Os jovens que entram no mercado de trabalho hoje estão acostumados a viver em um mundo em que as mudanças são constantes, e a tecnologia avança a cada dia. Por isso, independentemente do cenário econômico, aqueles que souberem usar as redes sociais e criar uma marca que os diferencie em meio a outros candidatos conseguirão progredir na carreira. O trajeto não é fácil. Muitas vezes, esses profissionais vão encarar conflitos com chefes que fazem parte de outra geração, e precisarão trabalhar duro para superar estereótipos como os de preguiçosos e sem comprometimento.
Esses são alguns dos temas abordados pelo autor Dan Schawbel no livro Promova-se: as novas regras para uma carreira de sucesso. Ele defende que os profissionais nascidos nas décadas de 1980 e 1990 ; conhecidos como geração Y ou millennials ; se preparem para se adaptar às necessidades do mercado, que mudam com frequência. E isso, segundo ele, depende de um esforço individual e de criar uma marca pessoal. ;Você não pode simplesmente ficar sentado e manter as mesmas habilidades que tem hoje daqui a cinco anos e esperar que o mesmo emprego ainda exista. Você precisa ver para onde tudo está indo e se preparar para mudanças na economia;, diz.
No último domingo, o autor apresentou palestra sobre internet, novos mercados e novos modelos de negócios na 2; Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília. ;Você não é mais conhecido por uma companhia, e isso faz parte da marca pessoal também. É menos sobre a companhia para a qual você trabalha e mais sobre os projetos que você tem e os resultados que você alcança;, explica.
Schawbel chama esse quadro de busca constante por emprego, em que o profissional é um agente livre, sempre atento a novas oportunidades e querendo mudar e se adaptar. Ele diz que pelo menos dois anos é o tempo ideal para se ficar numa mesma organização, mas que essa decisão precisa ser tomada pelo próprio profissional, levando em consideração diversos fatores, como família, salário, condições da empresa e local em que vai morar. ;Você tem que ser o seu CEO;, resume.
Na minha época;
Esse perfil diferente da mão de obra que começa a tomar conta das empresas vai de encontro às características de gerações anteriores e acaba por criar tensões no ambiente de trabalho. O hábito de comparar comportamentos de profissionais mais velhos com aqueles da atual geração é o principal causador de conflitos nas empresas, de acordo com Alexandre Prates, especialista em liderança, desenvolvimento humano e performance organizacional. ;Quando alguém de uma geração diferente que veio de outra cultura tenta exigir as mesmas características de uma geração mais jovem, que naturalmente teve outra criação, geralmente, não dá certo;, diz. Para ele, os líderes precisam ensinar os funcionários mais novos, e não julgá-los. ;O líder tem que compreender que as pessoas mudaram e que o tempo é outro. Essa nostalgia não ajuda em nada;, completa.
Outro ponto preocupante, na visão de Prates, é o pouco tempo que esses gestores estão reservando para promover o desenvolvimento das pessoas, por meio de orientações, reuniões com a equipe e feedbacks constantes. Segundo ele, há muitos que não usaram a trajetória no cargo mais alto para formar sucessores. Isso se deve também ao fato de as organizações não terem preparado esses profissionais para a tarefa de engajar outras pessoas, o que provoca uma escassez de líderes. ;A empresa precisa formar as próprias lideranças para que elas, por sua vez, formem outras pessoas.;
Há ainda outra mudança que exige um esforço por parte de líderes da geração X e baby boomers (veja o quadro): eles precisam estar conectados às redes sociais para se comunicarem com os funcionários mais jovens e evitar conflitos. Carla Arena, 42 anos, é um exemplo de gestora que soube se adaptar à tecnologia para lidar com os desafios do mercado e com os funcionários mais jovens. ;Eu sempre estou mudando e vejo quais são as tendências. Nós temos mais dificuldade, precisamos correr atrás, pois não é uma coisa natural, não nascemos com essa tecnologia;, admite ela, que é chefe do Departamento de Tecnologia, Educação e Comunicação Digital da Casa Thomas Jefferson.
Fabrício Freire, 26 anos, trabalha como assistente no setor que Carla coordena e percebe que outros jovens da geração dele têm dificuldade de pesar as consequências profissionais de comportamentos inadequados nas redes sociais e até mesmo no ambiente de trabalho. A experiência no mercado o fez saber lidar com a autoridade e a cuidar da imagem nas redes sociais. ;Hoje, eu me preocupo em postar as coisas que me agradam no dia a dia, mas sempre tendo pudor e pensando no que aquilo pode interferir ou não nas minhas relações sociais e profissionais;, relata.
Carla também está sempre conectada a redes sociais, nas quais compartilha temas relacionados ao trabalho que desenvolve, e acredita que essa participação contribui para o diálogo com os mais jovens. ;Estar no meio on-line ajuda a ter mais abertura e, dessa forma, acho que o conflito de geração diminui um pouco. É uma relação de troca mesmo. Talvez o Fabrício aprenda alguma coisa comigo e eu aprendo muito com ele e com os outros funcionários dessa geração.;
Intraempreendedores
Nesse novo contexto do mercado de trabalho, o que as companhias têm buscado são profissionais que superem as atribuições cotidianas do cargo que ocupam e corram atrás de oportunidades que possam levar ao sucesso do negócio. São os chamados intraempreendedores, ou seja, empreendedores que trabalham na organização. Para isso, o autor Dan Schawbel afirma que os profissionais da geração Y precisam desenvolver habilidades interpessoais ; como ser capaz de gerenciar o tempo, ter uma atitude positiva e conseguir trabalhar em grupo ;, mas acabam deixando essas características de lado porque estão muito ocupados com a tecnologia, olhando para smartphones e tablets.