;Há muitas empresas brasileiras investindo nos Estados Unidos que acabam tendo sua competitividade prejudicada pela bitributação. Elas acabam recolhendo impostos lá e, depois, também no Brasil;, disse o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Eduardo Abijaodi, hoje (15), em Brasília, durante reunião plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (Cebeu).
Apesar do interesse empresarial e dos acenos dos governos dos dois países no sentido de diminuir a bitributação, Abijaodi considera que a questão não é tão simples de ser resolvida, porque os governos não querem perder receita. ;Livre comércio é ainda complicado, mas ninguém desistiu disso. Enquanto não acontece, podemos estreitar as relações por meio de acordos setoriais;, completou.
Segundo Abijaodi, a eliminação de vistos de negócios está bem próxima de se concretizar. ;Os vistos para homens de negócios estão mais adiantados, com bom andamento por parte do governo brasileiro. Mas precisamos ainda nos adaptar à questão da reciprocidade, de forma a assimilar o que já é feito pelos Estados Unidos, que têm mais estrutura. Isso exige, do Brasil, aparelhamento e adaptação da nossa forma de imigração;.
Para o presidente da seção brasileira do Cebeu, Frederico Curado, essa aproximação de interesses entre os dois países não impede outros acordos do Brasil. ;O potencial econômico envolvendo Brasil e Estados Unidos ainda é significantemente inexplorado. O Brasil não precisa deixar o Mercosul para estabelecer acordo de livre comércio real com os Estados Unidos. Queremos permanecer para sempre no Mercosul;, explicou.
O presidente da seção norte-americana do conselho, Greg Page, diz que as questões envolvendo facilidades para a obtenção de vistos envolve ;medidas complicadas, mas factíveis;. Segundo ele, investimentos de US$ 40 milhões do governo do seu país para o fornecimento de vistos a brasileiros já estão eliminando as filas para obtenção do documento em São Paulo. ;Há alguns anos, ninguém nos dois países achava que se poderia avançar nesse ponto;, disse.
Segundo o presidente da seção brasileira do Fórum de Altos Executivos Brasil-Estados Unidos, Josué Gomes da Silva, há um ;boom de investimentos privados; envolvendo os dois países. ;Talvez estejamos vivendo o melhor momento histórico na relação bilateral. Poderíamos estar melhores se não estivéssemos vivenciando essa crise internacional. O importante é que somos muito mais parceiros do que concorrentes - inclusive para abastecer, com alimentos e de forma complementar, o mundo;, disse.
Secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Prazeres disse que o diálogo com o setor privado ;é o único caminho para se ampliar o potencial da relação comercial entre os dois países;. Ela se disse otimista com a ampliação de bolsistas brasileiros naquele país. ;Até o ano passado, apenas 5 mil bolsistas estavam fora do Brasil. Nos próximos quatro anos, 100 mil estudantes brasileiros terão vivência nos Estados Unidos;.