Trabalho e Formacao

Da Espanha para Brasília

Negócio que começou em 1960, com uma marcenaria em Taguatinga, transformou-se em empresa de móveis com faturamento de R$ 15 milhões

postado em 24/06/2013 08:00
Os irmãos Marta e José Luiz com a mãe, Maria Luisa: união entre as geraçõesUma maleta de ferramentas foi a única coisa que German Celestino Diaz Garcia trouxe quando chegou a Brasília, em 1957.O carpinteiro e marceneiro espanhol veio da Europa em busca de novas oportunidades e trabalhou na construção da capital. Meses antes da inauguração da cidade ; em abril de 1960 ; o patriarca abriu uma marcenaria em Taguatinga, que se tornaria a German Interiores. Mais de 50 anos depois, a empresa que ele criou chega a faturar R$ 15 milhões por ano.

Hoje, os quatro filhos e amulher, Maria Luiza Fernandez, tocam o negócio. O mais velho, German, 55 anos, cuida da parte administrativa. O arquiteto Miguel, 48, está à frente da parte financeira e das obras dos imóveis comerciais que a família aluga para diversificar os investimentos. A caçula Marta,
42, e Maria Luisa, 81, tocam o hotel Atlântico, segundo empreendimento erguido em Taguatinga depois da marcenaria.

German morreu em 2007. Hoje, além dos dois empreendimentos iniciais, há lojas da empresa em três shoppings da cidade. ;Meu pai faz muita falta, era daqueles pais que só de olhar você já sabia o que ele queria dizer. Ele é nosso ídolo, nosso heroi;, relata José Luiz. O escritório do idealizador da empresa é mantido do jeito que ele deixou até hoje. Para garantir que o sucesso do empreendimento se mantivesse ao longo dos anos, José Luiz explica que o essencial é saber se adaptar às mudanças. A German, que tem negócios em vários ramos e busca sempre oferecer produtos variados, como a linha de móveis planejados, além de importar muitas peças, é exemplo disso. ;Tem que ser versátil e saber mudar na hora certa;, explica.

Entre 2002 e 2009, a empresa chegou a exportar móveis para os Estados Unidos e Dubai. Os produtos brasileiros foram expostos em showrooms compartilhados nos dois países. Com a crise econômica mundial, a firma, assim como muitas outras pelo mundo, decidiu se voltar apenas para o mercado interno. A fábrica da German tem 40 mil metros quadrados e fica em Anápolis (GO).

Em Taguatinga, no mesmo local em que foi aberta a primeira marcenaria, fica o centro de distribuição dos móveis. ;Nós temos um diferencial, porque somos fabricantes e lojistas. Podemos atender a alguma solicitação do cliente, como usar uma cor diferente. Quem revende tem de ir ao fabricante para pedir alguma modificação;, explica José Luiz. Ele também destaca que é essencial ter visão de médio e longo prazo e atender as demandas dos clientes, que estão cada vez mais exigentes.

Brigas? ;Têm todos os dias;, brinca José Luiz. O sangue espanhol às vezes fala mais alto, mas nada que comprometa a harmonia da família.Os problemas das empresas ficam lá e nunca atingem o relacionamento dos irmãos. As diferenças de opinião são resolvidas rapidamente. ;Essa união da família também é extremamente importante.; O Hotel Atlântico foi construído em Taguatinga, em 1974. Seu German colocouumgerente para administrar o negócio, mas o resultado foi desastroso. A mulher, Maria Luisa, se ofereceu para ajudar e,no primeiro mês em que ficou à frente do empreendimento, até conseguiu economizar. Ela conta que, no início, não foi fácil deixar a vida de dona de casa e se aventurar pela primeira vez em um trabalho fora, mas acabou
por descobrir uma paixão.

Hoje, aos 81 anos, a matriarca da família chega ao hotel às 7h e só sai depois das 18h30, com uma breve pausa para almoçar em casa. É ela quem cuida das compras do hotel e gerencia a equipe de funcionários. ;Eu gosto de público, gosto demexer com gente, de convesar;, conta Maria Luisa. E garante que deixa os problemas em casa para se dedicar exclusivamente ao negócio, que considera como uma outra família. A filha,Marta, 42 anos, cuida da parte administrativa e financeira do hotel. Formada em biologia, já no início da graduação ela pediu ao pai para trabalhar no hotel e nunca se imaginou fora do negócio da família.;O maior desafio é lidar com pessoas diferentes todos os dias e conciliar isso com o atendimento;, relata.

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