Riscos de confrontos entre agentes de segurança pública e manifestantes, brigas entre torcedores no interior dos estádios ou qualquer outra ameaça em espaços com grande concentração de pessoas ; que existirão aos montes durante a Copa do Mundo ; não são preocupação apenas de gestores de logística e de segurança. Profissionais de saúde estarão engajados para garantir bem-estar e conforto a brasileiros e estrangeiros e vão agir de forma preventiva. Além do cuidado pré e intra-hospitalar, essas pessoas têm a responsabilidade de evitar a propagação de epidemias. Conheça dois gestores fundamentais para o Brasil e para o Distrito Federal.
Apoio garantido no DF
A enfermeira Fernanda Carneiro, 37 anos, é peça-chave para a estrutura de segurança preparada para a Copa do Mundo no Distrito Federal. Coordenadora do Núcleo de Enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-DF) e integrante do Comitê Executivo para a Copa do Mundo da Secretaria de Saúde do DF, ela está com a atenção voltada para o planejamento estratégico e operacional para o grande evento esportivo há dois anos. Entre 12 de junho e 13 de julho, Fernanda não vai ter folga. De segunda a segunda, vai trabalhar, pelo menos, 12 horas por dia. Dependendo da necessidade, a jornada diária poderá ultrapassar 18 horas. ;Tenho que ficar de prontidão 24 horas por dia. Vou acompanhar tudo in loco, onde for necessário;, conta.
A brasiliense é filha de uma técnica em enfermagem e atua na Secretaria de Saúde há 17 anos. Fernanda acredita que comprometimento, capacidade técnica, reciclagem profissional constante, cumplicidade com a equipe, capacitação emocional e psicológica são fundamentais para gerenciar a equipe de 589 profissionais. Na contagem regressiva para o início do Mundial, a profissional de saúde está confiante. ;Não estou nervosa e sei que tudo vai dar certo, porque estamos planejando isso há muito tempo. O sucesso vai depender do conjunto e não apenas da chefia. Todos os 800 servidores do Samu passaram por capacitação para atendimento em desastres com múltiplas vítimas, e fizemos várias simulações;, lembra.
Fernanda garante que as atividades do Samu voltadas para a Copa não vão prejudicar o atendimento às ocorrências rotineiras. ;O que temos para a Copa é um incremento da estrutura normal. Não houve contratação de efetivo extra, então todos os servidores do Samu vão fazer hora extra;, afirma. O Samu tem 38 viaturas para atendimento comum à população. Além dessas unidades, são reservados para a Copa 10 viaturas, oito motolâncias, um Posto Móvel de Regulação (PMR), dois Postos Médicos Avançados (PMA), quatro veículos de apoio e logística e seis equipes para composição dos Centros Integrados de Comando e Controle.
Atendimento a brasileiros e turistas
Seleções dos cinco continentes ; se ignorarmos que a Austrália joga como equipe asiática ; estarão no Brasil nos próximos meses. Com os jogadores, vem a torcida. Como as cidades estarão cheias durante a Copa, não só de brasileiros como também de estrangeiros, pensar em planos para garantir que todos venham e voltem saudáveis do país é a missão de Wanderson Kleber de Oliveira, 41 anos, coordenador-geral de Eventos de Massa do Ministério da Saúde.
Wanderson é responsável pelos Centros Integrados de Operações Conjuntas em Saúde (Ciocs), que estarão nas 12 cidades sedes para monitorar a saúde pública. ;Já utilizamos os Ciocs em outros eventos, mas, certamente, a Copa do Mundo será o maior desafio, em razão da dimensão do torneio;, afirma. Para monitorar doenças e planejar atendimentos em casos de acidente, Wanderson coordenará diretamente 40 pessoas no Ciocs nacional, no Ministério da Saúde.
O problema de tamanha responsabilidade é que Wanderson, cruzeirense e fã de futebol, dificilmente assistirá aos jogos no estádio. ;A escala está bem complicada, vamos ver só pela televisão e quando pudermos;, lamenta. A rotina para a Copa do Mundo será agitada: o coordenador dos Ciocs estima trabalhar de 15 a 16 horas por dia. ;Ainda tento correr um pouco antes de ir ao trabalho, mas não sei se conseguirei todos os dias;, conta. Porém, para Wanderson, participar do torneio máximo do futebol faz a correria valer a pena. ;Quero muito ver o Brasil ganhar da Argentina diante do Maracanã lotado;, aposta.