Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Estudantes que concorreram a bolsas para a Espanha reclamam da seleção

Grupo no Facebook reúne 113 candidatos do Ciência sem Fronteiras que não obtiveram o nível de proficiência exigido no edital e querem ter a chance de fazer um curso, como ocorre em outras chamadas

, não foi exigida proficiência na língua espanhola. ;Desde o começo, o edital está confuso para todos. O anterior não pedia proficiência no idioma, dada a proximidade com a língua portuguesa;, reclama Phelipe. ;As universidades espanholas não exigem proficiência mínima, como foi visto no último edital. Está faltando uma sintonia nessas decisões;, reforça Rodrigo Paiva, 25 anos, estudante de engenharia ambiental da Universidade de São Paulo (USP). Os candidatos enviaram e-mails a universidades da Espanha perguntando sobre o domínio necessário da língua para o ingresso e receberam resposta de pelo menos quatro que disseram não exigir um nível específico em espanhol, mas recomendam que o estudante tenha algum domínio para terem uma boa experiência no intercâmbio.

Além disso, a oportunidade oferecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para que estudantes que se candidataram na chamada pública das universidades de Portugal pudessem ter as inscrições transferidas (leia Saiba mais) para outros países revoltou os candidatos às vagas na Espanha, pois esses alunos terão direito a fazer um curso de proficiência com duração de até seis meses. ;Eles simplesmente tiveram a opção de mudar de país e vão ser pleiteados com um curso de aperfeiçoamento. Onde está a legitimidade disso?;, questiona Rodrigo.

O estudante Rafael Bispo, 20 anos, que cursa análise de sistemas no Instituto Federal da Bahia Rafael Bispo, também obteve o nível A2 no teste do Instituto Cervantes. Ele contesta a falta de informações por parte do CNPq. Em nota, o órgão informou que está seguindo o que determina o edital e não comentou a diferença com relação às chamadas públicas para outros países. ;As regras para seleção são definidas pelo edital, que é de conhecimento público, não sendo possível modificar com a seleção em andamento;, destacou a nota.

De acordo com Rafael, a central de informações do programa deu orientações diferentes aos alunos que entraram contato para esclarecer dúvidas. Às vezes, os atendentes diziam que haveria um curso complementar de proficiência na língua, em outras ocasiões, informavam que não existiria essa possibilidade, e alguns chegaram dizer que não tinham informações para passar ao estudante. ;É um processo obscuro, não tem transparência, não sabemos a concorrência nem a quantidade de inscritos. Fica difícil aceitar a justificativa deles;, afirma Rafael. ;Nós queríamos, pelo menos, a oportunidade de fazer o curso para alcançar a nota exigida;, completa.

Saiba mais
A Capes informou, em 4 de março, que 9.691 candidatos ao Ciência sem Fronteiras que pleitearam vagas para estudar em Portugal tiveram mais de 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, portanto, têm qualificação condizente com os critérios do programa. Devido ao alto número de alunos qualificados, a Capes decidiu encaminhar consulta àqueles considerados elegíveis para saber se têm interesse em transferir as inscrições para os Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália ou Irlanda.