Flávia Maia, Ana Maria Campos
postado em 28/03/2013 14:00
Brasília é uma cidade em busca de suas vocações. Nasceu predestinada à burocracia. Mas como uma cidade viva, as demandas por desenvolvimento apareceram. Experimentou tentativas de crescimento. Muitas delas fracassaram, conforme o Correio mostrou nos últimos quatro dias, ao longo da série Indústria Candanga. Outras iniciativas sinalizam que o espírito empreendedor pode superar falhas graves, vencer o atraso e criar oportunidades.
Pequenos e grandes empresários mostram que há progresso possível. Mas são uníssonos em reivindicar a atuação do poder público como um aliado no processo de gestão do crescimento econômico. A parceria entre público e privado beneficia o cidadão, que passa a ter acesso a mais postos de trabalho, à diversidade de produtos, à qualidade no consumo e a preços acessíveis.
O desafio é encontrar em quais atividades esse conceito de riqueza pode ser aplicado. ;Temos uma inclinação às empresas do setor de serviços, mas precisamos incrementar segmentos complementares;, acredita o secretário de Desenvolvimento Econômico, Gutemberg Uchôa.
Tecnologia da informação e comunicação (TIC), biotecnologia, agricultura orgânica, insumos para sustentabilidade são exemplos da chamada indústria limpa que ganha projeção internacional. Mentor do Porto Digital de Recife, Sílvio Meira, saiu do zero e chegou a um projeto de faturamento de R$ 1 bilhão (leia entrevista na página 22). ;Pode dar certo em qualquer cidade, mas há que se pensar grande, para um mercado, no mínimo, nacional;, aposta Meira.
Antes de abraçar o mundo, porém, o DF precisa dar as mãos ao Entorno. É impossível pensar em uma solução para a economia candanga sem envolver Goiás. Como área metropolitana, são 10 municípios. Como região integrada (Ride), 23. O Programa de Industrialização Mínima da Ride é a aposta da Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco). O projeto prevê a criação de polos industriais e fortalecimento dos já existentes. Um deles seria em Formosa. A cidade tem distrito agroindustrial com 18 fábricas, entre elas uma das mais importantes beneficiadoras de grãos do mundo, a Syngenta. Outras 35 empresas começam a se instalar.
Alexânia (GO) também criou um distrito agroindustrial (Dial) que está em fase de prospecção de empresas. O terceiro polo do Entorno ainda não existe, mas deve ser construído em Luziânia, Cidade Ocidental ou em Valparaíso. ;A ideia é que esses municípios abriguem indústrias mais pesadas como a de metal mecânica. O DF receberia os insumos dessas fábricas e produziria mercadorias de valor agregado mais elevado, como softwares;, planeja o superintendente da Sudeco, Marcelo Dourado. Brasília nasceu de uma concepção de vanguarda, mas perdeu a chance de contribuir para alavancar o desenvolvimento do país. Ideias bem executadas, talento empresarial e vontade política podem colocar Brasília nos trilhos.
Churrasqueiras lucrativas