Trabalho e Formacao

Você está nas redes profissionais?

Cadastro virtual e sites de emprego servem como vitrine para o mercado de trabalho e são cada vez mais usados pelas organizações. Quem não está conectado pode perder chances de contratação

postado em 14/10/2013 16:30
Marina foi recrutada pela internet: Se a internet já tomava conta da vida pessoal, agora não tem mais volta: ela chegou para ficar também no ambiente profissional e tornou-se uma aliada de recrutadores nos processos seletivos. A maioria das empresas de médio e grande porte já percebeu a importância desses mecanismos. Por meio de redes sociais profissionais e de sites de emprego, eles conseguem aumentar a qualidade da seleção e ter mais segurança sobre o perfil do candidato escolhido para a vaga. As vantagens se estendem aos trabalhadores, que precisam estar conectados para garantir que serão vistos no que promete se tornar a principal vitrine do mercado.

Mais da metade dos brasileiros já usaram algum site de empregos na busca da atual ocupação, de acordo com pesquisa feita pelo site de classificados on-line Catho. Luís Testa, diretor de marketing da empresa, explica que esses sites são ferramentas mais direcionadas, usadas por aqueles que realmente estão procurando uma colocação no mercado. Só o site da Catho recebe, em média, 7 milhões de acessos por mês. Já as redes sociais profissionais servem como complemento, são uma forma de turbinar a rede de contatos. Para Testa, o uso de ferramentas on-line no mundo do trabalho é um caminho sem volta. ;A internet se popularizou e não existe mais nenhum receio de compartilhamento de informações. Isso ajuda na construção do mercado tanto pelo lado das empresas quanto pelo lado dos candidatos;, afirma.

;As organizações estão começando a olhar quem são os funcionários mais assíduos na internet, que tipo de conteúdo consomem e quem eles conhecem;, avalia o estrategista em marketing Gabriel Rossi. Ele lembra que a vida profissional está cada vez mais próxima da pessoal e, por isso, os recrutadores começam a levar em consideração postagens em redes sociais como o Facebook. O objetivo é avaliar se o perfil demonstrado na entrevista ou na rede profissional condiz com quem a pessoa é realmente.

Sob os holofotes
Marina Santos, 28 anos, foi recrutada pela Catho para o cargo de analista de recursos humanos. Ela prefere essa maneira de contato com as empresas por aumentar a visibilidade. ;Dessa forma, eu deixo disponível o meu currículo para várias empresas. Se eu sair para entregá-lo em cada uma delas, não vou conseguir um número tão grande;, opina. Mariana Boner, diretora de recursos humanos da organização que contratou Marina, a Globalweb Corp, explica que o site de empregos e o LinkedIn são usados como formas complementares de recrutamento. ;Os sites mais tradicionais são sempre nossas fontes principais de busca de pessoas, porque têm um banco gigantesco de profissionais com todos os tipos de conhecimento e de competências;, destaca. No entanto, ela observa que cerca de um quarto dos candidatos em potencial não estão ativos nesses meios, daí a importância de se usar a rede social de forma estratégica. Os recrutadores da organização viram headhunters em busca de candidatos que têm o perfil para a vaga, mas que não estão procurando emprego.

Foi dessa maneira que Rodrigo Ramalho, 24 anos, foi contratado para o posto de consultor técnico da Globalweb. ;Eu uso o LinkedIn como forma de manter minha atividade profissional. Eu acho importante porque ele concentra o currículo atualizado e qualquer um pode visualizá-lo na hora que quiser;, comenta. O perfil de Rodrigo chamou a atenção de uma recrutadora da empresa, que entrou em contato prontamente. Nessa época, ele ainda não tinha terminado de tirar uma certficação que era pré-requisito para a vaga, mas, assim que atualizou o currículo na rede social, o aviso foi lançado para todos os contatos e Rodrigo recebeu outra ligação, dessa vez para marcar a entrevista e, posteriormente, para assinar o contrato.

Prováveis candidatos
Quando foi contatado pelo LinkedIn, Rodrigo estava em outro emprego, mas manter o currículo atualizado foi fundamental para ser recrutado para o novo posto. ;Se você descreve seu perfil com exatidão, com as suas melhores habilidades, mesmo que esteja trabalhando, é um potencial candidato para excelentes oportunidades;, reforça a consultora Roselake Leiros, diretora da empresa de desenvolvimento humano CreSerMais.

O gerente regional do ManpowerGroup, Rodrigo Michellino, lembra que o LinkedIn ; principal rede social profissional usada pelas empresas ; mantém uma porcentagem relativa ao número de campos de qualificação preenchidos. Quanto mais completo o currículo estiver, maiores as chances de ele chamar a atenção dos recrutadores. Ele sugere ainda que os profissionais sigam os perfis das empresas no Twitter e curtam as páginas no Facebook, para acompanhar as vagas que são divulgadas.

A dica da especialista Sylvia Ignácio da Costa, coordenadora da graduação tecnológica em gestão de recursos humanos da Anhembi Morumbi, é que o profissional faça uma boa descrição inicial para se apresentar ao recrutador. Um texto direto, sem autoelogios, gramaticalmente correto e que inclua as principais competências e habilidades que possui. Assim, além de atrair a atenção, o currículo ficará mais visível, pois facilitará a busca por palavras-chave na rede. ;O currículo terá uma influência muito grande no sucesso ou no insucesso. Não importa se é on-line ou não, esse é o primeiro contato que alguém que não te conhece terá com você;, finaliza.

O site 99jobs resolveu inverter a lógica e oferece aos jovens profissionais a oportunidade de escolher as empresas em que vão trabalhar, e não o contrário. A gerente de relacionamento, Bárbara Teles, explica que o internauta escolhe palavras-chave fixas para indicar com qual tipo de organização mais se identifica. ;Acreditamos que, de fato, existem ambientes para todos os tipos de pessoas, depende dos valores de cada um. O nosso objetivo é descobrir quem são as pessoas certas para determinados lugares;, afirma. Após quatro meses de criação, o site tem 81 mil profissionais inscritos, a maioria jovens de 18 a 24 anos que estão na universidade ou que já se formaram.

Pesquisa feita em agosto pela empresa de recrutamento especializado Robert Half com 651 executivos brasileiros mostrou que 83% deles fazem networking virtual. ;O brasileiro é famoso globalmente por ter muitas associações no mundo virtual. O país é um dos maiores usuários do Facebook e o LinkedIn está indo no mesmo caminho;, lembra a gerente da divisão de Finanças e Contabilidade da empresa, Marta Chiavegatti. Isso não significa, porém, que os profissionais deixaram de investir no networking pessoal: 81% deles confirmaram que mantêm a maneira tradicional de se relacionar profissionalmente. ;Nada substitui o olho no olho. Eu entrevisto muitas pessoas e tenho acesso a vários currículos, mas é diferente analisar um profissional pessoalmente;, conclui Marta.

Destaque mundial

O Brasil é o terceiro maior mercado do LinkedIn no mundo, com mais de 13 milhões de usuários cadastrados, atrás apenas de Estados Unidos e Índia. Em julho deste ano, a empresa abriu o primeiro escritório no país, na cidade de São Paulo.

Vagas on-line
O site Admite-se, do Grupo Diários Associados, também reúne ofertas de vagas de várias empresas. No endereço www.admite-se.com.br é possível visualizar todas as oportunidades e ainda cadastrar o currículo. Além disso, são postadas notícias sobre o mercado e trabalho diariamente. m agosto, o site teve 172 mil visualizações.

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