Trabalho e Formacao

Jovens chefes

Em todo o mundo, profissionais da geração Y reconhecem a importância de conquistar um cargo de liderança. Começar cedo demais pode colocar em xeque a carreira do profissional, mas investir na formação e pedir orientação de colegas ajuda a driblar a inexperiência

postado em 08/12/2014 10:59

Tchella assumiu uma posição de chefia pela primeira vez aos 21 (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
Tchella assumiu uma posição de chefia pela primeira vez aos 21


A administradora Tchella Leal, 26 anos, ocupou uma posição de chefia pela primeira vez aos 21, num laboratório. ;Assumi o cargo de supervisora de uma unidade de pequeno porte depois de passar por um processo seletivo. Entrei na empresa pelo setor de atendimento e passei por outras áreas, como a de contabilidade, antes de assumir essa função;, conta. Quase oito anos depois da admissão, Tchella é supervisora de duas unidades do laboratório na cidade e coordena 30 pessoas. A pouca idade rendeu situações inusitadas. ;Uma vez um cliente quis falar com a chefia devido a um mal-entendido. Ele falou comigo por um tempo, depois pediu para falar com minha supervisora. Tive de explicar que, apesar de jovem, eu era a responsável pela unidade. Mas essas situações são resolvidas quando a pessoa percebe que você tem segurança e sabe do que está falando.; Quanto ao relacionamento com colegas e subordinados, a dica é ter humildade. ;Tratar todas as pessoas de mesma maneira gera respeito na equipe e evita conflitos;, afirma.

Alcançar uma posição de liderança ou gerência, como fez Tchella, está entre os objetivos de 71% dos jovens brasileiros de 18 a 30 anos. O número é maior que a média mundial, de 69% (veja quadro). A pesquisa foi realizada com 16 mil jovens profissionais de 43 países, incluindo o Brasil. O cenário muda quando são analisadas as motivações. Na média internacional, os fatores considerados mais atraentes são salário, influência e oportunidade de ter um papel estratégico. Entre os brasileiros, figuram as chances de trabalhar em desafios estratégicos, influência na empresa ou organização e trabalho desafiador. O dinheiro só aparece em sexto lugar entre as motivações, com 24% da preferência. O levantamento publicado em novembro foi feito pela Universum, empresa de employer branding (tipo de consultoria responsável por tornar a imagem de uma empresa mais atrativa para novos funcionários), em parceria com a escola de negócios InseadEmerging Markets Institute (EMI) e a Head Foundation.

;É importante lembrar que a liderança tem conotações diferentes ao redor do mundo. Em alguns lugares, como no Oriente Médio, tornar-se gerente significa ganhar muito mais dinheiro, talvez ter acesso a um carro da empresa ou até a um motorista, o que aumenta a percepção de status. Em outros locais, como a Suécia, várias dessas vantagens foram suprimidas gradualmente, e os cargos de liderança não são mais procurados por motivos como dinheiro e prestígio;, comenta Jacob Andelius, consultor sênior da Universum. ;O fato de os millennials (jovens da chamada geração Y, nascidos entre 1984 e 1996) da América Latina apontarem o salário como fator relativamente menos importante nos leva a acreditar que eles têm motivações intrínsecas mais fortes que aquelas de jovens de outras regiões, especialmente quando notamos que valorizam a influência. Nossa experiência mostra que jovens com forte motivação intrínseca podem ser empregados bastante dedicados;, aponta.

Preparação

Para o master coach Edmar Nogueira da Rocha, chegar a um cargo de chefia muito cedo pode ser prejudicial. ;Ser chefe exige muita responsabilidade, e uma atitude errada pode prejudicar tanto o empregado quanto a própria carreira do líder;, afirma. Na opinião de Rocha, caso a pessoa não se sinta confiante para assumir o cargo, deve ser sincera com o gestor. ;O profissional deve falar que não se sente totalmente preparado e que vai precisar de ajuda no início. Assim, se o funcionário não der conta do recado, o chefe que o promoveu terá consciência sobre como ele se sentia;, diz. Investir em formação pode ajudar a evitar esses problemas. ;Pedir auxílio de pessoas mais experientes e procurar cursos no mercado são medidas que podem ajudar a contornar a inexperiência, mas liderança também requer vivência;, opina.
A diretora de RH da GTO Recursos Humanos Thaís Mendes destaca que conflitos de geração podem surgir em situações em que subordinados são mais velhos ou da mesma idade que o chefe. ;É preciso respeitar as pessoas que têm mais experiência porque eles sempre têm algo a ensinar. Colocar-se em posição de parceira evita conflitos;, diz. A própria gestora tem vivência no assunto: aos 30 anos, ela lidera o setor de RH da empresa desde os 24. ;Quando os colegas conhecem sua história profissional e tudo que você fez para chegar onde está, os subordinados mais velhos ou da mesma idade passam a ter mais consideração pela sua autoridade.;

Líder de jovens

A rotina de Arthur Fioravante Chiba, 23 anos, é como a de qualquer alto executivo: o jovem é o presidente nacional da Aiesec, organização sem fins lucrativos presente em mais de 120 países, com 77 escritórios e mais de 2 mil voluntários no Brasil. Ele se junta a líderes de países como Portugal, Gana e China para representar o Brasil em eventos realizados nos quatro cantos do mundo ; tudo isso enfrentando o último semestre do curso de relações internacionais na Universidade de São Paulo (USP). ;Eu tenho 23 anos, mas, às vezes, parece que tenho 35;, brinca. Arthur trabalha diretamente com 23 pessoas no escritório em São Paulo. O jovem entrou na organização há pouco mais de quatro anos, onde começou como membro da recepção de intercâmbios e passou por diversas funções, tanto no Brasil quanto na Finlândia, enquanto fazia um intercâmbio acadêmico. Arthur acredita que trabalhar em uma organização totalmente gerida por jovens é positivo. ;É muito mais fácil conseguir engajar outros usando a liderança pelo exemplo e pela linguagem similar. Outro ponto é a questão de empatia, de entender as motivações e as dificuldades que jovens sentem no dia a dia.;

Cursos sobre liderança em Brasília

Seminário de Liderança Coaching Psicopositiva

Com duração de 20h, as aulas são dirigidas a empresários, professores e outros profissionais que desejem desenvolver habilidade de liderança. Ao fim do treinamento, os alunos receberão certificado de conclusão de Instituto Brasileiro de Motivação e Desenvolvimento de Pessoal (IBMDP) e do Instituto Nacional de Treinamento Comportamental (INTC). O seminário será ministrado pelos master coaches Edmar Nogueira da Rocha e Erenita da Silva Sousa Mendonça.

Data: 12 e 13 de dezembro, das 8h às 20h

Valor: R$ 1,2 mil

Informações: (61) 3323-5324

Gestão e liderança

Curso com duração de 16h/aula oferecido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) de Brasília. Entre os temas abordados, estão competências de gestão; planejamento e organização; conceito de visão e práticas de liderança. Não há pré-requisitos para inscrição. Matrículas abertas.

Data: 2 e 3 de fevereiro de 2015, das 8h30 às 16h50

Valor: R$ 790 à vista; duas parcelas de R$ 400 ou três vezes de R$ 270

Informações: (61) 3799-8090


Em todo o mundo, profissionais da geração Y reconhecem a importância de conquistar um cargo de liderança. Começar cedo demais pode colocar em xeque a carreira do profissional, mas investir na formação e pedir orientação de colegas ajuda a driblar a inexperiência


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