postado em 05/01/2015 10:52
A máxima ;quando um não quer, dois não brigam; nem sempre é válida, mesmo no trabalho: basta uma brecha e surgem os desafetos. O relacionamento no ambiente corporativo é um dos pontos mais críticos para profissionais de todas as áreas. Apesar de desavenças serem contraprodutivas, não faltam histórias de chefes ou colegas que tentaram prejudicar ou influenciar negativamente a imagem de outras pessoas. Segundo especialistas, a forma com a qual os envolvidos lidam com o período após a briga pode ser determinante para a posição na empresa.Para driblar o clima ruim, a atendente da loja de conveniências BR Mania Regiane Neves, 28 anos, prefere levar na esportiva. Ela admite que já sofreu com intrigas por parte de colegas. ;O melhor é evitar atritos e tentar manter o cooperativismo com os colegas. Uma mão sempre lava a outra. Outras funcionárias já tentaram me prejudicar, mas, após uma confraternização interna, nos tornamos mais próximas e hoje somos amigas;, relata. Colega de Regiane, Luciléia Marques, 32, acredita que discussões podem ser benéficas, desde que não sejam acaloradas: é uma oportunidade para que os envolvidos exponham pontos de vista e conheçam a opinião dos colegas. ;Certo grau de conflito no trabalho é saudável e acaba agilizando a resolução de problemas. Eu nunca entro em um emprego com a ideia de fazer amigos. Naturalmente, fazer inimigos também não é o ideal. Para mim, a melhor saída está no respeito e na reciprocidade. Reclamar para um superior, só em último caso; muitas vezes não vale a pena;, reconhece.
Vou contar para o chefe
Será que recorrer ao gestor é uma boa ideia? Segundo Lúcia Helena Moura, analista de recursos humanos, a resposta é não. Casos de rivalidades só devem ser levados a superiores em situações extremas, onde há assédio moral, por exemplo. ;Por incrível que possa parecer, casos de desavenças no trabalho por picuinha são os mais fáceis de serem superados, já que, às vezes, o que falta é uma oportunidade de um colaborador conhecer o outro de forma mais próxima. Eventos promovidos pelas companhias costumam ser ideais para isso. Levar assuntos menores ao conhecimento da chefia é extremamente negativo para ambas as partes: acaba sendo um atestado de que, em vez de trabalharem, ambos estão perdendo tempo com fofoca e intriga;, diz.
A especialista ressalta que o profissionalismo deve ser mantido. ;Assim, pode haver um clima de segurança entre os colaboradores. Existem casos de funcionários que tomam atitudes que não seriam bem-vistas pela organização onde trabalham e, por ingenuidade,
acabam desabafando com um colega que pode vir a usar essa informação contra ele por vingança em algum momento. Nesse sentido, melhor do que ficar com o pé atrás é prezar pela reputação;, alerta.
Para o coach e autor do livro A reinvenção do profissional: tendências comportamentais do profissional do futuro (Editora Novo Século, 160 páginas, R$ 29,90), Alexandre Prates, a melhor saída para ocasiões conflituosas é demonstrar maturidade e inteligência emocional, já que mais grave que o atrito são as consequências geradas por ele. ;O erro ocorre no momento em que uma situação profissional é levada para o âmbito pessoal. Com ânimos exaltados, um problema de pouca importância pode se tornar muito mais difícil de ser contornado, já que pessoas alheias à discussão acabam tomando partido, complicando a situação;, diz
Dona encrenca
Segundo pesquisa de 2009 realizada pelo grupo Workplace Bullying Institute, as mulheres são mais propensas a criarem intrigas no ambiente de trabalho. O estudo realizado pelo grupo norte-americano pesquisou sinais de bullying em ambientes corporativos e concluiu que o sexo feminino está mais agressivo e competitivo que o masculino. Para Carolina Rezende, fundadora da escola de empreendedorismo feminino Mulher de Negócio, o sexo feminino é, de fato, competitivo. Porém, segundo a especialista, devido à empatia, mulheres tendem a manter postura colaborativa. ;Estamos todas no mesmo barco, não faria sentido simplesmente tentar puxar o tapete uma da outra. Tentar reconhecer os próprios erros, pedir desculpas e chegar a um acordo é a atitude esperada para sanar qualquer conflito;, diz.
O lado da empresa
Para o psicólogo Romiro Alves, criar um ambiente harmonioso também é responsabilidade da companhia. ;Quando a empresa toma conhecimento da má conduta profissional de alguns funcionários, mas não adota soluções para o problema, mesmo sabendo que isso pode prejudicar os bons resultados da equipe, isso demonstra falha de gestão;, diz. ;A empresa precisa criar um ambiente adequado para os colaboradores, eliminando ; em último caso ; pessoas com perfis contraprodutivos do quadro de funcionários, mas, antes, priorizando a reconciliação e o fator humano de cada colaborador.;
Escritório não é campo de batalha
Cinco passos para lidar com inimigos no trabalho:
1. Saiba que ter adversários é normal
2. Fortaleça a sua reputação
3. Entregue resultados
4. Seja firme e verdadeiro
5. Não se desespere
Fonte: Alexandre Prates