Jornal Correio Braziliense

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Migração mais forte no DF

As condições de emprego e a alta renda per capita atraem um número maior de moradores para o Distrito Federal do que ocorre em outros grandes centros urbanos do país. De 2010 a 2012, 78 mil pessoas vieram para a capital

Moradora da Asa Norte, Cristiane Bezerra Silva teme haver um inchaço da cidade As mulheres brasilienses optaram por ter menos filhos entre os anos de 2000 e 2010. Esse fator reduz o ritmo de crescimento, mas não impede o aumento populacional gradativo. Na capital do país, há uma peculiaridade que, em outras cidades, não interfere tanto no acréscimo de pessoas: a migração. . Segundo dados do IBGE, entre 2010 e 2012, houve um incremento médio anual de 40 mil moradores, número maior do que alguns dos primeiros colocados no ranking populacional do Brasil. O DF perde em população somente para São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. De 2010 para 2012, teve um acréscimo de 78 mil moradores, enquanto a capital baiana aumentou em 35 mil pessoas nos dois anos. ;Isso não significa que Brasília cresceu assustadoramente, mas que a diferença entre as capitais está diminuindo. Um dos fatores que influencia essa diferença é a migração;, explicou a gerente de Estimativas e Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Leila Ervatti. No mesmo período, São Paulo teve um incremento de 123 mil habitantes e o Rio de Janeiro, 69,8 mil. A atração de pessoas das cidades em volta do DF, sem a possibilidade de redistribuição para outros centros, também influencia nos dados. No Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, na Bahia e em São Paulo, por exemplo, as atividades não ficam concentradas somente na capital. São redistribuídas para cidades com possibilidades de emprego e renda em atividades industriais, petroquímicas e outras. A previsão, segundo estudo divulgado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon) em agosto, é de que, em 2030, o DF tenha 4 milhões de pessoas (veja arte). A projeção do IBGE para 2020, com base em dados de 2008, é de 3 milhões de habitantes. O certo é que os números devem impulsionar políticas públicas. Com a atual estrutura, esse acréscimo pode agravar o desemprego, a falta de transporte público e a situação da saúde. O presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, ressalta que, no caso de crescimento, é necessário também aumentar o investimento. ;As taxas de fecundidade menores vão gerar uma população mais velha. Será preciso analisar os números para saber qual segmento atender. Se a população tiver maior escolaridade, por exemplo, é preciso gerar empregos que exijam maior qualificação;, disse. Taxa menor De 2000 a 2010, a taxa de crescimento anual do DF foi de 2,28%, com incremento médio por ano de 51.902 habitantes. De 2010 a 2012, o percentual caiu para 1,58%. Mesmo assim, 40.890 indivíduos engordaram as estatísticas em cada ano. A moradora da Asa Norte Cristiane Bezerra Silva, 41 anos, teme um inchaço da cidade. ;Hoje, a insfraestrutura já precisa melhorar. Temos engarrafamentos enormes, violência, marginalidade. Começa a ter uma política tímida de combate às drogas, mas é preciso mais;, diz a assistente social. Para ela, o Distrito Federal só oferece oportunidade para aqueles com alto grau de instrução, mas não impulsiona a educação. Por isso, ocorre a migração de mão de obra. Uma das melhorias pedidas por Cristiane está no ensino público. ;O governo oferece um excelente estudo até o 4; ano do ensino fundamental, mas, depois disso, está sucateado. Como uma pessoa pode se capacitar sem estudos, sem uma boa base?;, questiona. Ela considera a redução no ritmo de crescimento positiva, uma tendência nacional, mas diz que o número depende muito do momento em que a cidade vive. ;Brasília atrai muitos com nível superior, para concursos, isso também influencia.;