Em junho, o Brasil assinou acordo com o governo chinês para beneficiar até 5 mil estudantes brasileiros por meio do Programa Ciência sem Fronteiras. De acordo com o presidente da Capes, Jorge Guimarães, o primeiro edital, que irá disponibilizar mil vagas em cursos de pós-graduação, está em fase de finalização. ;Estamos vendo os últimos detalhes para lançar o edital. Teremos a possibilidade também de receber estudantes chineses;, declarou, sem esclarecer o período para o início da oferta das vagas.
O ministro destacou que o programa tem como objetivo reduzir as carências tecnológicas do Brasil. ;A orientação é que o programa sirva para diminuir o gap [lacuna] na área tecnológica, diminuindo nossa deficiência nessas áreas [ciências da natureza, engenharia e medicina] que são o maior desafio em termos de desenvolvimento científico e tecnológico de uma nação.; A meta do Ciência sem Fronteiras é levar 101 mil alunos para o exterior até 2014, segundo site do programa.
Na avaliação de Mercadante, preencher o total de vagas disponíveis será um desafio, tendo em vista que não existe tradição, por parte dos estudantes brasileiros, de concorrer a vagas nos países de cultura oriental. ;É uma meta ambiciosa, mas temos convicção de que esse interesse vai crescer. Será um importante estímulo ao estudo do mandarim, assim como ao do português. É uma forma de aprofundar essa relação;, declarou. Ele informou que, atualmente, a procura de vagas para o programa está concentrada nos Estados Unidos, na Inglaterra, Alemanha, França e Itália.
Mercadante destacou que o acordo de cooperação na área tecnológica entre os dois países já desenvolve projetos importantes, como a criação de centros de nanotecnologia e na área espacial. ;Estamos construindo satélites que vão permitir, por exemplo, ampliar o monitoramento ambiental da Amazônia. Temos engenheiros do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] trabalhando direto lá na China;, destacou.
Para o ministro, os avanços tecnológicos surgidos na China nas últimas décadas apontam para a contribuição que o país pode dar para que o Brasil atinja os objetivos traçados pelo Ciência sem Fronteiras. ;A China impressiona o mundo pela capacidade de avanços na área tecnológica que têm levado, por exemplo, à redução dos custos da produção no país. Além disso, é o país que mais tem aumentado o número de publicações em revistas acadêmicas;, elogiou.
O ministro de Educação da China, Yuan Guiren, ressaltou a importância da parceria para estreitar os laços de amizade entre as nações. ;Os dois países têm muitos setores de interesse comum e muito potencial para cooperação. O governo brasileiro tem feito muitos esforços de desenvolvimento no campo da educação e nos interessa, especialmente, os esforços para trocas acadêmicas;, declarou, por meio de mensagem lida pela secretária executiva do China Scholarship Council, órgão chinês similar à Capes que responde pela parceria.
Depois da abertura do seminário, em entrevista à imprensa, Mercadante defendeu novamente a destinação de 100% dos royalties do petróleo da camada pré-sal para a educação. ;Agora, vamos lutar no Senado para isso. Para cumprir as metas do PNE [Plano Nacional de Educação], que prevê 10% do PIB [Produto Interno Bruto] para a educação, é preciso uma nova receita e é certo que não vamos conseguir criar um novo imposto;, argumentou. Ele acredita que existe um ambiente favorável para aprovação da proposta.