Trabalho e Formacao

Passaporte para o mercado

Com duração mais curta, cursos técnicos e profissionalizantes abrem as portas para o primeiro emprego

postado em 08/04/2013 10:40
Ricardo Patrício de Sena, 36 anos, fez estágio e conseguiu uma vaga menos de seis meses depois de se formar no curso técnico de manutenção mecânica: o salário dobrouCursos técnicos e profissionalizantes podem ser o caminho mais curto até o tão sonhado emprego. Estudo feito pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) com estudantes formados em 2010 mostrou que 72% dos ex-alunos de cursos técnicos conseguem trabalho no primeiro ano após a formatura. Esses estudantes também contam com um incremento na renda. De acordo com a pesquisa, um ano após a formação, os profissionais conseguem aumentar o salário em 24%.

Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Remi Castioni, a educação profissional foi vista durante muito tempo como de segunda categoria, mas esse mito está deixando de existir. ;Os cursos técnicos têm conquistado cada vez mais espaço entre os jovens, que trocam a universidade por essa formação;, explica. Segundo ele, essas qualificações apresentam, ainda, um diferencial relevante: possibilitam aos jovens que não se decidiram por qual carreira seguir experimentarem um pouco mais o lado prático da carreira. ;Aos 16 ou 17 anos, muitos ainda não sabem que profissão vão escolher e, ao fazer um curso técnico, podem descobrir melhor em qual área focar;, justifica.

O diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, também enxerga os cursos técnicos como um auxílio na orientação educacional dos jovens e, principalmente, como uma opção para progredir mais rapidamente na carreira. ;Cursos de nível técnico são uma porta aberta para a juventude. Além disso, oferecem possibilidades de carreiras mais estáveis e bem remuneradas;, defende.

Na opinião dele, a matriz educacional no Brasil não é boa, e o país precisa abandonar a ideia de que só a universidade leva à conquista do primeiro emprego. ;Somente 6,6% dos brasileiros com idade entre 15 e 19 anos estão em cursos de educação profissional, sendo que, em países como a Alemanha, esse índice é de 53%;, exemplifica. A tendência é de que o número de vagas no país continue crescendo. Até 2015, o Brasil terá de formar 7,2 milhões de trabalhadores em nível técnico e em áreas de média qualificação para atender a demanda do mercado, um aumento de 24% com relação ao período de 2008 a 2011.

Em 2007, Ricardo Patrício de Sena, 36 anos, decidiu fazer o curso técnico de manutenção mecânica, com duração de dois anos e meio. Ele conta que conseguiu estágio durante a formação e, menos de seis meses depois da formatura, já estava empregado. ;Achei o curso completo e recomendo para quem deseja entrar mais rápido no mercado de trabalho;, afirma. Atualmente, ele é técnico de manutenção na área de desenvolvimento de projetos da Rexam, empresa fabricante de embalagens de consumo, e está no quinto semestre do curso superior de engenharia mecânica. ;Eu me apaixonei pela área em que atuo e acredito no desenvolvimento do Brasil. Cada vez mais, tenho certeza de que posso contribuir para isso;, comemora Ricardo, que revela ganhar mais que o dobro de antes da conclusão do curso.

Modalidades

De acordo com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação, a carga horária mínima dos cursos técnicos é de 800 horas, e podem participar alunos que estejam no ensino médio ou que já o tenham concluído. O curso técnico pode ser feito de três maneiras: integrada, em que o aluno frequenta aulas que reúnem conhecimento de ensino médio e educação profissional; concomitante, no qual o estudante possui duas matrículas e conta com uma complementaridade entre o curso técnico e o ensino médio; e subsequente, na qual, ao se matricular no curso técnico, o aluno já concluiu o ensino médio.

O Instituto Federal de Brasília (IFB), por exemplo, adota o modelo subsequente. Professora do curso de técnico em informática desde 2009 no IFB, Cristiane Bonfim conta que os alunos, que têm entre 18 e 35 anos, chegam às aulas com grande expectativa com relação ao mercado. ;Durante o curso, eles vão conhecendo melhor a profissão e, quando saem, sentem-se realizados profissionalmente ao encontrar uma oportunidade de trabalho mais rápido;, relata.

Os cursos profissionalizantes, por sua vez, recebem alunos com perfil um pouco diferente. Com duração menor ; de oito a 19 meses ;, essa formação atrai estudantes de diferentes níveis de escolaridade. ;Participam dos nossos cursos alunos que vão desde adolescentes de 12 e 13 anos que buscam capacitação até pessoas com mais de 20 anos de idade que terminaram ou não os ensinos fundamental e médio, mas que querem estudar para conseguir um emprego;, detalha Ademir Santana, diretor de expansão da Evolute Cursos Profissionalizantes, de São Paulo. Levantamento feito pela empresa em 2012 mostra que 70% dos jovens que apostam nesse tipo de formação conseguem entrar no mercado de trabalho até seis meses após se formarem. ;Eles costumam conseguir vagas de assistente e de auxiliar, por exemplo, antes mesmo de terminar o curso;, ressalta Santana.

Investimento
Na última segunda-feira, 1; de abril, foi publicada, no Diário Oficial da União, portaria que destina
R$ 405 milhões a algumas entidades do Sistema S ; Senac, Senai, Senar e Senat. Os recursos vão custear a modalidade bolsa formação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).


Capacite-se
Senac-DF


Oferece cursos profissionalizantes, divididos entre formação inicial e continuada ; de curta duração ; e cursos técnicos ; com duração superior a um ano.
Informações pelo site www.senacdf.com.br ou pelo telefone 3313-8877

Instituto Federal de Brasília (IFB)

Oferece cursos gratuitos de ensino técnico de nível médio
Informações pelo site www.ifb.edu.br ou pelo telefone 2103-2154

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