
A Dacuia tem a cara das pequenas coisas que viveu e das influências que teve nesse caminho: a torta de morango da tia, a tarte au citron australiana, a mãe nordestina, o pai mineiro, o curso de design de moda, os dois anos interrompidos da graduação em psicologia e até o pato com tucupi, prato preferido da época em que morou em Porto Velho, aos 8 anos. É por isso, inclusive, que faz questão de usar os dois sobrenomes, que carregam o lado artístico dos Cunhas e o dom para a cozinha dos Tonelli. Também é esse o motivo pelo qual ela valoriza a simplicidade dos produtos que vende. “Não tem nada gourmet, é tudo muito simples”, observa.
Carolina cozinha em casa. Pertinho do lago, ela tem como inspiração uma varanda com rede e um quintal repleto de árvores, flores e frutos que, volta e meia, quando a estação do ano permite, são incorporados às receitas. “Financeiramente estou muito feliz, estou fazendo o que eu gosto e existe reconhecimento dos meus clientes”, enumera. Em agosto, o negócio completou um ano e a página no Facebook tem mais de 800 amigos.
O cardápio inclui bolos caseiros, quiches, tortas e cheesecake. Tudo dentro da proposta inicial do negócio, a sustentabilidade. As embalagens são feitas com formas de papelão trançadas com barbante colorido e o cartão de apresentação da loja é de papel reciclado. Como designer, Carolina é exigente com a estética do produto. A identidade da marca foi bem resolvida desde o início, com a ajuda do marido, Renato, que é web designer. “Não tenho vontade de abrir uma loja física. Talvez ir para uma casa maior, onde eu possa manter essa proposta”, relata.
Liberdade e valorização
Hoje, Carolina cuida de cada detalhe da produção, desde a compra do alimento até a entrega. Ela acredita ser essencial o contato com o cliente, o único elemento em comum de todos os empregos pelos quais passou. O retorno sobre o trabalho é um dos fatores que mais valoriza e que nunca tinha vivido plenamente nas outras funções que desempenhou. “Parece que a valorização é artigo de luxo hoje. Se a pessoa falar bem de você é como se ela tivesse que te promover e te pagar muito mais. Isso é absurdo, porque você está fazendo o seu melhor. Eu sempre fui assim, sempre trabalhei dando o meu melhor, mas nunca achei que existia uma valorização”, critica.
Essa foi uma das razões pelas quais abriu negócio próprio. “Sempre quis ter alguma coisa que fosse minha, eu não me adequo facilmente ao que é padrão”, diz. Carolina tem vontade de abrir um bistrô, que possa unir todas as paixões: a moda, as comidinhas e o atendimento ao público, mas prioriza a felicidade e aquilo que ela sabe ser o segredo do sucesso: “Quem cuida sou eu, é isso. Para dar certo até hoje esse é o motivo”.