postado em 08/07/2013 09:47
Os donos de padarias estão à procura de profissionais qualificados para garantir que o pão quentinho chegue às prateleiras para o consumidor. A tradição de passar o ofício de pai para filho perdeu força e está difícil encontrar padeiros preparados e interessados em seguir a carreira. Estabelecimentos em todo o país sentem a carência. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), há 20 mil vagas abertas para a função. No Distrito Federal, o Sindicado das Indústrias de Alimentação de Brasília (Siab) estima um deficit de 1,2 mil trabalhadores. São cerca de 1,3 mil padarias na cidade, que empregam aproximadamente 3,9 mil padeiros.A procura por profissionais capacitados impulsiona as remunerações. O piso salarial no DF é de R$ 955, mas um padeiro experiente chega a ganhar R$ 5 mil por mês, segundo a Abip. O presidente do Siab, Paulo Sérgio Dias Lopes, diz que, apesar de a falta de mão de obra qualificada não ser exclusiva da área de panificação, nesse setor, algumas questões dificultam especialmente a contratação. ;No caso dos padeiros, fatores como a falta de interesse em continuar na carreira e o horário de serviço também interferem. É comum o ramo perder força de trabalho para setores mais atrativos, como a construção civil;, explica.
Outro problema listado por Lopes é a oferta insuficiente de cursos de formação no país. As poucas oportunidades se concentram em instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Além disso, os casos de abandono dos cursos são recorrentes. ;Muitos começam a fazer as aulas, mas não têm a vontade de continuar na carreira e acabam por focar em outras formações, como a graduação em gastronomia;, diz Lopes.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), Alexandre Pereira, afirma que o setor passou por modificações nos últimos 13 anos e, por causa disso, a mão de obra ainda está em processo de formação. ;De 2000 para cá, as padarias passaram a oferecer novos produtos, como café da manhã e almoço. Isso deu origem ao perfil do padeiro qualificado, uma preparação que leva tempo, mas que valoriza a profissão;, explica.
Solução caseira
Para enfrentar a falta de profissionais, os empresários buscam alternativas e qualificam trabalhadores nos próprios estabelecimentos. Lázaro Guimarães, dono da Casa do Pão, tem 25 anos de experiência no mercado de panificadoras e conta que o problema para contratar padeiros não é novidade. Como solução para driblar a carência, ele capacita funcionários que atuam em outras funções. ;Nós pegamos um atendente, por exemplo, que já tenha interesse na área, e o qualificamos para o trabalho. Fazemos uma escola dentro da própria padaria;, explica.
Guimarães acredita que o problema não é exclusivo da profissão de padeiro, mas sim reflexo de uma mudança de mentalidade dos trabalhadores e da falta de investimento na área. ;O profissional não gosta de esperar por aprendizado e por crescimento com segurança na carreira. Às vezes, ele entra, fica três meses e sai para outro emprego que pede menos treino. Ele não percebe que precisa melhorar com o tempo;, completa.
O padeiro Renato Oliveira, 32 anos, é uma raridade. ;Sempre quis trabalhar com pão. Eu achava bonito criar uma coisa assim;, lembra. Funcionário de Lázaro há 8 meses, ele explica que o interesse e a dedicação no trabalho foram responsáveis por atrair a atenção dos superiores da empresa. ;O patrão me orientou a fazer o curso do Senai, que durou dois anos. Depois de ver o resultado, ele gostou e assinou a minha carteira como padeiro. Ainda fiz outros cursos, como o de confeiteiro, para aprender mais formas de produzir;, conta. Hoje, é ele quem ajuda a transmitir as técnicas do preparo do pão e acredita que o principal empecilho seja a falta de conhecimentos teóricos. ;Tem gente com 30 anos de experiência que só sabe fazer um tipo de pão, que não tem cuidado com a temperatura do forno ou que não deixa a massa descansar depois de pronta. Quando chega alguém novo, que quer aprender na prática, eu tento passar tudo o que eu estudei também;, afirma.
A experiência de Renato vale ouro no meio. Ele chegou a receber propostas para trabalhar em outras lojas, mas diz se sentir realizado no emprego e só quer sair de lá se for para abrir o próprio negócio. ;Já até ligaram aqui para saber se tinha padeiro atrás de emprego, mas costumamos conversar com os chefes e avaliamos o que é mais seguro;, conta.
Geração de empregos
O último levantamento feito pela Abip, em 2012, mostrou que o país tem cerca de 64 mil empresas de pequeno e médio porte no setor de panificação, com mão de obra estimada em 802 mil funcionários. A área representa 36% do faturamento do setor de food service no Brasil.
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