postado em 22/12/2013 10:51
Depois de planejar a empresa, formalizá-la e resistir aos primeiros anos de funcionamento, o empresário pode começar a pensar em expandir o negócio. Não existe um momento certo para isso, mas, antes de tudo, é necessário que a matriz esteja bem estruturada e organizada, gerando lucro de forma contínua e consistente, pois um erro nesse processo compromete inclusive o desempenho da matriz. Por isso, é importante fazer um estudo do novo mercado, avaliar o ponto comercial e a demanda pelo produto ou serviço nesse local e traçar metas de faturamento e de custos do novo empreendimento. Na última da série de reportagens sobre como criar uma empresa o Correio reúne dicas para o empreendedor que pretende dar um passo adiante.As principais opções de crescimento para empresas de pequeno a médio porte são montar um modelo de franquia, abrir uma filial e, mais recentemente, o e-commerce (veja o quadro). O coordenador do curso de administração do UniCeub, Marcelo Gagliardi, sugere que o empresário contrate profissionais capacitados para fazer uma pesquisa de mercado e avaliar as oportunidades de crescimento, além de firmar boas parcerias. Outra opção é a necessidade de procurar um sócio, seja para investir no negócio, seja para trazer o conhecimento necessário durante o processo. Gagliardi lembra que a expansão pode ocorrer em três níveis: local (na mesma cidade), regional (em outra cidade) e global, quando os riscos são cada vez maiores e o planejamento precisa ser ainda mais detalhado. Uma sugestão para quem quer expandir internacionalmente é começar a exportar pequenas quantidades do produto antes de investir em uma operação mais ousada. O Exporta Fácil, dos Correios, facilita esse processo. ;Às vezes, uma empresa sólida que dá um passo em falso na expansão, em vez de expandir, encolhe;, alerta o professor.
Luiz Antônio Campos, 48 anos, dono da Croissanterie, decidiu abrir uma nova unidade e duas franquias da loja alguns anos depois da inauguração, em 1991. A expansão foi um fracasso e, em 2000, ele precisou fechar as portas de todas as lojas, inclusive da matriz. Para não cometer o mesmo erro, ele sugere que o empreendedor avalie se realmente há demanda pelo produto ou serviço no local em que pretende instalar o novo empreendimento. Do contrário, em vez de aumentar a clientela, o empresário vai apenas dividi-la entre os dois pontos. ;É uma nova empresa e também tem um tempo de maturação. Não vai necessariamente carregar o sucesso da primeira;, afirma. E caso perceba que a expansão vai dar errado, a dica de Luiz é desistir cedo, para não comprometer o empreendimento original. ;Levou quase 10 anos para revertermos esse quadro. Começamos praticamente do zero. Fechamos em 2000 e reabrimos em 2001, num espaço bem pequeno;, conta.
[SAIBAMAIS]Mudanças no ano-novo
Os donos da Commute BikeStudio, Samuel Haddad, 27 anos, e Daniel Malva, 34, abriram a loja em 2012 e, agora, planejam a expansão para um e-commerce ; que deve começar a funcionar nos primeiros meses do próximo ano. Além disso, querem ainda abrir mais uma unidade no segundo semestre de 2014.
;Consideramos possibilidades tanto para uma segunda quanto para uma terceira loja, e as vendas por e-commerce vão pautar em que local elas poderão ser. A partir daí, faremos também outras pesquisas;, explica Samuel. O foco do negócio é a venda de bicicletas para ciclismo urbano, específica para quem usa esse meio de transporte no dia a dia. Como é um serviço novo no país, eles não descartam a possibilidade de abrir unidades fora de Brasília. ;Vamos avaliar a presença ou não de ciclovias, a cultura da bicicleta por meio de grupos na cidade, se é perto dos distribuidores, quais serão as taxas, enfim, vários fatores vão influenciar;, completa Daniel. Os empresários ainda têm em mente uma expansão horizontal: vão começar uma linha de produção própria de bicicletas para oferecer produtos exclusivos aos clientes.
Esse tipo de inovação é essencial para sustentar o crescimento da empresa e não precisa ocorrer apenas em produtos. A especialista Anna Maria Guimarães, coordenadora do pós-MBA da escola de educação executiva com foco em empreendedorismo e inovação B.I. International, explica que as organizações podem inovar também em processos e em gestão. A gestão compartilhada, segundo ela, é a que tem tido melhores resultados nas empresas. ;É importante considerar os funcionários como parceiros e envolvê-los no processo. Colocar as gerações X e Y trabalhando juntas, de forma a extrair o melhor do conhecimento das redes sociais e da bagagem, tanto técnica quanto de vivência da geração X;, destaca. Oferecer uma remuneração variada, com bonificações além do salário fixo, ter um plano de carreira mínimo e indicadores de desempenho e de metas são outras ferramentas de gestão que contribuem nesse processo.
Plano programado
Para planejar a expansão é preciso ainda de antecedência. A especialista Anna Maria Guimarães explica que em agosto já é preciso fazer o planejamento do ano seguinte, analisando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, do setor em que está inserido e da inflação, para calcular a possibilidade de crescimento. A partir dessa avaliação, será necessário definir o que vai precisar fazer para crescer , se vai inovar, se vai promover mudanças nos processos ou nos produtos. O plano de crescimento deve incluir um planejamento estratégico de médio a longo prazos, ou seja, para os próximos cinco a 10 anos.
Quem optar por criar um modelo de franquia do negócio também precisará de um planejamento detalhado. O especialista em varejo e em franchising da Endeavor Brasil Adir Ribeiro destaca que a empresa deve ter experiência no negócio e uma imagem consolidada no mercado; manuais, processos e projeto arquitetônico das unidades estruturados; programas de treinamento formatados para garantir a transferência de know-how; e o cálculo da viabilidade financeira, ou seja, quanto vai investir no processo e quanto vai ganhar. Não há um momento certo para iniciar o processo de franqueamento, mas está em análise no Congresso Nacional uma alteração na lei de franquias ; Lei n; 8.955, de 1994 ; que pode tornar obrigatória a exigência de que a matriz tenha pelo menos um ano de operação. ;Não existe certeza nenhuma, em franquia muito menos. Os estudos ajudam apenas a minimizar os riscos;, lembra Ribeiro.
Do ponto de vista legal, o advogado Fernando Brandariz, especialista em elaboração de acordos de acionistas, explica que cada filial precisa ter um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) diferente, e a mesma regra vale para franquias. Além disso, cada uma dessas empresas tem de contratar os próprios funcionários, ou seja, os trabalhadores de uma unidade não podem prestar serviço para a outra, mesmo que esporadicamente. ;O trabalho e a localização serão diferentes. O contrato não pode ser alterado unilateralmente, por mais que seja por um ou dois dias;, alerta o advogado.
Facilidades
O Exporta Fácil é um conjunto de serviços dos Correios que oferece facilidades para empresas e pessoas físicas na hora de exportarem os produtos. Com o sistema, não é preciso tirar antecipadamente o registro de importador ou exportador nem esperar a emissão da Declaração Simplificada de Exportação. Cada remessa pode ter valor máximo de US$ 50 mil e cada pacote pode pesar até 30kg. Os prazos de entrega variam de 1 a 30 dias úteis, a depender da modalidade de serviço escolhida. Mais informações estão disponíveis no site www.correios.com.br/exportafacil.