Trabalho e Formacao

Sabonetes da capital

Casal mantém marca de produtos de higiene há oito anos e conquista clientes com visual e aromas únicos

Ana Paula Lisboa
postado em 17/11/2014 10:04
Casal mantém marca de produtos de higiene há oito anos e conquista clientes com visual e aromas únicos

Os formatos diferentes e as cores chamativas não deixam claro, à primeira vista, de que se trata de sabonetes. Alguns poderiam facilmente ser confundidos com objetos decorativos ou até com alimentos. A mistura de cheiros agradáveis, porém, é inconfundível. Mexer com o olfato e a visão é a receita de Simone Cazenave, 46 anos, e Francisco Costa, 69, para atrair a clientela para os produtos artesanais da Banhos e Aromas, empresa que está no mercado há 8 anos. Os sabonetes, aromatizadores, espumas e sais de banho da marca são comercializados num quiosque no Pátio Brasil, na Feira da Lua e em diversas feiras de artesanato pelo Brasil, para onde Francisco leva os produtos.
;Se eu ganhasse R$ 1 por cada pessoa que vem cheirar e olhar os produtos, eu seria a mais rica do mundo. A aparência e o perfume atraem muito;, revela Simone. ;Num sabonete azul, coloco uma estrela do mar. No de maracujá, uso sementes de maracujá desidratadas ; o que deixa clientes com água na boca. No de capim- santo, coloco raspagem verde. No de orquídea, há flores dentro;, exemplifica a empresária. ;As pessoas se encantam pelo cheiro e pela beleza dos produtos. Os últimos dois ingredientes para ganhar os fregueses são o atendimento diferenciado e o preço acessível;, completa Francisco, natural de Cachoeiro de Itapemirim (ES).
;Tratamos cada cliente como se fosse o primeiro e único. Na maioria das lojas, o atendimento é muito ruim, por isso, quando é bem-tratada, a pessoa até fica surpresa.; O proprietário revela por que valoriza tanto o consumidor. ;Costuma-se dizer que a propaganda é a alma do negócio, mas, na verdade, o cliente é que é.; Não é à toa que a marca conta com muitas clientes fiéis, que levam listas de presentes para épocas como o Natal e que fazem questão de comprar com eles.
Apesar de fazerem muita coisa juntos, Simone e Francisco têm uma divisão das funções: ela é responsável pela produção dos produtos na fábrica e pela comercialização no shopping, enquanto ele viaja o Brasil divulgando a marca em feiras. Na Feira da Lua, os dois trabalham juntos. ;Ele é o garoto propaganda da marca, e os clientes o chamam de seu Cheiroso por causa do perfume dos sabões;, conta Simone. Apesar de não investirem em publicidade, o boca a boca traz resultados. ;As pessoas conhecem a marca por causa de amigos e conhecidos e nos procuram. É a melhor divulgação.;

Artesanato sério

;Concorremos com grandes empresas. O cliente topa pagar R$ 18 em um sabonete feito por máquina de uma grande marca e acha que o nosso a R$ 7 é caro por ser artesanato;, reclama Francisco. Para o casal de empresários, a grande dificuldade está em fazer os clientes olharem para o artesanato com mais seriedade. ;As pessoas acham que o industrial e padronizado é de qualidade superior, mas, exatamente por ser feito em larga escala, leva mais produtos químicos. Nossos produtos não são feitos em fundo de quintal. Trabalhamos numa fábrica em Águas Claras com quatro funcionários e temos registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);, afirma Simone.
A marca preenche manualmente 5 mil fôrmas na hora de produzir. Simone testa e cria diferentes fragrâncias e conta com a opinião de funcionários e amigos na hora de lançar uma nova essência de sabonete. A busca por atualização é constante por meio de visitas a fábricas, até de outros países. O carro chefe da Banhos e Aromas é o sabonete de leite de cabra, muito procurado por deixar a pele mais macia e sedosa. Capim santo e aveia com mel também estão entre os mais vendidos. A linha de aromatizadores de ambiente conta 18 fragrâncias e tem feito sucesso entre donos de escritórios.
Aprendizado

Francisco e Simone eram professores universitários, respectivamente de marketing e de comércio exterior, quando largaram tudo abrirem o próprio negócio. ;Eu não entendia nada de sabonete. Nunca imaginei que trabalharia com isso, mas a minha irmã é dona da Feira da Lua e me apresentou uma artesã do ramo e fizemos uma sociedade com ela;, lembra Simone. O casal e a artesã montaram um quiosque no Liberty Mall, uma loja em Arraial da Ajuda, além da fábrica. Depois que a artesã não quis mais trabalhar com aquilo, o casal comprou a parte dela.
Com a experiência de Francisco em empreender ; ele já teve uma fábrica de pizzas, uma indústria de reparo naval e uma imobiliária ;, o negócio cresceu em alta velocidade e, em quatro meses, abriu sete unidades em Brasília e em Goiânia. O avanço pouco planejado, porém, teve de ser contido. ;A empresa se desenvolveu rápido demais e sem rumo, mas era como fazer uma casa alta sem alicerce. Antes que tudo fosse para o chão, nós fechamos os negócios para nos reorganizarmos;, lembra Francisco. ;Financeiramente, valia mais a pena antes. Nossa renda caiu, mas aprendemos que não adianta fazer muita coisa e deixar a qualidade diminuir;, acrescenta Simone. Agora, a dupla está se reorganizando para lançar um novo modelo de franquias a partir de fevereiro de 2015.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação