Trabalho e Formacao

Liderança em cartaz

Mais do que proporcionar horas de lazer, os filmes trazem lições aos gestores sobre como lidar com a equipe e superar momentos de crise

postado em 31/12/2012 10:29
Charlimar Rabelo está à frente de uma equipe com quase 40 funcionários e inspirou-se em À procura da felicidade para desempenhar o papel principal na empresaUma jovem recém-graduada é admitida numa grande revista de moda como assistente da toda-poderosa editora-chefe. Um grupo de desconhecidos se une para sobreviver à estranha epidemia de cegueira que se espalhou pelo mundo. Um casal adota o cachorro mais travesso do mundo, e aprende com ele o significado de ser uma família. As histórias de O diabo veste Prada, Ensaio sobre a cegueira e Marley & Eu são contadas em livros que foram adaptados para as telonas e se tornaram grandes sucessos de bilheteria. Além dessas coincidências, para Pedro Grawunder e Marco A. Oliveira, autores da obra Os filmes que todo gerente deve ver, essas e outras produções cinematográficas têm muito a ensinar sobre o mundo corporativo.

O livro, que acabou de chegar às prateleiras, traz resenhas perspicazes e bem-humoradas de 66 filmes assistidos sob a perspectiva da rotina das empresas e o ritmo competitivo da vida de negócios. Segundo os dois autores, eles são essenciais para ajudar o profissional a entender melhor o contexto empresarial e se tornar um gestor na medida do sucesso.

;A nossa lista inclui blockbusters norte-americanos, filmes europeus, brasileiros, independentes e até desenho animado. Queríamos unir a paixão pelo cinema com a experiência empresarial e trazer as melhores histórias, que pudessem inspirar e contribuir de forma pontual no ambiente de trabalho;, explica Grawunder, que é consultor de empresas. A obra é dividida em capítulos que falam sobre liderança, motivação, ética no trabalho, competência e espírito de equipe. ;É uma espécie de manual para todos os estágios da vida profissional de um líder. Quando ele precisar, pode consultá-lo e extrair bons conselhos;, ele garante.

Além de líderes experientes, Oliveira e Grawunder são cinéfilos assumidos. ;Foi o maior prazer ver todos os filmes. Difícil foi separar os melhores;, relembra o consultor. O balanço final, segundo ele, é de que, de uma maneira ou de outra, todas as produções são sobre relações entre pessoas. ;Acho que, tanto nos negócios quanto na vida pessoal, precisamos aprender a lidar uns com os outros.; Para Grawunder, o lançamento acompanha uma tendência no mercado. ;O mundo corporativo exige líderes capazes de aprender com tudo ao seu redor. A experiência do cinema ajuda a construir um executivo mais aberto às múltiplas e complexas questões que o contexto empresarial envolve;, avalia.

Inspiração
Charlimar Rabelo, 25 anos, conheceu essa realidade quando passou a liderar uma equipe de quase 40 pessoas numa empresa de tecnologia da informação (TI) em Brasília. Ela buscou inspiração no filme À procura da felicidade, de 2006, com o astro norte-americano Will Smith no papel principal, e que completa o livro de Pedro e Marco no capítulo sobre motivação e satisfação no trabalho. ;O filme fala da luta pelo sonho, de pessoas que vão atrás do que querem para vencer na vida. Eu tento trazer esse espírito para a minha equipe;, explica a gerente de TI. ;Manter os funcionários motivados é um desafio. Conseguir inspirá-los é uma recompensa;, resume Charlimar.

Ela diz que a identificação com a história é fundamental para alcançar bons resultados. ;Eu me vejo no papel do personagem principal. Como ele, também sou de origem humilde, e lutei muito para chegar aonde cheguei. Com a minha idade e ocupando o cargo que tenho, as pessoas me veem como uma líder de sucesso. Isso é uma inspiração para quem trabalha comigo.;

Do francês Intocáveis, de 2011, que estreou em agosto no Brasil, Charlimar tirou a receita certa para manter a equipe unida. ;Ninguém trabalha sozinho, e todo mundo pode se ajudar. Estou onde estou graças à minha equipe. O filme mostra isso;, relata. Ela sugeriu, inclusive, que os colegas assistam ao filme também, tendo em mente a importância do trabalho em grupo.

Virando o jogo
;Quando abri meu negócio, eu me sentia numa ilha. Estava sozinho, e os bons resultados dependiam quase exclusivamente da minha aptidão em sobreviver no mercado;, relembra José Paulo Furtado, diretor executivo de uma produtora que promove eventos voltados à educação e ao desenvolvimento profissional. Os três primeiros anos foram cruéis para ele: sem retorno financeiro e mergulhado em dívidas, José Paulo pensou que não ia conseguir dar conta de tudo sozinho. ;Foi quando me enxerguei no filme Náufrago;, conta.

O sucesso dos cinemas de 2001 foi decisivo na motivação de José Paulo para continuar. O filme narra a história de um homem que, preso numa ilha deserta após sobreviver a um acidente aéreo, precisa superar as adversidades do ambiente inóspito para conseguir voltar para casa. ;O desafio dele era se manter vivo e retornar à civilização. O meu era não deixar meu negócio morrer antes de alcançar a estabilidade e me tornar reconhecido no meio que escolhi;, compara o diretor executivo. ;Como o personagem, tive de aprender a fazer fogo para tudo dar certo.;

Nove anos depois, José Paulo se orgulha de ter conseguido chegar lá. A produtora cresceu, e, hoje, o diretor lidera uma equipe de mais de 20 funcionários, além de um novo escritório em Goiânia. Mesmo assim, não perde nenhuma exibição de Náufrago na televisão e sempre tira uma nova lição. ;Continuamos crescendo, e novos desafios vão surgindo. Acho que o cinema ainda é uma excelente fonte de inspiração para descobrir como lidar com os problemas dentro da minha empresa;, acrescenta.

 (Editora Saraiva/Reprodução)

Leia

Os filmes que todo gerente deve ver
Autores: Marco A. Oliveira e Pedro Grawunder
Editora: Saraiva
Páginas: 376
R$ 49,90

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