postado em 04/06/2012 08:00
Estudo realizado pela operadora de saúde Omint em 2011 mostrou que 96% dos trabalhadores que ocupam cargos de chefia não mantêm uma alimentação equilibrada e 43,5% são sedentários. O levantamento reuniu mais de 15 mil entrevistas com esses profissionais e também constatou que quase 32% deles têm índice elevado de estresse. O diretor médico da operadora, Caio Soares, explica que as pessoas que exercem papéis de liderança podem servir de exemplo para o restante da equipe e contribuir para que todos levem uma vida mais saudável. %u201COs trabalhadores se espelham muito na alta direção. Quando os dirigentes mudam seus hábitos, a chance de outras pessoas também mudarem é maior%u201D, afirma.
Não é necessário fazer uma transformação drástica. Melhorar a qualidade do sono e substituir alimentos que contêm gordura saturada por outros mais leves, principalmente as frutas, já representam um grande passo. Soares garante que uma hora a mais de sono ao dia faz a diferença. Se o trabalhador fizer caminhadas com frequência, ou outro tipo de exercício, melhor ainda. %u201CTodo o sistema circulatório é um músculo. Então, tendo um bom condicionamento físico, você terá, por consequência, um bom condicionamento cardíaco.%u201D
Segundo a pesquisa, a inclusão de pelo menos uma atividade física na rotina é objetivo de 37,7% dos trabalhadores que ocupam cargos de chefia. Linda Goulart, 65 anos, chefe de gabinete da ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, passou do objetivo para a realização. Uma crise séria de coluna a levou à prática de pilates e caminhada. Há quatro anos, ela recebeu o diagnóstico de que teria de fazer uma cirurgia de alto risco. %u201CVi que, para conseguir que o corpo respondesse ao desejo de continuar tendo uma vida profissional ativa, eu precisava me cuidar%u201D, diz. %u201COs resultados foram muito bons. Não só consegui evitar a cirurgia, como sinto que o meu corpo consegue aguentar uma rotina muito pesada.%u201D
A chefe de gabinete havia mudado a alimentação há muitos anos, desde que a mãe sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Baniu a gordura das refeições diárias e privilegia verduras, frutas e legumes. As taxas de colesterol e glicemia do sangue são impecáveis. Entre os trabalhadores que exercem funções como a de Linda, o colesterol alto é o fator de risco para doenças cardiovasculares que mais aparece: 11,6% dos entrevistados no levantamento da Omint têm alteração nessa taxa. O fato de ter se tornado vegetariana em 1992 também ajuda, mas exige disciplina. Todos os dias, Linda leva uma marmita para o trabalho com a comida preparada em casa. %u201CAs pessoas comentam que eu não aparento a idade que tenho%u201D, completa.
Ainda não existem estatísticas confiáveis sobre qualidade de vida no trabalho em nível nacional. A heterogeneidade das empresas brasileiras dificulta a consolidação dos dados, que acabam se restringindo aos trabalhadores da indústria e do setor público. A professora Inês Monteiro, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde e Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que as corporações do país têm características diversas quanto ao tamanho, às atividades realizadas e à complexidade de tarefas, além de diferentes riscos a que os trabalhadores são expostos. Isso dificulta um diagnóstico mais preciso e global.
Em situação desigual
Também não há consenso sobre o perfil de trabalhador mais suscetível a ter problemas relacionados ao trabalho. Para Inês Monteiro, as mulheres estão, de modo geral, em situação menos favorável que os homens, pois acumulam as atividades domésticas e, às vezes, trabalham em condições desiguais. Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ajudam a sustentar essa ideia, pois indicam que 70% dos trabalhadores afastados por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) são mulheres.
Já o professor Lucio Flávio Renault de Moraes, PHD em psicologia organizacional, acredita que a distinção de personalidades cabe melhor nesses casos. Os chamados workaholics %u2014 pessoas que trabalham em excesso %u2014 são mais propensos a apresentarem doenças relacionados ao trabalho do que aqueles que conseguem manter o equilíbrio entre lazer e trabalho.
Alternativas ao corre-corre
A ioga une o equilíbrio mental à prática de exercícios físicos. Por isso, é recomendada para quem tem problemas na coluna, nos joelhos e pode até contribuir para o equilíbrio hormonal. Foi o que aconteceu com a servidora pública Valéria Carvalho, 50 anos. Ela pratica a iyengar (pronuncia-se aiênga) ioga há cerca de 10 anos e hoje é professora. Valéria explica que o exercício ajuda a entender que o ser humano funciona como um conjunto entre corpo e mente. Foram esses ensinamentos que a ajudaram a enfrentar uma situação difícil na vida profissional, quando precisou fechar seu escritório de advocacia. %u201CVocê tira o foco do lado externo e volta-se para você mesmo. Isso baixa a sua ansiedade%u201D, relata.
Daniella Caribé, 33 anos, trabalha com Valéria no centro de ioga e tem outras duas profissões, as de acupunturista e terapeuta corporal. Ela está passando por um momento de transição importante: voltou para Brasília após sete anos vivendo na Bahia. Como é profissional autônoma, precisa trabalhar para construir a clientela aqui e ainda cuidar das tarefas domésticas e do filho pequeno. %u201CA ioga é uma forma muito eficaz de lidar com essa rotina%u201D, afirma.
Onde encontrar
Kabbalah
O site www.kabbalahcentre.com.br oferece cursos on-line. Em Brasília, há um grupo de estudos para quem já fez a turma de iniciantes. O contato é jgodeck@gmail.com.
Iyengar ioga
Centro de ioga no Clube dos Previdenciários. Informações com Valéria, pelo telefone (61) 84224320 ou pelo site cenpryoga.com.br.
Tai Chi Chuan
O Instituto Néctar oferece cursos sobre terapias tradicionais chinesas, incluindo aulas de tai chi chuan. Informações pelo site www.institutonectar.com.br.
Karatê
A academia Gustavo Sampaio oferece aulas de caratê e outras artes marciais. Informações pelo telefone (61) 3037-12 15.