os efeitos pós-Copa, por exemplo ou o cenário da saúde no Brasil.

Dicas

; O texto dissertativo-argumentativo é opinativo. A tese deve ser consistente, bem argumentada, fundamentada. Nesta modalidade de texto, o estudante vai descrever um assunto, explicá-lo e, também, argumentar e defender uma opinião;

; Terá no máximo 30 linhas e será desenvolvido a partir de uma situação-problema;

; Escreva o texto em terceira pessoa. Só use primeira pessoa em casos excepcionais;

; Os assuntos do Enem geralmente estão focados em temáticas sociais, polêmicas atuais, relacionadas aos direitos humanos. Por isso, nesta última semana, ainda vale a pena ler sites, blogs, revistas, jornais, assistir a peças teatrais, focar em matérias de cunho social. A argumentação sempre tem que respeitar os direitos humanos.

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