Bagagem pronta, inglês na ponta da língua, muito para aprender, mas também muito para ensinar. A brasiliense Yasmin Araújo, 16 anos, é a única representante do Distrito Federal no programa Jovens Embaixadores de 2013 (veja Para saber mais). Neste ano, são 36 selecionados com a chance de conquistar a América. Em solo estrangeiro, Yasmin pretende representar a cidade destacando a modernidade como ponto forte da capital. ;Essa característica reflete-se na personalidade do brasiliense e é isso que os americanos precisam conhecer sobre nós;, acredita a estudante.
A viagem está marcada para amanhã, dia 11. Antes disso, os selecionados vieram a Brasília para um treinamento intensivo sobre o Brasil. Ontem (9), foram recebidos no Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) e, hoje, a embaixada norte-americana abre as portas para 600 brasileiros que devem embarcar para os Estados Unidos em intercâmbios culturais e educacionais. Entre eles, os jovens embaixadores.
Durante as três semanas de viagem, eles vão morar com famílias hospedeiras e visitarão também a cidade de Washington. Na mala, Yasmin empacotou algumas peças de artesanato e fotos da arquitetura brasiliense. A jovem estuda no Centro de Ensino Médio Escola Industrial de Taguatinga (Cemeit) e sempre sonhou em conhecer os Estados Unidos. Ela vê na oportunidade uma chance de ampliar os horizontes. ;Não é porque estudo em escola pública que não tenho capacidade de chegar longe;, argumenta.
Os 37 jovens foram selecionados entre 16.500 inscritos em todo o Brasil; 716 eram do DF. Para participar, tiveram de provar bom desempenho na escola, nível satisfatório de inglês e engajamento em atividades voluntárias e projetos sociais. ;São líderes agora e serão os líderes do futuro;, prevê um dos coordenadores do programa, Jeffrey Lodermeier. ;Estamos plantando uma semente, construindo uma ponte;, acrescenta o diretor do Espaço Educacional Educare, organização não governamental parceira no programa.
Visão de mundo
Derrubar os preconceitos e estereótipos brasileiros é a meta de Fábio Araújo, 18 anos. Morador de Vilhena, no interior de Rondônia, o estudante sabe o que é isso. ;Nem os brasileiros conhecem Rondônia. Acham que lá só existe selva, macaco, rio e índio. Lá fora, o problema é ainda maior;, aposta ele. De acordo com Fábio, o jovem brasileiro deve se responsabilizar pela imagem que imprime no exterior. ;Se queremos parecer modernos, precisamos ser modernos, mas valorizando nossas tradições. Estou levando experiências que traduzem isso.;
A paulistana Juliana Campos, 25, é veterana no Jovens Embaixadores. Trabalhando atualmente em Brasília, ela aproveitou para aconselhar os calouros sobre o intercâmbio. Diz que, quando viajou, os americanos sabiam muito pouco sobre o Brasil e lhe perguntavam se os brasileiros viviam em árvores, se tinham computadores em casa ou se falavam espanhol. ;Isso não existe mais. Os Estados Unidos mudaram porque o Brasil mudou. O país que eles vão encontrar é diferente do que eu encontrei quando viajei;, acredita ela. Para Juliana, o mais importante é chegar lá sem preconceitos. ;Não somos melhores nem piores que eles, só somos diferentes;, resume.
Depois de integrar a equipe em 2004, Juliana reconhece que a visão sobre o mundo mudou: ;É impressionante como amadurecemos em três semanas. Eu me senti no centro do mundo. Voltei com a autoestima renovada;. Formada no ensino médio em uma escola pública de São Paulo, a jovem superou as dificuldades e conseguiu ser aprovada no vestibular da Universidade de São Paulo (USP).
Para saber mais
Começou no Brasil
O programa é desenvolvido pela Embaixada dos Estados Unidos desde 2002. Com projeto pioneiro no Brasil, atualmente atende outros países da América Latina. Para participar, o jovem precisa cursar o ensino médio em uma escola pública, desenvolver algum trabalho social, ser fluente em inglês e nunca ter viajado para os Estados Unidos. Desde a primeira edição, 294 brasileiros embarcaram para o intercâmbio educacional e cultural. O programa ainda prevê visitas à Casa Branca. Mais informações em .