postado em 11/03/2013 10:26
Assim como ocorre no mercado de trabalho de maneira geral, aos poucos, as mulheres começam a caminhar para uma participação igualitária com relação aos homens também no empreendedorismo. Segundo dados do estudo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), elas representam 31% dos micro e pequenos empresários do país. O número sobe para 46% entre os novos negócios. Para reconhecer a participação cada vez maior delas no setor, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) entregou, na última quinta-feira, véspera do Dia Internacional da Mulher, o 9; Prêmio Sebrae Mulher de Negócios.Pela primeira vez desde o início da premiação, em 2004, o Distrito Federal conquistou o ouro. Foi na categoria Pequenos Negócios, que reconheceu o talento da empresária Agda Oliver, 31 anos. Ela é dona da oficina Meu Mêcanico, em Ceilândia Sul, e decidiu montar o negócio depois que foi enganada quando levou o carro para fazer alguns reparos. Agda pagou caro, mas o serviço nem sequer foi feito. Para não passar por essa situação de novo, ela participou de cursos e buscou o Sebrae com o objetivo de começar a planejar o empreendimento. A oficina abriu as portas há três anos e, apesar de não ter recuperado o investimento inicial ainda, o negócio já se sustenta sozinho. ;Fiquei muito emocionada com o prêmio, porque passei por várias dificuldades. No começo, muita gente falava que não ia dar certo. Perdi funcionários bons, porque não acreditavam na oficina. Mas a minha persistência foi muito grande.;
O diferencial é o atendimento especial dado às mulheres, que representam 60% da clientela. Nas terças para mulheres (TPM), são oferecidos serviços de beleza, como manicure e limpeza de pele. Hoje, Agda tem seis funcionários: quatro mecânicos, sendo uma mulher, e duas atendentes. A divulgação da marca em redes sociais e o contato por e-mail ajudam a fidelizar a clientela. Quando a data da revisão do carro está próxima, o motorista é avisado pelo endereço eletrônico ou por mensagem no celular. A acessibilidade também contribui para a credibilidade do negócio. Às vezes, a empresária agenda serviços pelo Facebook. ;Nós temos sucesso num empreendimento quando resolvemos o problema de outras pessoas, dando atenção ao cliente e fazendo um acompanhamento pós-venda;, explica.
As vencedoras das outras duas categorias foram Gislaine Marcandali, de São Paulo ; Empreendedora Individual ; e Nadir Daroit, do Rio Grande do Sul ; Negócios Coletivos. Cada categoria também premiou empresárias com prata e bronze (veja o quadro). Todas ganharão um curso de capacitação e as que levaram o ouro farão uma viagem internacional. No total, foram 5,4 mil inscritas e 81 selecionadas na etapa estadual, 27 em cada categoria.
O presidente do Sebrae, Luiz Barreto, ressalta que as mulheres estão empreendendo cada vez mais por oportunidades que percebem no mercado, e não apenas por necessidade. Além disso, elas começaram a atuar em nichos predominantemente masculinos, como é o caso de Agda. ;As mulheres são detalhistas e muito abertas ao conhecimento. Elas sabem que a base de um bom negócio é a informação; ressalta Barreto.
O gerente da unidade de capacitação empresarial do Sebrae-DF, Ary Ferreira Júnior, afirma que, de cada 30 alunos que participam dos cursos oferecidos pela instituição, 20 são mulheres. ;O empreendedorismo feminino em Brasília vem crescendo numa velocidade grande nos últimos cinco anos e apresenta preocupação com a questão social e com a sustentabilidade. E isso de uma forma espontânea e caridosa;, destaca.
Jairo Martins, superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), parceira do Sebrae no prêmio, explica que as principais características que levam ao sucesso de um negócio são uma boa liderança, planejamento e pesquisa de mercado. As habilidades apresentadas com frequência pelas mulheres, entre elas a de se relacionar bem com a equipe, ajudam a garantir o sucesso. ;Eu acredito que a mulher é mais corajosa e escuta mais;, diz Martins.
Conheça as ganhadoras
Pequenos negócios
Ouro
Agda Oliver
Distrito Federal
Oficina Meu Mecânico
Depois de ser enganada por um mecânico, a ex-bancária decidiu abrir uma oficina com atendimento especial para as mulheres. Hoje, elas representam 60% da clientela e recebem dicas de manutenção e tutoriais sobre como trocar pneus, por exemplo.
Prata
Ana Maria de Sousa
Piauí
Colégio São Lucas
Abriu o colégio em 1991, com um investimento inicial de cerca de R$ 1 mil. Hoje, tem 1.150 alunos e uma receita anual de R$ 2,1 milhões. A instituição é reconhecida pela qualidade de ensino e pelas aprovações dos estudantes em universidades de várias cidades brasileiras.
Bronze
Jocilene Colognese Pelizzer
Paraná
Pellizzer Viagens e Turismo
Assumiu a função de motorista de ônibus para ajudar a reerguer a empresa de transporte escolar do marido. Com o tempo, percebeu que uma das cidades pelas quais passava tinha potencial turístico. Hoje, 12 anos após abrir a agência de turismo, conquistou 5 mil clientes.
Empreendedora Individual
Ouro
Gislaine Marcandali
São Paulo
Dublê Lavatório Portátil
A cabeleireira Gislaine começou a atender as clientes em domicílio depois que os filhos nasceram. Para lavar o cabelo delas, criou um lavatório móvel, portátil e desmontável, e patenteou a invenção. Dois anos depois, abriu uma loja para vender e alugar os lavatórios.
Prata
Soraia Cerqueira Felipe
Paraná
Tacógrafos Londrina
Para acompanhar de perto a vida do filho caçula, que se envolveu com drogas aos 14 anos, Soraia passou a trabalhar em casa, vendendo autopeças pela internet e pelo telefone. Aos poucos, foi conquistando a confiança dos clientes e ganhou o mercado.
Bronze
Leila Beatriz
Tocantins
Jubiart Artesanato
A beleza do Cerrado e da Amazônia são a inspiração para as biojoias, telas e artigos de decoração confeccionados pela artista plástica e artesã Leila Beatriz Reis. Os produtos têm como matérias-primas as sementes e as folhas dos dois biomas . A loja produz 220 peças por mês.
Negócios Coletivos
Ouro
Nadir Daroit
Rio Grande do Sul
Cooperativa de Produção de Sistemas Hidráulicos (Coosidra)
Nadir trabalhava em uma fábrica de sistemas hidráulicos e percebeu que o negócio estava à beira da falência. Ela liderou uma equipe de funcionários para assumir o controle da empresa. Juntos, fundaram a Coosidra.
Prata
Rosângela Fonseca
São Paulo
Cooperativa Regional Solidária de Catadores de Resíduos Sólidos (Coopersol)
Rosângela ajudou a associação de reciclagem em que trabalhava a se tornar uma cooperativa e ainda foi eleita presidente da Coopersol. Hoje, eles recolhem 60 toneladas de lixo reciclável, um aumento de cerca de 80%.
Bronze
Serrate Maria Souza Gonçalves
Piauí
Trançados da Ilha ; artefatos de tapeçaria
Ao ver na rua senhoras que faziam artesanato com a palha da carnaúba, Serrate decidiu participar e confeccionar os artefatos também. Ela acabou se tornando líder do grupo de artesãs e, hoje, exporta o material para diversos estados brasileiros.