postado em 23/09/2013 10:12
Um executivo de sucesso com dilemas existenciais encontra, nos ensinamentos de um ex-empresário que virou frade, o sentido de que precisava para promover uma mudança na vida pessoal e profissional. Essa é a história contada no livro O monge e o executivo (Sextante / 139 pág. / R$ 19,90), do autor americano James C. Hunter. Apesar de trazer conceitos simples sobre liderança, a obra vendeu mais de 3 milhões de exemplares no Brasil desde o lançamento, em 2004, e ficou nas listas dos mais vendidos no país durante 400 semanas. Ele concorda que os princípios abordados no livro são básicos, o difícil mesmo é colocá-los em prática nas organizações e aprender a ser um líder que saiba ouvir e exercer influência sobre as pessoas. Em vez de fazer um manual de liderança, Hunter preferiu ensinar os princípios contando uma história, que se passa em um mosteiro. Cristão, ele inspirou-se na forma como Jesus deixou grande parte dos ensinamentos, por meio de parábolas. ;É um ótimo jeito de ensinar verdades eternas;, afirma. O autor conta que escreveu o livro como presente para a filha, que tinha cinco anos na época. Em entrevista ao Correio, Hunter falou sobre o conceito de liderança ;servidora; e sobre a crise de liderança pela qual as pessoas passam em casa, na política e nas empresas, evidenciada pelos protestos que tomaram conta do país nos últimos meses.Quais são os principais ensinamentos do livro?
Eu acredito que o principal é entender que a vida é sobre pessoas, sobre relações. No trabalho, é a mesma coisa, sem pessoas não há negócio. Precisamos entender que as pessoas respondem a elementos como paciência, bondade, respeito e honestidade. Elas não querem estar perto de líderes corruptos e desonestos. Isso pode ser reforçado pelos tumultos ao redor do mundo, até mesmo no Brasil. Em junho, houve uma série de manifestações por causa de má liderança. O mesmo problema ocorre no meu país, na Líbia, na Síria. As pessoas estão cansadas e querem mais dos líderes, em todo lugar: em casa, nas escolas, na vizinhança, na política.
Como é possível colocar em prática os princípios ensinados no livro?
Isso é muito difícil. Você deve ter um desejo, começa com uma escolha. Você precisa estar insatisfeito com a sua vida e com a sua liderança e querer crescer e melhorar. Isso não acontece lendo um livro ou ouvindo discursos, é necessário praticar. É como aprender a nadar, ninguém aprende a nadar lendo um livro. Você pode aprender sobre natação, mas não vai se tornar um bom nadador até que comece a nadar.
Qual é a diferença entre os conceitos de líder e de chefe?
Eu acho que as pessoas não entendem o conceito de liderança ;servidora; até que elas entendam a diferença entre poder e autoridade. Com poder, você alcança submissão, as pessoas têm que fazer as coisas, não têm escolha. Mas a liderança verdadeira tem a ver com inspirar e liderar as pessoas para a ação. Elas querem fazer isso, querem fazer parte de uma missão grandiosa, e isso é bem diferente de poder.
Esse tipo de liderança é determinante para as empresas?
É essencial se você quer ter excelência. Há um ditado nos Estados Unidos que diz que bom é inimigo de excelente. Nós podemos ser bons o suficiente com poder, mas ele não alcança uma empresa de excelência, onde as pessoas se esforçam de verdade e são inspiradas a darem o melhor para a companhia. Excelência é quando você está disposto a dar um passo a mais. Isso é a liderança verdadeira, inspirar as pessoas e levá-las à excelência.
Você pode liderar de qualquer cargo ou área da organização?
Sim, porque liderança é influência, é a marca que você deixa nas outras pessoas. E nós todos deixamos uma marca. A questão é: vamos todos ficar contentes que você esteve lá? Tudo o que fazemos deixa uma marca, seja como pais, seja na vizinhança. Você não precisa ser um chefe para ser um líder.
Quais são as características e um bom líder?
A regra de ouro é: trate os outros da maneira que você deseja ser tratado. Por isso, eu digo a eles: sejam os chefes que vocês gostariam que o seu chefe fosse. Ninguém quer trabalhar com pessoas impacientes, arrogantes, desrespeitosas, egoístas, corruptas ou desonestas. Isso não inspira as pessoas, mas nós vemos isso pelo mundo todo. As pessoas estão cansadas disso. Acredito que essa também é uma das razões por que o livro fez sucesso no Brasil. Os brasileiros são muito gentis, então, porque trabalhariam para um idiota? Não é preciso viver dessa forma. Temos que ser bons, pacientes, bons ouvintes. Mas, por outro lado, se você trabalhar para mim, vou exigir que me dê bons resultados, que forneça excelência para a companhia. E se você não fizer isso, ganhará uma advertência e poderá ser demitido, porque eu não vou fazer o resto da minha equipe trabalhar com você, já que eu quero que a minha equipe seja a melhor. A maioria das pessoas acabam caindo do cavalo de um jeito ou de outro. Elas são boas ou rígidas demais, temos que encontrar um ponto de equilíbrio entre as duas situações.