Helena Mader
postado em 25/06/2012 08:00
O eletricista Francisco Montalvão, 54 anos, exemplifica a força de vontade da maioria dos estudantes da EJA. Morador do Recanto das Emas, ele faz o terceiro segmento %u2014 o que equivale ao ensino médio %u2014, apesar das limitações físicas. Francisco sofre de doença pulmonar obstrutiva crônica e tem apenas 17% da capacidade respiratória. Com os pulmões fracos, precisa carregar sempre um cilindro de oxigênio. A garra do estudante é motivo de admiração entre os colegas. %u201CComo não consigo mais fazer trabalho braçal, preciso de um diploma para poder arrumar trabalho. Meu sonho é virar corretor de imóveis%u201D, conta.
Seu Francisco ficou 35 anos sem estudar, até decidir voltar ao Centro de Ensino Médio 111, no Recanto das Emas. Nascido no município baiano de Santana, ele chegou a Brasília em 1978, mas nunca teve tempo de estudar. %u201CNaquela época, escola era lugar de rico. Mas, hoje, minha família me dá muita força para concluir minha educação. Às vezes, minhas duas filhas ficam me esperando na porta da escola para me incentivar%u201D, diz.
A dona de casa Rita Araújo de Sousa, 56 anos, trilhou um caminho semelhante. Ela ficou 38 anos sem estudar e, em 2006, decidiu que era a hora de aprender tudo o que deixou de lado durante a infância pobre no interior da Bahia. %u201CNão quero parar nunca mais. Meu sonho agora é cursar uma faculdade de nutrição ou serviço social%u201D, garante.
Retomada
Aos 20 anos, Rômulo Douglas da Costa de Souza descobriu que não poderia negligenciar a sua formação. Depois de diversas reprovações, ele largou os estudos e desistiu da vida escolar. Este ano, percebeu que precisava de um diploma para vencer na vida e retomou a escolarização. Rômulo cursa o segundo segmento da educação de jovens e adultos em uma escola do Recanto das Emas. %u201CQuando tinha 17 anos, perdi o interesse e joguei tudo para cima. Mas a gente cresce e vê que precisa de responsabilidade%u201D, justifica o estudante, que sonha em virar operador de telemarketing.