Felipe Burato e Gabriel Perez, da Marti Discos; e Paulo Rodrigo, que herdou do pai a loja de vinil: jovens apostam no mercado de raridades e na autenticidade do som |
No Brasil, a produção de discos de vinil chegou a paralisar por alguns anos. Com o aumento das vendas, mesmo em tempos em que o formato digital predomina, os LPs mostram ao mercado que o seu valor vai além da nostalgia da era de ouro do bolachão. Por meio da cultura, o velho modelo reafirma seu lugar nas prateleiras das lojas conquistando antigos e novos clientes. O segmento atraiu a atenção dos jovens empresários Gabriel Pérez, 24 anos, e Felipe Burato, 32 anos.
Quando Felipe estava em São Paulo, em uma feira de discos, percebeu que muitos vinis vasculhados ali não se encontrava em Brasília. Assim surgiu a ideia de revender o formato na capital. ;Começamos sentindo o mercado mesmo, testando o negócio e descobrindo a real demanda dos brasilienses;, conta. A Marti Discos começou há dois anos expondo seus produtos em feiras. Com o passar dos meses, os empreendedores decidiram abrir o site da marca para comercializar os vinis. Há pouco menos de seis meses, inauguraram a loja que imaginaram abrir um dia.
Depois de fazer alguns cursos no Sebrae e ter a consultoria da instituição, Felipe e Gabriel perceberam que montar a loja seria possível mais rápido do que o previsto. ;Primeiro, analisamos quanto era necessário para abrir a empresa. Acho que a maior dificuldade era traçar um plano de negócios. A consultoria foi indicando os caminhos;, lembra Burato.
Experiência
A Musical Center tem 25 anos de mercado. A loja tem acervo invejável, além de ser uma referência na cidade. Paulo Moreira cresceu cercado dos discos de vinil. Hoje, ele e a irmã administram o comércio iniciado com o pai. Do contrário o que pensa a maioria, o ápice de mercadorias e vendas da casa foi no período em que pararam de produzir os discos em detrimento do CD. ;O mercado de raridades nunca chegou a sair de moda e agora está em alta. O vinil é mais uma arte, apreciação da música;, reflete Paulo.
Hoje, uma canção pode ser executada em qualquer aparelho de som de modo prático. A tecnologia digital facilitou a vida das pessoas para ouvir música. Contudo, os admiradores do vinil buscam escutar a autenticidade de cada instrumento em sua essência. Os graves, médios e agudos são detalhados no bolachão, algo que as mídias digitais descartam em sua edição. Além da qualidade superior, o trabalho gráfico mais artístico das capas é outro fator que atrai o consumidor. Para de destacar no mercado, Paulo Moreira dá uma dica aos novo empresários do ramo: ;Pesquise muito, porque existe milhares de opções de vinil. O olhar para garimpar o melhor som é essencial.;
; PALAVRA DO ESPECIALISTA
Manoel Jorge Dias, dono do Casarão do Vinil, maior acervo de discos da América Latina: 1 milhão de exemplares.