Trabalho e Formacao

Método de "referências" prejudica recrutamento de profissionais para setor

postado em 18/08/2012 12:50

O engenheiro industrial Agustín Castaño, diretor presidente da Energy Talent - consultoria especializada no recrutamento de executivos e técnicos nos mercados de petróleo e gás, infraestrutura, engenharia e recursos naturais - disse que embora haja uma demanda ;teoricamente; não satisfeita nos setores técnico e de alta especialização, está difícil contratar mão de obra qualificada para as empresas da área. ;Você tem que procurar até estrangeiros, às vezes brasileiros que moram no exterior, que são uma boa fonte de recursos, e os salários do setor técnico, por essa demanda importante, crescem além do que seriam os padrões internacionais;, explicou.

Para ele, isso não significa, entretanto, que não se encontrem profissionais capacitados no Brasil. Na avaliação de Castaño, o mercado está muito ineficiente, uma vez que, sabe-se, há pessoas interessadas em mudar de posição nas empresas, as companhias estão precisando de pessoal, mas o vínculo entre elas é deficitário.

A Energy Talent consegue identificar os trabalhadores demandados. Agustín Castaño advertiu, porém, que o mercado nacional, em geral, ainda tenta trabalhar com o antigo método de referências e não com critérios profissionais.

;Não se pode continuar trabalhando nas referências dos amigos da velha guarda. É preciso profissionalizar o assunto e, aí, as coisas ocorrem;, disse. Com o aumento da exploração no pré-sal, o método de contratação por referências pode pôr em risco os projetos previstos para desenvolvimento, na parte técnica, analisou. Isso ocorre devido à existência de um ;gap; ou brecha entre os profissionais ;seniores;, que estão perto de se aposentar, e o pessoal júnior, mais novo. ;Há uma brecha de pessoas preparadas, em nível intermediário, entre 35 e 40 anos de idade. Nessa faixa etária, há problemas;.

A Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (ABESPetro) acredita que existe hoje uma demanda adicional por mão de obra no setor de petróleo e gás, criada a partir das novas descobertas do pré-sal, ;que é reconhecida como um dos gargalos da indústria;.

Segundo o presidente da ABESPetro, Paulo César Martins, isso pode ser um obstáculo para os projetos futuros do pré-sal, levando-os a serem efetivados fora do prazo previsto, por falta de mão de obra qualificada. Muita mão de obra depende de formação que ocorre dentro das empresas, salientou. ;E essa descoberta do pré-sal pegou todo mundo de surpresa;.

Ele avaliou que a Petrobras, como maior operadora do setor, vinha tendo um desenvolvimento crescente, ;mas não tão rigoroso como a gente está vendo agora;. Isso dava condição de a mão de obra ser qualificada a tempo. Com a expansão do pré-sal, o que se vê é dificuldade na formação de mão de obra, apontou.

Martins acrescentou que outro fator agravante na área de recursos humanos é o requerimento de conteúdo local. ;Como está havendo uma pressão grande do governo por conteúdo local e as operadoras têm que cumprir o requerimento mínimo, elas repassam isso, naturalmente, para as empresas prestadoras de serviços, as fornecedoras. Então, cada um faz o seu dever de casa, tentando sempre buscar alternativas nacionais, que antes eram buscadas lá fora, por meio de parcerias;. Isso ocorre não só em relação ao fornecimento de equipamentos, como de serviços, destacou.

Paulo César Martins disse ainda que o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), desenvolvido pela Petrobras, contribui para diminuir o problema da carência de mão de obra na área. ;Mas ele não acaba abrangendo toda a cadeia de suprimento;. Ele assegurou que o programa está focado hoje em um espectro bem pequeno em relação à necessidade de mão de obra do segmento.

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