Trabalho e Formacao

Começar de novo

Manter a calma e recuperar a autoconfiança são fatores fundamentais para driblar o trauma da demissão e buscar outro trabalho

postado em 20/05/2013 10:16
Adriana Teles foi demitida logo que voltou da licença-maternidade e conseguiu se recolocar no mercado seis meses depoisA possibilidade de perder o emprego apavora qualquer um. Forçado a sair da empresa, o profissional precisa encontrar uma nova posição. No entanto, conquistar outra vaga fica ainda mais difícil quando a demissão prejudica não só a estabilidade financeira, mas também a autoestima e o interesse pela profissão. Então, como driblar a ansiedade e conseguir voltar à ativa?

;Primeiro, é preciso aceitar que se está em um momento de perda;, afirma Mike Martins, diretor executivo da Sociedade Latino-Americana de Coaching. Segundo ele, manter a calma e não agir por impulso são fatores fundamentais para se arranjar um novo emprego. ;Se o profissional não souber lidar com a perda, ele não consegue se recolocar no mercado;, comenta Martins. Encarar o desemprego como processo de mudança ajuda o trabalhador a equilibrar a mente. ;Sabendo que está em uma situação de desconforto, a pessoa consegue buscar o conhecimento para sair da crise;, diz.

Martins alerta também que quanto mais se demora a aceitar que se está desempregado e que se trata de um momento difícil, mais crescem os problemas relacionados à vida profissional. ;O tempo passa, e o dinheiro vai acabando e isso aumenta ainda mais a ansiedade;, afirma. A falta de recursos é outro motivo de preocupação a quem está sem trabalho. ;Isso ocupa a mente da pessoa e, assim, fica mais difícil se concentrar na busca por um novo emprego.;
De acordo com o especialista em coaching Carlos Prates, autor do livro Como conseguir um emprego, o desespero é maior ainda quando o demitido já sofria com dívidas ou passa por mudanças bruscas na família. ;A maneira como o trabalhador vai superar a demissão depende muito de fatores externos ao emprego;, comenta. Para Prates, família e amigos devem ajudar o profissional a passar por esse momento. ;O problema é quando as pessoas começam a cobrar do desempregado. O momento não é de cobrança;, alerta.

Sucesso

Procurar confiança dentro de si mesmo não é tarefa fácil, mas é possível e essencial para retomar o caminho para o sucesso profissional. É o que diz a psicóloga Celiane Secunho, autora do livro Resiliência ; arte de enfrentar a adversidade no ciclo da vida (Thesaurus / 176 páginas / R$ 49,90). ;Ter confiança e segurança é algo que faz bem também para a imagem do trabalhador;, afirma. De acordo com Celiane, a família deve ser logo informada da situação da falta de emprego. ;O profissional precisa reunir os familiares e avisar que vai ser necessária uma reorganização dos gastos;, indica. Assim, o trabalhador sente que tem apoio em casa e fica motivado a seguir procurando um novo rumo para a carreira. ;É sempre importante ter uma pessoa que seja uma alavanca para a pessoa se reestruturar na profissão;, comenta.

Demissões provocadas por problemas de comportamento na empresa ou por erro no trabalho são ainda piores para a autoestima do profissional. O medo de ser malvisto por possíveis novos colegas gera ansiedade e preocupação. ;Quando o funcionário deixa a empresa porque a prejudicou de alguma forma, muitas vezes sai estigmatizado;, afirma o especialista Carlos Prates. Mas nem por isso o trabalhador pode se diminuir. ;Nas demissões por justa causa, a pessoa precisa fazer uma análise sincera do que a levou a ser demitida e não ficar acomodada, com culpa;, comenta Celiane.
O excesso de culpa é outro obstáculo ao retorno bem-sucedido do profissional à carreira. Para Celiane, é importante ter consciência de que o mercado de trabalho exige preparo e se martirizar ; ou responsabilizar outras pessoas ; não resolve, nem justifica o problema. ;Tem gente que culpa o patrão, os colegas e até mesmo o país pela perda do emprego;, diz.

Repaginada

Com a cabeça no lugar, é hora de agir. O momento da transição de emprego é ideal para editar o currículo, que deve estar sempre atualizado. Para Carlos Prates, o desempregado deve analisar bem a carreira antes de ir atrás de novos trabalhos. ;Mandar currículos para qualquer oferta não é o ideal. É melhor ter certeza da área em que se desejar seguir. O profissional tem que saber para onde quer ir;, diz. Porém, Mike Martins afirma que o melhor é tentar várias seleções para vagas dentro de uma mesma área. ;É bom procurar, no mínimo, três empresas. Se o profissional não é selecionado em uma entrevista, pelo menos para a outra já está preparado;, sugere.

Quem foi demitido por justa causa deve ter cuidado redobrado durante o processo de seleção. O motivo da dispensa não deve estar explícito no currículo, mas o candidato não pode jamais mentir. ;Se perguntarem na entrevista se a demissão foi por justa causa, confirme. Não é preciso detalhar o que aconteceu, apenas explicar que houve um problema ou um desentendimento;, sugere Carlos Prates. Dizer a verdade, quando solicitado, é fundamental para o profissional não comprometer ainda mais a própria imagem. ;É melhor falar logo na primeira etapa da seleção do que esperar que o recrutador ligue para pedir referências ao ex-chefe e fique sabendo do que aconteceu por meio dele;, sugere o especialista.

Fazer uma rede de contatos ajuda o trabalhador a ser conhecido entre outros profissionais. Por isso, é preciso, mais uma vez, ter cuidado com a imagem pessoal. ;Não se deve pedir emprego insistentemente ao contato profissional, mas conversar e pedir dicas de onde e como atuar;, afirma Prates. No caso de demissão por questões procedimentais da empresa, como corte de gastos, vale a pena até pedir indicações ao antigo chefe, se a relação de trabalho tiver sido boa.
Conquistado o novo emprego, o momento é de aplicar o que foi aprendido durante a pausa. ;Recolocar-se no mercado não é difícil. O desafio é se consolidar;, afirma Mike Martins. Trocar muitas vezes de área sem propósito, por exemplo, é uma atitude que mancha a imagem do profissional. ;Ele tem de se posicionar e mostrar que vale a pena estar ali;, explica. Segundo o especialista, é preciso também se atualizar sempre para não ser pego de surpresa por mudanças no mercado. ;Ler e manter-se informado sobre a área é essencial para ficar atento tanto a profissões que podem se tornar obsoletas quanto aos novos filões.;

Mudança radical

Às vezes, o momento do desemprego pode se tornar uma oportunidade para descobrir que há outros campos profissionais a serem explorados. Foi o que aconteceu com a gestora cultural Adriana Teles, 30 anos. Formada em publicidade, ela trabalhava no Ministério da Justiça até julho de 2010, quando todos os funcionários terceirizados, incluindo Adriana, foram demitidos. ;Foi difícil, porque eu estava na minha zona de conforto e contava com flexibilidade;, relembra. No entanto, havia um agravante: ela estava grávida do primeiro filho. ;Eu tinha a garantia de que só sairia depois da licença-maternidade, mas era complicado saber que eu precisaria procurar outro emprego com um bebê para cuidar;, conta.

Disciplinada, Adriana aproveitou o tempo da licença para acompanhar a rotina do marido, que atuava como freelancer de produção cultural. ;Fui me interessando aos poucos pelo trabalho dele e acabei me envolvendo em uma ocupação prazerosa para mim;, diz. Acostumada a papeladas e à burocracia, a publicitária conquistou emprego em uma produtora seis meses após o anúncio do corte no Ministério. Para ela, não gostar de ficar parada ajudou a superar a dificuldade. ;Sempre gostei muito de ir atrás das coisas. Saber que eu teria de sustentar uma casa com um filho só me motivou ainda mais;, admite.

Para Mike Martins, diretor executivo da Sociedade Latino-Americana de Coaching , Adriana é um exemplo de como estar alerta ao dinamismo do mercado de trabalho é essencial para encontrar um novo emprego, mesmo nos momentos difíceis. ;Ela reconheceu no universo ao seu redor uma oportunidade que poderia dar certo;, afirma. Segundo ele, o desempregado, quando envolvido em pensamentos negativos, deixa passar inúmeras chances sem notar. Entretanto, mudar totalmente de carreira por causa de uma demissão nem sempre é o melhor a se fazer. ;É preciso ver se há recursos financeiros para apostar em uma boa preparação para encarar a mudança, que jamais deve ser feita por impulso;, completa Martins.
Como conseguir  um emprego  ; Autor: Carlos Prates ; Editora: Aprenda Fácil ; Páginas: 185 páginas ; R$ 45 (Editora Aprenda Fácil/Divulgação)
Como conseguir um emprego ; Autor: Carlos Prates ; Editora: Aprenda Fácil ; Páginas: 185 páginas ; R$ 45

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