Em um mercado de trabalho apertado, que favorece quem está à procura de uma vaga, as oportunidades se multiplicam para os profissionais qualificados. Além de premiá-los com rápida ascensão, as empresas incentivam a continuidade dos estudos. A trajetória de Karen Fujita, 34 anos, é o espelho desse quadro. Ela ingressou na operadora de telefonia Vivo aos 16 anos como estagiária no setor de Call Center. Assim que completou 18 anos, teve a carteira assinada. ;A empresa apostou em mim. Proporcionou cursos que me permitiram ir para a área de vendas;, contou.
Durante os quatro anos em que trabalhou na nova vaga, Karen fez faculdade de Letras, com especialização em português e inglês. Assim que conquistou o diploma universitário, a empresa ofereceu um curso voltado para gestão e liderança. E ela se tornou gerente, com uma equipe de 36 funcionários.
Em 2007, Karen virou consultora. Dois anos depois, passou a ser gerente de seção, coordenando uma equipe de 150 pessoas, lotadas em seis unidades de Brasília. ;Sou responsável pela produtividade da loja. Se há problemas, desenvolvo ações para alavancar os resultados;, explicou.
O próximo objetivo pessoal de Karen é fazer pós-graduação na área de gestão para abocanhar uma vaga de gerente regional, o que, no caso do Centro-Oeste, envolve a coordenação de 44 lojas. Há 18 anos na empresa, as queixas de Karen estão do outro lado do mercado de trabalho. ;Olhando pelo lado de quem contrata, há dificuldades. Falta qualificação. Há muitas pessoas disponíveis, mas poucas com experiência, mesmo no cargo de vendedor;, contou.
Há os que preferem esperar momentos melhores para buscar emprego. O estudante de administração Ananias Matias de Carvalho Júnior, 23, chegou a estagiar em um órgão público, mas não busca outra colocação por ora. Quando se decidir, já sabe por onde começar: ;A pessoa precisa ter contatos. Se não tiver, desiste;, observou. Ananias trancou a matrícula na faculdade ;por preguiça;. Mas pretende voltar à sala de aula.
A diarista baiana Nilai Jesus Sousa, 20, conhece bem as dificuldades impostas pela escassez de relações. Em Brasília há 20 dias, ela ainda não conseguiu nada. ;Já distribuí vários currículos. Mas as famílias pedem referência. Sem isso, está dificil. Como sou de outro estado, fica ainda mais complicado;, desabafou.